Mirassol mobiliza cidade de 65 mil habitantes e ‘caldeirão’ com um único bar ao lado do estádio

View this post on Instagram A post shared by Estadão Esporte (@estadaoesporte)A cidade de Mirassol tem 65.485 habitantes segundo a projeção do Censo do IBGE para 2024. O número é menor que a lotação de três grandes estádios do Brasil: MorumBis (com lotação de 66.795), Mané Garrincha (72.788) e Maracanã (78.838). O município no interior paulista se mobiliza para a estreia do Mirassol na Série A, feito histórico do clube que comemora o centenário em 2025.Antes disso, a equipe estreia no Paulistão, conta o Santos, na Vila Belmiro, nesta quinta-feira, às 21h30 (de Brasília). A viagem entre as duas cidades, distantes cerca de 540 km, pode levar quase sete horas de carro. Quando o Brasileirão começar, os clubes que optarem pelo deslocamento de avião, precisarão pousar em São José do Rio Preto, cidade vizinha de Mirassol e onde fica o aeroporto mais próximo.A sintonia entre cidade e clube encontra ponto comum na figura de doutor Edson, como é conhecido Edson Ermenegildo, presidente do Mirassol e prefeito do município, reeleito em 2024, com 13.970 votos, equivalente a 47,57% do total. Já são 30 anos como mandatário do clube, alguns enquanto era delegado e outros dividindo a função com o cargo de vereador.

Mirassol tem seu caldeirão no Maião, o Estádio Municipal José Maria de Campos Maia, com capacidade de 15 mil torcedores. Foto: Alex Silva/Estadão

“Para mim, não é novidade. Consigo conciliar as duas atividades. Tenho uma boa equipe no Mirassol, um excelente diretor de futebol, que é o Juninho Antunes, meu braço direito e esquerdo aqui, além dos outros que compõem nossa diretoria e nossas comissões técnicas”, relata Edson ao Estadão.Quem sai da capital rumo a Mirassol, mesmo que em dia útil, pode pensar que também viajou no tempo e está em um feriado. Era uma quinta-feira quando a reportagem do Estadão foi a Mirassol. Quase não se via pessoas em circulação na rua. Do CT do clube, em uma área afastada, até o centro da cidade, pouquíssimos prédios. Os que exisitam eram baixos.A charmosa Paróquia de São Pedro indica que se chegou na área central. Na sua frente, há a praça que tem o tamanho de uma quadra da cidade. A conversa de idosos sentados nos bancos dão o som ao local. Não mais que 50 pessoas foram vistas circulando por ali, por volta de 17h. O maior movimento era em uma farmácia. Dá para caminhar no meio da rua e, quando pessoas cruzam entre si, elas se cumprimentam, por vezes até dizendo seus nomes.Na avenida Lauro Luchese, fica o maior prédio encontrado na cidade. É o Estádio Municipal José Maria de Campos Maia, o Maião, a casa do Mirassol. A fachada ostenta conquistas como o Paulistão A3 de 1997, a Série D de 2020 e a Série C de 2022.Diferentemente de um dia de jogo, a avenida estava deserta. Em frente ao estádio, os escudos do Mirassol continuam a aparecer. No Bar do Almeida, o único próximo do estádio, já está pintada a maior conquista do clube, o acesso à Série A 2025. Almeida Rocha, que administra o estabelecimento desde 1985, abria o local no fim da tarde. Vestia uma camiseta com os dizeres “torresmo e cerveja gelada”, mas fez questão de apontar para a camisa amarela pendurada próximo do balcão.

Almeida tem o bar em frente ao ‘Maião’ desde 1985 e conta que o jogo mais marcante foi o do acesso. Foto: Alex Silva/Estadão

O proprietário pintou a fachada ainda antes da 38ª e última rodada da Série B, quando o Mirassol de fato confirmou o acesso, ao vencer a Chapecoense. “Diziam: ‘Nem subiu e você já pôs’. Mas é que tinha que estar confiante”, brinca.Para ele, o jogo de 24 de novembro foi a que mais o marcou desde que se instalou na avenida Lauro Luchese. Agora, ele vive a expectativa para a temporada de 2025. “Estamos preparando já (o bar para a primeira divisão). Apesar de começar só depois do Paulistão, a gente já se prepara. Vamos usar o Paulistão como um esquenta para o Brasileirão. Uma pré-temporada”, diz aos risos.Almeida não esconde que é corintiano, mas revela “ser mais Mirassol”. E garante: “Recebemos todo mundo. O pessoal faz o esquenta para depois entrar no estádio. Procuramos atender todo mundo bem, não só (os torcedores do) Mirassol, toda região que está vindo assistir aos jogos”.

‘Maião’ é caldeirão do Mirassol e foi onde o clube carimbou o acesso à elite em 2024. Foto: Alex Silva/Estadão

Mirassol investiu anos em modernização, mas aposta em medalhões para a Série AGrande parte do sucesso do Mirassol se deve ao CT da equipe. Inaugurado em 2019, quando o time sequer tinha divisão, o local teve investimento total de R$ 15 milhões. Parte veio da venda de Luiz Araújo, formado no clube e negociado pelo São Paulo com o Lille, da França.A estrutura é moderna, com equipamentos de ponta para recuperação e tratamento médico dos atletas, além de acolhimento “familiar” para garotos das categorias de base. Há, ainda, quatro campos em tamanho profissional.

CT do Mirassol foca em equipamentos de ponta para recuperação e tratamento dos atletas, aliados a um ambiente familiar. Foto: Alex Silva/Estadão

Apesar de ter seu sucesso vinculado à base, o Mirassol também teve seus veteranos nas conquistas históricas. Um deles era Camilo, de 38 anos e hoje no Figueirense. Para 2025, a diretoria buscou nomes tarimbados na elite do futebol brasileiro, mesmo que já não vivam o auge.No gol, foram mantidos Alex Muralha e Vanderlei, de 35 e 40 anos, que defenderam a meta da defesa menos vazada da Série B 2024 (26 gols). Entre quem ficou, também se destacam os laterais Zeca (30), Lucas Ramon (30), o zagueiro Luiz Otávio (32), os meias Danielzinho (30), Chico Kim (33) e Gabriel (34) e o atacante Leo Gamalho (38).Foram anunciados, até o momento, dez reforços. A média de idade dos novos contratados é de 28,7 anos, quase a mesma do elenco todo, que é de 28,5 anos, considerando o grupo anunciado até então.Reforços do Mirassol para 2025ZagueirosDavid Braz: 37 anos, ex-Santos e FluminenseJemmes: 24 anos, ex-Vila NovaAlan Empereur, 30 anos, ex-Cuiabá e PalmeirasLateraisDaniel Borges: 31 anos, ex-América-MG e chega para a quarta passagem no MirassolReinaldo: 35 anos, ex-São Paulo e GrêmioMeiasRoni: 25 anos, ex-CorinthiansJosé Aldo, 26 anos, ex-ItuanoAtacantesClayson: 29 anos, ex-Corinthians e CuiabáRafa Silva: 32 anos, ex-CruzeiroGuilherme Pato, 23 anos, ex-Internacional e FigueirenseMatheus Davó, 25 anos, ex-Corinthians e Cruzeiro

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