O que levou à extinção das preguiças-gigantes no Brasil

O Brasil é conhecido mundialmente por sua biodiversidade rica e única, destacando-se como o lar de inúmeras espécies, muitas exclusivas do território nacional. No entanto, há mais de 10 mil anos, a fauna brasileira era ainda mais impressionante, abrigando gigantes da chamada “megafauna”.Entre os animais dessa era, destacavam-se os gliptodontes (antepassados dos tatus), os mastodontes (ancestrais dos elefantes) e os toxodontes (que lembram os atuais rinocerontes). No entanto, um dos membros mais fascinantes desse grupo era a preguiça-gigante, um mamífero terrestre que podia atingir proporções incríveis.O gigante entre as preguiçasEnquanto as preguiças modernas, comuns em florestas tropicais do Brasil, são conhecidas por seu porte pequeno e comportamento lento, a espécie Eremotherium laurillardi, que habitou o território brasileiro, tinha características opostas. Esses gigantes podiam pesar até 5 toneladas, medir 5 metros de altura e, ao contrário das preguiças de hoje, eram terrestres.Além do tamanho impressionante, elas possuíam uma cauda longa, eram extremamente peludas e viviam em manadas. Com uma dieta herbívora, cada indivíduo poderia consumir cerca de 300 kg de vegetais diariamente. Outro aspecto marcante era a capacidade de escavação dessas preguiças. Com garras poderosas, conseguiam cavar até mesmo rochas, criando cavernas e tocas subterrâneas, conhecidas como paleotocas. A maior paleotoca já descoberta no Brasil, localizada em Porto Velho (RO), tem mais de 600 metros de extensão.Por que elas desapareceram?As preguiças-gigantes, assim como outros membros da megafauna, desapareceram durante a Era do Gelo, há cerca de 10 mil anos. De acordo com a bióloga e paleontóloga Ednair Rodrigues do Nascimento, a principal razão foi a incapacidade desses animais de se adaptarem às mudanças climáticas extremas desse período.CONTEÚDOS RELACIONADOS:Cientistas ‘ressuscitam’ dinossauro egípcio carnívoroUrubu se defende vomitando ácido e “limpa” penas com fezes”Se imaginarmos um aquecimento global prolongado por milhares de anos, como aconteceu durante a Era Glacial, várias espécies não conseguiriam sobreviver. Foi isso que ocorreu com a megafauna”, explica a especialista.Quer mais notícias do Pará? Acesse nosso canal no WhatsAppOutro fator determinante foi a dieta específica desses animais, que os tornava dependentes de um tipo restrito de vegetação. Além disso, sua baixa taxa de reprodução os tornou ainda mais vulneráveis. “Espécies gigantes têm ciclos reprodutivos longos. Um elefante, por exemplo, demora quase dois anos para gestar e 18 anos para atingir a maturidade sexual. Isso também se aplicava às preguiças-gigantes”, conclui Ednair.Um legado escondido no subsoloEmbora extintas, as preguiças-gigantes deixaram um legado que ainda hoje desperta a curiosidade de cientistas e exploradores. Suas paleotocas e fósseis espalhados pelo território brasileiro continuam a contar a história desses gigantes que um dia vagaram pelas terras que hoje chamamos de Brasil.
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