Pesquisadores avaliam impactos da sísmica em botos no Pará

Pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) navegam desde o último domingo (5), a bordo de um navio percorrendo a costa dos municípios de Bragança, Viseu e Augusto Correa, localizados na região do Salgado. O objetivo dos estudiosos é monitorar a saúde de botos, aves e tartarugas marinhas na região, e se esses animais estão sendo afetados pelos estudos sísmicos de empresas exploradoras de petróleo.Até esta quarta-feira (8), os pesquisadores monitoram o deslocamento dos animais, comportamento, marés, vocalização e encalhe. Segundo a bióloga e pesquisadora Angélica Rodrigues, do Instituto BioMA, grupo responsável pela pesquisa, a “sísmica” é uma tecnologia que avalia o fundo do mar para a verificação da existência de petróleo no local estudado. Para que essa avaliação ocorra, é preciso que a pesquisa tenha o licenciamento do Ibama, já que é necessário um monitoramento de fauna, realizado pelo Instituto Bioma.Conteúdo relacionado:Filhotes de peixe-boi são resgatados por avião no ParáBebê peixe-boi ganha cuidados na Ufra para voltar ao habitatDocumentário revive tradição das fotografias pintadas“A gente sabe que esses navios das empresas podem ter impacto, por isso estamos avaliando. Há equipes de 15 em 15 dias no Marajó e Marapanim e o monitoramento embarcado na região de Bragança e Viseu é realizado a cada dois meses”, explica Angélica Rodrigues.Os estudos serão realizados ao longo deste ano. Esta é a segunda expedição dos pesquisadores que integram o Projeto de Caracterização e Monitoramento de Cetáceos (PCMC), responsável pelo monitoramento das bacias do Pará-Maranhão e da Foz do Amazonas. O Ibama exige a implementação do projeto, determinando que os pesquisadores enviem relatórios tanto ao órgão quanto às empresas que realizam sondagens na área.Quer mais notícias do Pará? Acesse o nosso canal no WhatsAppVale ressaltar que o BioMA monitora há anos botos, baleias e golfinhos que venham a encalhar na região do salgado paraense. Além disso, o instituto monitora peixe-boi, tartarugas e aves. Desde que o projeto iniciou, em 2024, os pesquisadores já foram acionados 30 vezes pela comunidade. Eles foram buscar três animais, todos mortos, na região de Ajuruteua, em Bragança.“Dentro do projeto o que buscamos imediatamente coletar são as bulas timpânicas, são ossos de dentro do ouvido. Com isso é possível ver se a sísmica está afetando esses animais”, diz. As análises são realizadas pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UFRN), colaboradora do projeto.A necropsia é realizada por médicos veterinários da Ufra. A causa da morte deles ainda não pôde ser definida.“Os animais que chegaram tem indícios de interação acidental com redes de pesca. Mas também recebemos animais mutilados, principalmente a genitália, já que ainda há um apelo por esses órgãos na região amazônica. As pessoas ainda usam como unguento”, lamenta.O Bioma faz parte da Rede de Encalhe de Mamíferos Aquáticos do Norte (REMANOR), que reúne especialistas nessa área e na análise de fauna oleada. A rede é gerenciada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Com o apoio dessa rede, moradores, turistas e pescadores podem entrar em contato com o Bioma quando percebem um animal marinho morto ou encalhado na praia. O disk-encalhe do Bioma funciona 24h, para animais vivos ou mortos e pode ser acionado pelo (91) 98411-6117 e (91) 98411-8263
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