Jovens estudantes são as principais vítimas de crimes contra a população LGBTQIAPN+ no Piauí; veja o perfil


Ameaça e estelionato são os crimes mais cometidos contra essa parcela da população, segundo o 2° Boletim de Dados de Violência, divulgado pela Secretaria da Segurança Pública do Piauí nesta terça (20). Bandeira LGBT
Pixabay
Jovens estudantes foram as principais vítimas de crimes contra pessoas LGBTQIAPN+ no Piauí em 2023, revelou o 2° Boletim de Dados de Violência, divulgado nesta terça-feira (20), pela Secretaria da Segurança Pública do Piauí (SSP). Ameaça e estelionato são os delitos mais cometidos (veja a relação dos demais ao fim da reportagem).
Conforme o levantamento, dos 991 casos notificados no ano passado, a maioria das vítimas (43%) era formada por jovens, entre 20 e 29 anos, estudantes, seguidos de adultos (29%), com idade entre 30 e 39 anos.
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Com relação à cor da pele, o estudo revelou que a maioria das vítimas era parda, seguida das brancas. Contudo, as vítimas negras (pardas e pretas) contabilizaram 68,29%.
No quesito ocupação, após estudante (103), a maior parte das vítimas é autônoma (93), “do lar” (43) e professor (38). Outras 91 não informaram e 613 foram classificadas como “outros” no boletim.
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Quanto à escolaridade, a maior parte (38,76%) tem ensino médio completo, seguida dos que têm fundamental incompleto (16,29%), superior completo (14,98%), superior incompleto (10,75%), médio incompleto (10,10%), fundamental completo (4,23%) e pós-graduação (4,88%).
Com relação ao local onde a maioria das pessoas LGBTQIAPN+ foi vítima, o território Entre Rios concentrou 69,4% dos crimes. Veja o mapa abaixo:
Distribuição dos crimes por território de desenvolvimento (2023)
GDC/DATASSP
Ameaça e estelionato são os crimes mais cometidos
Entre os crimes contabilizados, a maioria (16,3%) é de ameaça, seguida por estelionato (15,6%), furto (14,4%) e roubo (11,4%). Somados, esses três delitos chegam ao percentual de 41,4%. Desta forma, a maior parte das vítimas foi alvo de crimes de natureza financeira (patrimonial).
Seguindo a linha de agrupamento em tipos de natureza dos crimes, os crimes contra a honra (injúria, difamação e calúnia), que contabilizaram 160, ficaram em segundo lugar.
Com relação às mortes violentas intencionais, 10 pessoas LGBTQIAPN+ foram vítimas, sendo nove homicídios dolosos e uma lesão corporal seguida de morte.
A maior parte das vítimas possuía entre 40 e 49 anos (40%), era negra (90%), e foi morta por arma de fogo (40%), em via pública (50%). Esses crimes se concentraram em dois territórios de desenvolvimento: Entre Rios (6) e Planície Litorânea (4).
De todos os crimes, 68 foram motivados por homofobia, LGBTfobia ou transfobia, sendo predominante a homofobia (73%).
Veja os crimes e número de casos contabilizados:
Ameaça: 160
Estelionato: 153
Furto: 141
Roubo: 112
Injúria: 88
Lesão corporal: 69
Invasão de dispositivo informático: 46
Difamação: 36
Dano: 33
Vias de fato: 18
Calúnia: 17
Preconceito de raça ou de cor: 17
Receptação: 11
Contra a liberdade de expressão: 9
Discriminação: 9
Apropriação indébita: 6
Perseguição (stalking): 6
Estupro: 5
Descumprimento de medida protetiva: 4
Outros 41 crimes não foram especificados no boletim, sendo classificados apenas como “outras naturezas”.
O levantamento, elaborado por meio da Coordenação de Proteção aos LGBTQIAPN+ e em colaboração com o Núcleo de Pesquisa Sobre Crianças, Adolescentes e Jovens (Nupec) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), procura trazer uma reflexão sobre a vivência da população LGBTQIAPN+ no Piauí e a necessidade de políticas públicas efetivas para proteção dessa parcela vulnerável da população.
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