“Só Deus sabe como queria ver minha filha”, diz mãe que perdeu bebê no HMI

A reportagem deste CORREIO conversou por telefone com a jovem mãe, Vitória Gabriele Assunção Dias, que perdeu a filha na mesa de parto do Hospital Materno Infantil (HMI) de Marabá nesta quarta-feira (15). Em meio a todo trauma que passou, o que mais a deixa revoltada é o fato de não ter nem visto a filha e sequer saber que o bebê já tinha morrido, enquanto ela era submetida a uma cesariana.

“Não me deram nem o prazer de olhar o rostinho dela, a cor dela. O tempo todo eu perguntava se ela estava bem e eles todos calados; não sabiam o que falar. Só Deus sabe como eu queria me levantar daquela maca da cirurgia e ir ver minha filha”, disse Vitória, por telefone.

Sentindo fortes dores nas costas e na barriga, ela procurou o HMI no sábado (11), onde foi atendida e mandada de volta para casa. Naquela altura o bebê já não se mexia mais. Depois disso ela voltou lá na terça-feira (14), mas foi orientada a retornar novamente para casa, mesmo apresentando secreção e sangramento.

Na quarta-feira (15) ela voltou pela terceira vez. Só então, após conferência dos batimentos do bebê, ela foi levada às pressas para a mesa de cirurgia, para que o bebê fosse retirado, já sem vida.

Por sua vez, a mãe de Vitória, Sandra de Assunção, entende que se ela tivesse recebido um atendimento mais cuidadoso logo na primeira vez em que procurou a maternidade, talvez sua netinha tivesse sobrevivido. Ela se chamaria Zaya Sofia.

NOTA DA PREFEITURA

A prefeitura confirmou, em nota, que a paciente procurou o HMI nos dias 11 e 14. Foi atendida, avaliada e liberada com orientações, pois foi constatado que tudo ocorria bem com a mãe e o bebê. Novamente retornou ao hospital, dia 15, às 7h, foi atendida e desta vez verificou-se que precisaria ser mantida em observação, sob supervisão médica, pois o exame de cardiotocografia, que avalia o bem-estar do bebê, mostrou sinais que necessitavam de atenção adicional.

“Após o período de observação, o resultado do exame permaneceu alterado, o que motivou o internamento da gestante. Após seu internamento, a senhora Gabriela (sic) foi submetida a cesárea de urgência, porém, foi detectado na cirurgia, que a placenta havia descolado do útero, o que ocasionou o óbito do seu bebê”.

A prefeitura assegura que foram tomadas as providências de apoio e esclarecimentos sobre o ocorrido à paciente e sua família, e providenciadas medidas de investigação, sobre ocorrência de infrações ético-profissionais durante todo o atendimento da gestante. “A direção do HMI se solidariza com o sofrimento dos familiares e se põe à disposição a outros esclarecimentos”, finaliza a nota oficial do município.
(Chagas Filho)

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