Virar servidor é o maior desejo dos jovens, revela pesquisa

A maioria dos jovens do Espírito Santo com idades até 24 anos tem como principal plano para o futuro profissional estudar a fim de ser aprovado em concurso público e se tornar servidor.Os dados são de pesquisa feita pela Empresa Júnior da Universidade Vila Velha (EJUVV), a pedido de A Tribuna. Dos 336 participantes, 63,2% relataram a preferência pelo concurso público, superando, com folga, a segunda opção mais votada, que foi “começar a vida profissional em uma empresa e nela ascender”, com 21,1%. Na sequência, veio a alternativa que trata de atuar como empreendedor, com 6,6% dos votos entre os jovens. Segundo o especialista em Direito Público e professor da Terra Concursos Alexandre Amorim, o perfil do concurseiro está cada vez mais jovem, e adolescentes a partir de 17 anos já estão se preparando para os processos seletivos. “Os concursos de segurança pública, por exemplo, pedem por profissionais de 18 a 28 anos, o que acaba influenciando muito nisso. E não se trata de buscar menos trabalho, porque no funcionalismo público há muito serviço. Mas é uma coisa mais programada, com horários bem estabelecidos e definidos para entrar e sair”, ressaltou. O professor da Jus Cursos José Quirino salienta que a questão salarial é um fator que afeta a escolha de grande parte dos jovens. “O jovem que completou o ensino médio ou é recém-formado na faculdade olha para a remuneração do setor público e do privado, compara, e vê que com um ele poderá ter uma vida mais tranquila, enquanto com o outro ele passará aperto. O jovem vislumbra essa estabilidade financeira”, analisou.A diretora da Center RH Eliana Machado cita o caso do próprio filho, que é formado em Engenharia e está focado nos concursos públicos. “Recentemente ele tentou uma vaga para auditor-fiscal que tinha uma média de 500 candidatos, a maioria jovens na idade dele”, afirma. Ela acrescenta que o jovem valoriza muito o tempo livre que o setor público pode proporcionar. “No setor privado, jornadas de 6 dias de trabalho para cada folga (6×1) são comuns, e é frequente levar trabalho para casa. No setor público há hora para entrar, hora para sair, fim de semana livre, e em alguns casos, dá até para trabalhar de forma híbrida ou remota com tranquilidade.”“Remuneração mais atraente e fuga da escala 6×1 entre os maiores atrativos”, diz Fabrício Azevedo, coordenador da pesquisa O professor da UVV e coordenador da pesquisa da EJUVV, Fabrício Azevedo, relata que uma série de fatores tem influenciado os jovens a terem maior interesse no serviço público, indo além apenas da questão da estabilidade que essa área proporciona aos servidores.A Tribuna – Por que os jovens estão cada vez mais interessados no setor público? Fabrício Azevedo – Com a reforma tributária, esses jovens podem estar observando um cenário menos favorável para empreenderem. Além disso, a instabilidade do setor privado impede que os jovens consigam reunir condições financeiras para correr mais riscos. O salário também é um fator? O salário mínimo está defasado e, com isso, o jovem entra no mercado de trabalho e vê que terá dificuldade de cobrir seu custo de vida no setor privado. Aí ele compara com uma oportunidade vinda de concurso, com salários atraentes e benefícios interessantes. A autonomia quanto a horários no setor público é outro fator que pesa? Não só isso, como a possibilidade de trabalho híbrido ou home office, que tem se tornado mais frequente no serviço público. Muitas oportunidades do setor privado envolvem trabalhar seis dias na semana, o que atrapalha o jovem a ter planos e projetos fora do emprego.

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Reprodução/A Tribuna

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