Pais de menina baleada em Belford Roxo comemoram evolução da filha após cirurgias


No dia 17 de outubro, a família de Estella, de 3 anos, ficou no meio de um tiroteio entre traficantes e milicianos na Baixada Fluminense. Um mês após ser baleada, Estella pôde voltar para casa, A esperança marcou o início do ano para a família da pequena Estella, que mora em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
É praticamente impossível não rir com a menina sorriso. Estella de Oliveira Ferreira, de três anos, é uma sobrevivente da guerra urbana no estado do Rio.
Na noite de 17 de outubro de 2024, os pais decidiram levar a filha ao hospital. Estella estava com uma gripe forte.
“Quando a minha esposa subiu na moto e escutou o primeiro disparo, ficamos assustados. Aí o segundo pegou na cabeça dela”, relata Luiz Cláudio Ferreira da Silva, pai da Estella.
A família ficou no meio de um tiroteio entre traficantes e milicianos em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
“Na hora eu achei que ela tivesse morrido, porque como eu não sabia de onde, só a cabeça dela sangrando muito, muito, muito. Foi o pior dia da minha vida ver minha filha assim, daquele jeito”, diz Jéssica de Oliveira, mãe da Estella.
Estella passou por duas unidades de saúde antes de ser levada para o Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, também na Baixada, onde chegou entubada.
O primeiro passo foi levá-la para o centro de imagem. A tomografia permitiria ver a trajetória da bala e algumas lesões causadas no cérebro. Enquanto isso, uma sala do centro cirúrgico estava sendo preparada para receber a menina.
“A tomografia de crânio revelou que o projétil entrou na região frontal direita e saiu na região temporal esquerda, bem próximo à orelha. Quando um projétil entra no córtex cerebral, ele causa grande lesão vascular e neurológica, e isso causa grande sangramento”, explica Thiago Pereira Resende, diretor-geral do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes.
“Essa criança, na verdade, deu muita sorte. A criança nasceu de novo.”
A cirurgia durou quase três horas. Os médicos estancaram hemorragias e retiraram fragmentos ósseos que entraram no cérebro, prevenindo danos ainda maiores.
“Tirar uma parte da calota craniana para facilitar o cérebro expandir, que é uma área ali de expansão e não causar sequelas neurológicas com isso”, afirma o médico.
A menina ficou 12 dias entubada. Também teve uma trombose, o que agravou ainda mais o quadro. E um mês depois do tiro, Estella pôde voltar para casa.
“Foi muito emocionante, muito. Minha mãe estava lá, meu pai, meu irmão, todo mundo chorando de felicidade. Trouxeram um bolinho para ela para bater parabéns pela oportunidade que Deus deu para ela de novo”, diz a mãe da menina.
“Em alguns momentos o coraçãozinho dela ficou fraco, e escutar o coração dela batendo hoje é uma alegria. É uma coisa simples, que às vezes a gente não dá muito valor”, afirma o pai.
Estella ainda tem desafios pela frente. Em março, passará por mais uma cirurgia.
“A gente pega o osso que a gente retirou na primeira cirurgia e retorna com ele para o crânio. Tem uma função protetora do cérebro”, diz Maurício Mansur, neurocirurgião.
Algumas sequelas também precisam ser superadas.
“É uma criança em fase de desenvolvimento. Então, em casa, ela vai acompanhar, ambulatorialmente, fonoaudiologia para ajudar nessa afasia de fala, nessa dificuldade de fala, e também fisioterapia motora para o próprio organismo tentar reconstruir esses movimentos e a força do lado direito do corpo.”
A menina sorriso vai dando lições.
“Ela quer fazer tudo sozinha. Ela quer levantar, por mais que saiba que o corpo dela não está respondendo, ela quer fazer. Então, ela ensina a gente que a gente deve lutar todos os dias. Independente do cenário, lute que vai dar certo”, comenta o pai.
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TV Globo
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