Styvenson nega ameaça, mas diz que prefeitos têm de decidir “de que lado estão”

O senador Styvenson Valentim (Podemos) disse que não fez “ameaça nenhuma, nem velada e nem explícita” aos prefeitos que não votarem em seu candidato a presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), Anteomar Pereira da Silva, conhecido como “Babá”, ex-prefeito de São Tomé, mas reafirmou que eles assumam “suas posições políticas” e “arcarem com os ônus e os bônus” disso, além de dizer que os gestores têm de decidir se estão contra ou a favor dele.

Em tom intimidatório, Styvenson publicou um vídeo em suas redes sociais cobrando fidelidade dos prefeitos nas eleições da Femurn, que acontecem nesta quarta-feira (15), através de votação eletrônica. Babá, candidato dele, também é apoiado pelo senador Rogério Marinho (PL) e pelo prefeito de Natal, Paulinho Freire (União).

O ex-prefeito de São Tomé, na região Agreste do RN, disputará o cargo de presidente da Femurn contra o prefeito reeleito de Pedra Grande, na região Leste Potiguar, Pedro Henrique de Souza Silva (PSDB), apoiado pelo presidente da Assembleia Legislativa Ezequiel Ferreira (PSDB) e pela governadora Fátima Bezerra (PT).

“Em 2025 está na hora de parar de ter duas caras na política do Rio Grande do Norte. Parar de jogar duplamente”, disse o senador Styvenson Valentim no vídeo postado em seu perfil oficial no Instagram, instigando os eleitores dele a pressionarem os prefeitos a votarem em Babá.

Em nota enviada à reportagem da Agência Saiba Mais, o senador afirmou que “tem muita gente fazendo pressão em particular sobre os prefeitos que dizem que estão comigo, que me apoiam e apoiam tudo aquilo em que eu acredito”. Ele, entretanto, não citou de onde partiria a suposta pressão nem que prefeitos estariam sendo alvo dela.

“Não é razoável que estes prefeitos aceitem estas pressões e votem contra o candidato que eu apoio. Tenho me proposto a fazer uma política diferente, transparente, ética e honesta. Isso, infelizmente, incomoda”, declarou.

Em seguida, ele reafirmou o que havia dito no vídeo, dizendo que o prefeito deve decidir se “está comigo ou está contra mim, contra tudo o que eu defendo e acredito”. “O que estou cobrando é que cada um assuma seu lado”, completou.

Perguntada se ao dizer que prefeitos que não votarem em seu candidato devem arcar “com os ônus e os bônus” dessa decisão o senador revidaria ao não destinar emendas a esses municípios, a assessoria de comunicação do parlamentar reiterou que “ele não cita emendas em momento algum”.

A assessoria de Styvenson respondeu que ele “apenas defende que se tenha lado” e é “reconhecidamente um parlamentar que envia emendas a praticamente todos os municípios do estado sem distinção de bandeiras políticas”.

Apesar da negativa de que usaria as emendas como barganha na eleição da Femurn, Styvenson disse no vídeo que os prefeitos “são livres para votar, como vocês sabem que sou livre para no futuro decidir alguns direcionamentos”, acrescentando que não está usando isso “como arma de chantagem”, possivelmente numa referência às emendas parlamentares.

O senador disse, ainda, que “preza pela independência” da Femurn, defende a eleição de um “presidente que fique do lado das prefeituras” e não alguém “que seja mais um colocado naquela função submisso a um cargo político”, em um recado endereçado à governadora Fátima Bezerra e ao vice-governador Walter Alves (MDB), que apoiam a candidatura de Pedro Henrique.

Presidente da Femurn diz que fazer da entidade “palanque ideológico” é erro

Luciano Santos, presidente da Femurn | Foto: divulgação

O atual presidente da Femurn, Luciano Santos (MDB), prefeito de Lagoa Nova, declarou que a entidade deve transcender “interesses político-partidários, embora seja, por natureza, uma instituição política”.

Para ele, as contribuições de deputados, senadores ou integrantes do Executivo “devem estar alinhadas com pautas de interesse comum aos municípios, não ser influenciadas por disputas partidárias”.

Luciano Santos disse que a transformar a Femurn “em palanque ideológico é um erro grave, pois prejudica a unidade necessária para defender os interesses de todas as cidades”.

Em relação ao vídeo do senador Styvenson Valentim, ele disse acreditar que “qualquer tipo de ameaça ou tentativa de condicionar a liberação de emendas a apoio político desrespeita a autonomia dos prefeitos e, sobretudo, os municípios que eles representam”.

“Essa postura vai na contramão do espírito republicano e do compromisso com o bem comum. A Federação precisa ser preservada como um espaço de diálogo democrático e técnico, que coloque as demandas das cidades acima de qualquer outro interesse”, completou.

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