“Lutamos até o fim por Yara”, diz mãe da menina que lutou contra o câncer

Jessica Rohsner com a filha Yara em momentos de descontração: família descobriu a doença em 2020

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Acervo de Família

“Ela partiu com muita paz. Ela estava com um rostinho de quem viu a luz. Havia até um sorriso em seu rosto. Lutamos até o fim”. Essa é a lembrança que Jessica Rohsner, de 33 anos, tem dos últimos momentos de vida de sua filha, Yara Rohsner, de apenas 7 anos.Yara morreu no último domingo, às 11 horas (13h em Brasília), na cidade de Hershey, na Pensilvânia (EUA). Desde agosto do ano passado, a família, que é de Vitória, estava lá para o tratamento de um tipo de câncer chamado neuroblastoma, doença descoberta em 2020.A história de Yara se tornou conhecida em 2022, quando ela emocionou a internet ao dançar “Let It Go”, da Frozen, após ter feito o primeiro ciclo de imunoterapia e ter recebido alta do Hospital da Criança de Brasília José de Alencar (HCB), em Brasília.O caso de Yara foi capa da edição de A Tribuna de 12 de maio de 2022. Na época, a menina já havia passado por 232 sessões de quimioterapia, 16 de radioterapia, além de um transplante de medula.Depois disso, uma nova batalha se iniciou. Yara tinha uma massa de 10 centímetros no abdômen que não era operável no Brasil.

Caso de Yara foi capa de A Tribuna

Foi então que a família deu início a uma “vaquinha” para ajudar nos custos com a viagem para os Estados Unidos, em 2023, onde ela foi operada e passou a usar uma medicação, em fase de estudo, cujo objetivo era reduzir as chances do tumor voltar.Só que no início de 2024 a doença voltou. A família participou de um novo estudo com o tumor que havia sido retirado, e Yara passou a utilizar novos medicamentos, que deram resultado.Mas, devido aos diversos tratamentos, a menina teve a síndrome mielodisplásica, o que afetou sua medula óssea, necessitando novamente de um transplante, o que não aconteceu.Em agosto, devido à necessidade de transfusão e enquanto aguardava um doador compatível, ela precisou ficar nos Estados Unidos.“Ela não tinha condição de voar. Foram meses lutando, fazendo de tudo. No Natal, vimos que ela precisava de cuidados paliativos, para dar um pouco de conforto, diante da situação de saúde dela. Ela estava sofrendo tanto. Mas acredito que ela está em um lugar melhor”, contou Jessica.Jessica Rohsner mãe de Yara RohsnerPlantar uma árvore com as cinzasComo forma de homenagear Yara Rohsner, sua mãe, Jessica Rohsner, conversou com a reportagem e contou sobre a luta da filha contra o neuroblastoma, tipo de câncer que se desenvolve no sistema nervoso simpático.A Tribuna: Como foram esses meses de tratamento?Jessica Rohsner: A cada três meses íamos para os Estados Unidos para tomar esse medicamento, por ele não ser ainda aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Durante esse tempo ficamos hospedadas no Instituto Ronald McDonald, na Pensilvânia (EUA).Em 2024, a Yara ficou muito dependente de transfusões. Descobrimos que ela estava com a síndrome mielodisplásica. Viemos buscar o remédio e não conseguimos mais voltar. Começamos uma campanha para ela conseguir uma medula, mas isso não aconteceu.Como tivemos de parar a medicação contra o neuroblastoma, ele voltou e espalhou na cabeça, no fígado e fêmur. Fizemos de tudo, mas ela foi piorando. No dia 24 de dezembro, precisamos interná-la para dar mais conforto. Ela estava com muita dor. Eu pude cuidar dela antes, durante e após ela partir.Pensa em trazer o corpo dela para o Espírito Santo?Vamos cremar e levaremos as cinzas para plantarmos com uma árvore, talvez na casa da minha irmã, em Guarapari. Planejamos juntar as crianças e nos despedir.Tem algo que gostaria de deixar de mensagem?No meu mundo ideal, as crianças não passariam por nenhum tipo de sofrimento. Mas, enquanto tiver vida, há esperança. E muito importante: doe sangue, doe medula, cadastrem-se para que muitas vidas possam ser salvas.

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