Sob alerta, RN pode registrar epidemia de dengue nos próximos dias

Por Fernando Azevêdo

O Rio Grande do Norte está em estado de alerta para a dengue e outras arboviroses, nesta terça-feira (21), aproximando-se de uma epidemia. Segundo Diana Rêgo, coordenadora de vigilância em saúde da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap/RN), profissionais irão levantar dados até o final desta semana e podem identificar um estado de epidemia.

A gente vai ter uma nova avaliação do cenário com os dados, e aí pode ser que aconteça alguma mudança”, conta Diana. Para mitigar esse cenário e combater as arboviroses, o RN foi o primeiro estado brasileiro a instalar o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) neste ano, que ocorreu na última quinta-feira (16). Além disso, o estado recebeu 40 mil doses do imunizante QDenga. Ainda assim, o cenário preocupa autoridades de saúde.

Segundo dados da Sesap/RN, houve um aumento de 193,70% de casos entre 2023 (2.430) e 2024 (7.137). Já o número de casos prováveis – pessoas com sintomas, mas que não necessariamente estavam infectadas com a arbovirose – cresceu 154,67% nesse intervalo – de 12.048 para 30.683. Os dois anos registraram três mortes, cada um. A reportagem não teve acesso a dados de 2025, pois, de acordo com a pasta, ainda não há informações fidedignas.

Diana Rêgo diz que há uma suspeita de morte por dengue já em 2025. “Estamos em sinal de alerta, principalmente, pelo número de casos prováveis para dengue aqui e pelo óbito suspeito, [mas] ainda não temos óbito confirmado”, informa. A Sesap/RN, segundo ela, pretende espalhar as suas ações em todo o estado.

Porém, a troca de gestões municipais tem sido um desafio. Isso afeta a quantidade de notificações que os municípios fazem, e muitas equipes que já vinham trabalhando em parceria com a Sesap/RN foram alteradas. “Estamos com muita dificuldade em ter essas notificações de forma mais fidedigna. Há uma subnotificação e ainda uma demora dessas notificações nos sistemas”, diz a coordenadora.

Número de casos cresce e eleva expectativa para epidemia

Apesar de ainda não conseguir disponibilizar dados atualizados, a Sesap/RN acredita em um aumento tanto de casos de dengue quanto de outras arboviroses, como Zika e Chikungunya – as três têm como agente o Aedes Aegypti.

Se a gente tiver um alto índice de casos, que é o que está caminhando para acontecer, independente do óbito [ser confirmado], quando a gente vê a curva, dentro do diagrama de controle, a gente percebe que o nosso número de casos prováveis já está quase superior ao da linha endêmica”, explica Diana Rêgo.

Observando esse cenário, o Governo Estadual antecipou a instalação do COE. Geralmente, o centro só era montado por volta do final de fevereiro. O Ministério da Saúde já havia instalado o centro a nível nacional no dia 9 de janeiro. 

Diana afirma que a dengue não é um problema só de saúde pública: “A gente traz para a discussão a educação, a infraestrutura, o meio ambiente, a segurança, a atenção penitenciária e as instituições de ensino de pesquisa, para fazer uma discussão e levar a população a se sensibilizar dentro das suas casas”, frisa.

O RN tem 30 municípios prioritários no cenário epidêmico, os quais devem ser visitados pela Sesap/RN neste mês. Foram estes os critérios de seleção: alto índice de incidência de casos, concentração de mosquitos nos municípios, presença de óbitos em outras epidemias e fluxo de turismo. É importante, segundo Diana Rêgo, ter atenção à conscientização, pois “mais de 70% dos focos do mosquito da dengue estão dentro das casas e/ou ao redor delas”.

RN recebeu 40 mil doses de vacina 

Atualmente, a vacinação está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) apenas para o público de 10 a 14 anos. O esquema é completo com duas doses do imunizante. Ainda no início de 2025, o Ministério da Saúde enviou 40 mil doses para o Rio Grande do Norte.

Contudo, Diana pontua que há municípios que “não querem receber mais vacinas da QDdenga”. Ela diz que isso se deve a dificuldades como a faixa etária do público – “existe uma resistência dos adolescentes de buscar as salas de vacina e dos pais levarem esses adolescentes até as salas”.

Por outro lado, ela diz que a expectativa é ampliar a quantidade de municípios que receberão o imunizante. “A gente fez esse levantamento, e esta semana vamos seguir na distribuição das doses”, afirma.

Prevenção também deve ser feita em casa 

Quanto à prevenção das arboviroses, é importante eliminar os focos de mosquito, um trabalho que é tanto do poder público, por meio das equipes de saúde, quanto da população, que deve ficar atenta a medidas preventivas em casa. 

A prevenção contra a dengue e as outras arboviroses é a eliminação do foco do mosquito, e a eliminação do foco diz respeito ao cuidado com o armazenamento de plástico, pneus, lixo… Então, a gente [deve] ter o cuidado dentro das nossas casas, e as prefeituras terem esse cuidado com a limpeza urbana e a orientação nas escolas”, afirma Diana.

Além disso, conforme ela, o uso de repelentes é imprescindível para gestantes, pessoas idosas e crianças. “O Rio Grande do Norte, assim como o Nordeste como um todo, tem uma predominância de ter um aumento de casos nos próximos 30 dias”, reforça. 

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