Déficit de estatais atinge recorde em 15 anos

As estatais federais enfrentam uma grave deterioração financeira durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo dados do Banco Central (BC), o déficit primário dessas companhias alcançou R$ 5,1 bilhões até outubro de 2023, o maior desde 2009, quando Petrobras e Eletrobras deixaram de ser incluídas no cálculo. Apenas neste ano, o prejuízo somou R$ 4,45 bilhões, o maior da série histórica ajustada pela inflação.

Para efeito de comparação, nos últimos dois anos do primeiro mandato de Dilma Rousseff, o déficit foi menor, somando R$ 1,8 bilhão até outubro de 2014, o equivalente a R$ 3,1 bilhões corrigidos pela inflação.

Especialistas apontam que decisões políticas contribuíram para o cenário atual. A economista Elena Landau criticou alterações na Lei das Estatais, como a liminar do ministro Ricardo Lewandowski, que afrouxou critérios técnicos para nomeações em empresas públicas. “A piora na alavancagem das estatais reflete a repetição de erros do passado, como o uso dessas empresas para políticas públicas e indicação política”, afirma.

O Ministério da Gestão e Inovação defendeu que os resultados primários não são suficientes para avaliar a saúde financeira das estatais, destacando que, em 2023, as empresas públicas geraram lucro líquido de R$ 197,9 bilhões e contribuíram com R$ 49,4 bilhões em dividendos ao Tesouro.

O professor Nelson Marconi, da FGV, sugere que as estatais sejam analisadas individualmente, eliminando o viés ideológico. Ele reconhece avanços em investimentos estratégicos, mas aponta casos de mau uso de recursos, como na Codevasf, e defende maior eficiência na gestão.

A economista Landau alerta que o próximo ano será crucial, com a renovação de mandatos de conselheiros e diretores em 2025. Especialistas concordam que as empresas devem cumprir sua função social e, em casos de ineficiência, passar por reestruturação ou privatização.

Com informações da Folha de São Paulo

Adicionar aos favoritos o Link permanente.