Acusado de matar e enterrar idosa no quintal de casa em Barretos, SP, agiu com ‘plena capacidade’, diz laudo da Justiça


Resultado contesta defesa de Leonardo Silva, que havia apresentado documento de perícia particular que atestava insanidade mental do réu. Segundo a acusação, vítima foi morta por vingança e com crueldade. Suspeito de assassinar Nilza Costa Pingoud vivia nos fundos da casa da vítima
Montagem/g1
O laudo médico legal de Leonardo Silva, acusado de matar Nilza Costa Pingoud e enterrar o corpo no quintal da casa dela em Barretos (SP), constatou que o réu tinha plena capacidade de entender o que estava fazendo no momento do crime há um ano.
O relatório ao qual o g1 teve acesso foi elaborado por um perito determinado pela Justiça e concluído em junho deste ano.
O resultado contesta a defesa de Leonardo, que, em outubro de 2023, apresentou um laudo feito por uma perícia particular que alegava a insanidade mental do réu.
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Caso os dois laudos chegassem à mesma conclusão, o acusado poderia ser encaminhado a um hospital psiquiátrico.
Como a nova perícia apontou que Leonardo tinha ‘plena capacidade de entender e se autodeterminar frente à ilicitude do fato’, o processo, suspenso até a conclusão da avaliação, deverá voltar a ser julgado. Ainda não há data para que ocorra julgamento, no entanto.
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O crime aconteceu no dia 24 de julho de 2023, em Barretos, mas o corpo de Nilza só foi encontrado uma semana depois, quando vizinhos desconfiaram do sumiço dela e acionaram a polícia.
Leonardo está preso desde o dia 3 de agosto de 2023. O comportamento dele no momento da prisão chamou a atenção pela forma debochada com a qual confessou o crime, dizendo que agiu por vingança e não estava arrependido.
Leonardo Silva, de 18 anos, foi preso preventivamente pela morte de mulher em Barretos, SP
Reprodução/EPTV
A avaliação psiquiátrica feita pelo Instituto de Medicina Social e de Criminologia (Imesc) a pedido do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) ocorreu no dia 12 de junho deste ano.
O laudo do Imesc consta que Leonardo, de fato, tem transtorno relacionado ao uso de múltiplas substâncias, transtorno de personalidade borderline e transtorno de personalidade antissocial, mas tinha entendimento dos próprios atos na época do crime.
Em nota encaminhada ao g1, o advogado Luiz Gustavo Vicente Penna disse que foram desconsiderados fatores importantes apresentados anteriormente e que apontam a ‘insanidade mental’ do acusado.
“Esta falha compromete seriamente a integridade das conclusões apresentadas. Aspectos cruciais, como a oitiva da genitora do envolvido e o contexto socioambiental e de saúde mental, são indispensáveis para um julgamento justo e equilibrado. A negligência em integrar tais elementos no laudo não apenas questiona a sua abrangência, mas também desafia os padrões de rigor e exaustividade esperados em uma análise pericial”.
Penna informou que está “tomando medidas proativas para assegurar que todas as evidências pertinentes sejam consideradas e que um novo laudo seja elaborado e conduzido com a máxima transparência e rigor técnico”.
Polícia diz que acusado agiu por vingança
Para a polícia, Leonardo agiu por vingança quando matou Nilza. A investigação apontou que, em maio de 2023, ele foi morar nos fundos da casa da vítima, que tinha se proposto a ajudá-lo depois que ele se apresentou a ela como travesti.
Ela o contratou para fazer serviços domésticos depois que ele pediu demissão do emprego anterior.
Ainda segundo a polícia, o combinado foi desfeito porque Leonardo acabou não correspondendo às expectativas de Nilza.
Leonardo, que é de Planura (MG), chegou a deixar Barretos após ser demitido por Nilza, mas voltou à cidade no dia 22 de julho e passou a sondar a casa da vítima.
Na madrugada do dia 24 de julho, ele pulou o muro do imóvel e ficou escondido em um quarto nos fundos. Quando o dia amanheceu, surpreendeu Nilza no cômodo e a matou por asfixia com um fio.
Antes de enterrar o corpo no quintal, Leonardo ainda permaneceu na casa por alguns dias e lavou o imóvel.
Policial suspeitou de terra remexida no quintal de casa de Nilza Costa Pingoud, em Barretos, SP, e encontrou corpo da vítima
Reprodução
Dinheiro da vítima foi gasto após o crime
A polícia também identificou que Leonardo teve tempo de obter dados bancários da vítima para fazer compras. Uma moto chegou a ser comprada para ser entregue em um apartamento que ele tinha alugado em Barretos com o dinheiro de Nilza.
No entendimento da Polícia Civil, a maior motivação do acusado foi financeira. Ele ainda comprou eletrodomésticos e deu de presente à mãe, que era amiga de Nilza.
Durante a investigação, a polícia descobriu também que Leonardo procurou quatro conhecidos e ofereceu a eles R$ 20 mil no total, dinheiro que também era de Nilza, para ajudá-lo a se livrar do corpo.
A oferta, no entanto, foi recusada por todos eles, e Leonardo teria usado uma arma para ameaçar uma dessas pessoas.
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