Jornalistas debatem aquecimento global e impactos no NE durante Congresso no CE

Há pouco mais de dois anos, o indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram assassinados depois de uma expedição no Vale do Javari, no Amazonas. Os dois foram assassinados no dia 05 de junho de 2022 e seus corpos só foram encontrados dez dias depois, queimados e enterrados.

Foto: Reuters/ Ueslei Marcelino

Esse foi apenas um dos vários casos de morte e violência contra jornalistas que, na maioria das vezes, não tem a mesma repercussão. Para debater os desafios da profissão no setor, profissionais que atuam com pautas socioambientais em todo o Brasil estarão em Fortaleza (CE), entre os dias 19 e 21 de setembro, para o maior encontro do Jornalismo Ambiental do Brasil: o Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (CBJA). O evento é uma realização da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA), do Instituto Eco Nordeste e do Instituto Envolverde, com apoio do Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor).

Diria que o jornalismo ambiental tem dois desafios, o 1º é ir pra rua, digo em termos de segurança física mesmo. Testemunhamos entidades que acompanham a ocorrência de violências contra jornalistas em campo e há um aumento expressivo. Essa é uma área sensível, permeada de conflitos e acaba que os jornalistas ficam na linha de frente. Tivemos o assassinato de Dom Philips no dia mundial do meio ambiente. Ele não foi o primeiro e não será o último, infelizmente, os números são crescentes. O caso dele teve muito impacto porque ele era um jornalista britânico, mas temos muitos outros casos que não ficaram tão conhecidos”, lamenta Maristela Crispim, diretora-executiva do Instituto Eco Nordeste e uma das organizadoras do Congresso.

O segundo desafio apontado por Maristela é a dificuldade em lutar contra a desinformação.

Esse é um problema tão grande quanto a violência, no mundo em que a contrainformação só cresce. Nunca imaginamos que coisas consagradas pela ciência, fundamentos básicos, viessem a ser questionados, coisas sobre como planeta funciona, por exemplo. Não só questionado, mas com uma orquestrada campanha de contrainformação. O jornalista precisa estudar, se capacitar para conseguir cobrir as pautas de jornalismo ambiental mais efetivamente, com mais credibilidade”, acrescenta Maristela Crispim.

Maristela Crispim I Imagem: reprodução redes sociais

A última edição do Congresso foi realizada há cinco anos, em 2019, em São Paulo. A oitava edição, em 2024, será a 1ª realizada no Nordeste. Os encontros serão no campus da Universidade de Fortaleza (Unifor), com entrada gratuita mediante inscrição por meio da plataforma Sympla. Nas edições anteriores, o Congresso foi realizado em Santos (SP) – 2005; Porto Alegre (RS) – 2007; Cuiabá (MT) – 2009; Brasília (DF) – 2011; Rio de Janeiro (RJ) – 2013; e São Paulo (SP) – 2015 e 2019.

Temos um histórico de cobertura ambiental que começou na década de 1970, depois da conferência de 1972, em Estocolmo. O boom do jornalismo ambiental no Brasil foi em 1992, com a Rio 92. Continuamos debatendo as questões trazidas nas décadas de 1970 e 1990 relativas a poluição, sobrecarga sobre recursos naturais. Porém, mais recentemente, no fim dos anos 90, nos deparamos com o aquecimento do planeta. Não se trata mais futuro, é presente”, alerta a diretora-executiva do Instituto Eco Nordeste e uma das organizadoras do Congresso.

Durante os três dias de evento, a programação terá mesas e oficinas, além de possibilitar networking com os principais nomes do jornalismo ambiental brasileiro. A proposta é aproveitar o espaço do Congresso para estimular discussões e práticas para o aperfeiçoamento de profissionais e estudantes na área do Jornalismo Ambiental.

André Trigueiro (Globonews), Afra Balazina (Fundação SOS Mata Atlântica), Dal Marcondes (Envolverde), Kátia Brasil (Amazônia Real), Maristela Crispim (Eco Nordeste), Paulo André Vieira (((o))eco), Samira de Castro (Fenaj), Sérgio Xavier (Fórum Brasileiro de Mudança do Clima – FBMC) e Stefano Wrobleski (InfoAmazonia), já estão entre os nomes confirmados.

“O Jornalismo Ambiental tem o papel importante de acompanhar, de estar atento a situações locais e globais que nos afetam e que as pessoas, muitas vezes, nem percebem que estão acontecendo. Muita coisa vem à tona pelo jornalismo. É um desafio, muitas vezes os temas são difíceis de entender, mas precisamos fazer com que as pessoas percebam a importância. Antes tínhamos muita carência de pesquisas, fontes. Hoje, já temos bem mais, como os pesquisadores acadêmicos. Temos uma quantidade expressiva de cientistas do mundo inteiro debruçados sobre a questão do aquecimento global, por exemplo, e não só concentrados na causas, mas nos efeitos sobre esse grande desastre que provocamos sobre a Terra”, avalia Maristela Crispim.
Quem se interessou em participar, pode se inscrever na programação principal (19, 20 e 21 de setembro) e nas oficinas que serão realizadas nas tardes dos dias 19 e 20, e na manhã do último dia do evento pelo Sympla.

Para sua realização, a equipe do Congresso conta com apoio de parceiros como a Oak Foundation e o Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor).

Mar de Fortaleza I Foto: Adriana Pimentel

Serviço

O quê: Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (CBJA)

Quando: 19, 20 e 21 de setembro – das 8h às 17h

Onde: Universidade de Fortaleza (Unifor) – Av. Washington Soares, 1321 – Edson Queiroz, Fortaleza

Inscrições gratuitas pelo Sympla *: https://encurtador.com.br/jttML 

*As entradas limitadas!

Para acessar a programação completa, CLIQUE AQUI.

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