Ligação de Luciano Santos com Walter Alves prejudicou atuação da Femurn, diz Babá

O novo presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), Babá Pereira, afirmou que sua eleição foi impulsionada pelo descontentamento dos prefeitos com a gestão anterior, liderada por Luciano Santos (MDB). Segundo Babá, a principal crítica ao ex-presidente foi a ausência de uma postura mais incisiva na cobrança de recursos aos municípios, motivada pela ligação de Luciano ao MDB, partido do vice-governador Walter Alves.

“O sentimento que a maioria dos prefeitos tinha era de que a Femurn não estava independente. Ela tinha dificuldade em cobrar, por exemplo, do governo do Estado os recursos que constantemente havia de atraso nos repasses constitucionais, como o ICMS, o Fundeb, a dívida ativa do IPVA, a dívida ativa do ICMS, a farmácia básica”, explicou Babá.

Ainda segundo ele, os prefeitos entendiam que Luciano Santos “não estava cobrando e estava meio que preso à questão do seu partido, o MDB, com ligação direta à governadora. Não tinha essa cobrança mais incisiva”.

A eleição de Babá foi acirrada. Ele obteve mais de 100 votos, superando o concorrente, o prefeito de Pedra Grande, Pedro Henrique, que ficou com pouco mais de 50. Babá destacou que sua vitória foi resultado de sua atuação na gestão anterior da Femurn, onde buscou manter a federação independente e ativa na defesa dos municípios.

“Fizemos um trabalho de independência, de cobrar os recursos dos municípios, sempre muito ativo. Essa foi nossa principal vantagem em relação ao nosso adversário, que ainda não tinha tido a oportunidade de ser presidente”, afirmou.

Babá pontuou que sua gestão terá como prioridade buscar maior diálogo com o governo do Estado para resolver atrasos em repasses fundamentais para os municípios. Ele citou casos como o Programa de Transporte Escolar (PETE-RN), o ICMS, a farmácia básica e a dívida ativa do IPVA.

“Por exemplo, o PETE-RN. Muitos municípios reclamam que transportam alunos do Estado e não recebem em dia. Extremoz tem milhares de reais para receber. Meu município, São Tomé, tem duas parcelas do ano passado em atraso. E a dívida ativa do IPVA, que nunca foi repassada, não é só desse governo, mas de gestões anteriores”, detalhou.

Ele também mencionou a farmácia básica como um problema crítico. “Hoje [terça-feira], o secretário Cadu me ligou para parabenizar pela eleição e informou que acreditaria o ICMS Fundeb da semana passada. Mas a farmácia básica continua em atraso.”

Babá afirmou que a independência da entidade será o ponto central de sua gestão. “Nós vamos buscar diálogo com o governo, mas a Femurn não será vinculada a nenhum partido ou governo. Nosso papel é garantir que os recursos cheguem aos municípios, nada além do que é direito deles.”

Sobre a polarização gerada pela disputa, Babá destacou que seu foco será unir os 167 municípios. “Eu ainda não falei com o prefeito Pedro Henrique, mas vou conversar. O objetivo principal é um só: defender os municípios do Rio Grande do Norte.”

Proximidade com Rogério, mas independência da Femurn garantida

O novo presidente da Femurn, Babá Pereira, reconheceu sua ligação política com o senador Rogério Marinho, mas negou que isso comprometa a independência da federação. Em entrevista a uma emissora de TV, Babá explicou que o apoio de Rogério Marinho foi apenas um fator em um cenário marcado pela intensa mobilização política de diversos atores.

“O senador Rogério e o senador Styvenson só entraram na disputa depois que o governo do Estado, o presidente da Assembleia, o vice-governador e o deputado João Maia intervieram. Inclusive, eles tiraram dois componentes da nossa chapa. Após essa entrada forte, tivemos que buscar apoio de Rogério e outros parlamentares”, justificou.

Embora ligado politicamente a Marinho, Babá disse que a independência de sua gestão será mantida. “Eu sempre fui ligado ao senador Rogério, mas, quando ele era ministro, ele ajudou muito os municípios através da federação, independentemente de partidos. Todos os municípios receberam benefícios, como equipamentos e asfaltamento, e isso foi uma parceria da federação com os ministérios, não minha, como prefeito, com Rogério”, afirmou.

Segundo Babá, essa postura é a que ele buscará replicar à frente da Femurn: dialogar com todas as lideranças políticas em benefício dos municípios. Ele reforçou que sua atuação não estará atrelada a nenhum partido ou governo, assegurando que a federação continuará atuando de forma independente.

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