Médicos explicam doença que causou morte do ator Ney Latorraca

Ney Latorraca chegou a ser operado e retirou a próstata em agosto

|  Foto:
PEDRO KIRILOS/ Agência Barbosa – 12/07/2024

Uma sepse pulmonar tirou a vida do ator e diretor Ney Latorraca, de 80 anos. O artista estava internado desde o dia 20 de dezembro na Clínica São Vicente, na Gávea, no Rio, por conta de um câncer de próstata.O ator recebeu o diagnóstico de câncer de próstata em 2019. Na época, chegou a ser operado e retirou a próstata, mas, em agosto deste ano, a doença voltou em metástase (quando as células cancerígenas se disseminam para outras partes do corpo). Ele morreu na manhã desta quinta-feira (26).Apesar de a causa da morte não ser diretamente o câncer, pessoas em tratamento oncológico estão mais vulneráveis ao quadro de septicemia – infecção generalizada. No Brasil, a sepse causou 194 mil mortes neste ano. No Espírito Santo, 4.399 pessoas morreram por infecção generalizada em 2024, segundo dados do Portal da Transparência de Registro Civil.“A doença oncológica em si ou o tratamento pode levar a uma diminuição da imunidade do paciente. Esse paciente pode cursar com quadros infecciosos com maior facilidade, podendo evoluir para quadros mais graves, que é o caso de uma sepse”, explica a oncologista Juliana Alvarenga.“A sepse, nesse caso do ator, é uma complicação da doença. A sepse foi pulmonar, mas pode ser de qualquer foco, como urinária”, destaca Juliana.A pneumologista Carla de Castro Bulian, da Rede Meridional, explica que a sepse pulmonar pode ser causada por vários agentes, como bactérias, fungos e vírus, que acometem todo o órgão.“Os sinais da sepse pulmonar se apresentam, na maioria das vezes, com tosse, falta de ar, pode ou não ter febre, sendo que a febre é presente quase sempre. A tosse pode ser com ou sem secreção, a pessoa tem menos apetite, fica mais prostrada e vai desidratando”, explica.O urologista Leandro Leal destaca que pacientes operados ou submetidos à irradiação devem ser seguidos trimestralmente, nos primeiros dois anos, por meio de coleta de PSA e exames de imagem, como ultrassom e ressonância, pelo menos a cada seis meses. “Após os dois anos iniciais de tratamento, o período poderá ser alongado gradativamente”.

20% dos tumores não são diagnosticados no PSAO câncer de próstata, doença que o ator Ney Latorraca, de 80 anos, estava enfrentando, é o segundo câncer mais comum entre os homens, perdendo apenas para o câncer de pele.Médicos alertam que quanto mais cedo o tumor for diagnosticado, maiores as chances de cura. O diagnóstico precoce é feito pelo exame de quantificação do Antígeno Prostático Específico (PSA) e pelo toque, a partir dos 45 anos.Ainda que os homens tenham receio ao toque e queiram dispensar o exame, especialistas alertam que cerca de 20% dos tumores de próstata crescem sem aumentar o PSA.“Por isso, a gente sugere que seja feito o acompanhamento conjunto, tanto o PSA quanto o toque retal. Há uma discussão em torno disso, mas as sociedades brasileiras, tanto de oncologia quanto de urologia, recomendam que a gente converse com o paciente e exponha a importância de fazer o rastreamento”, diz a oncologista Juliana Alvarenga.O urologista Leandro Leal reforça que o exame físico continua sendo fundamental em qualquer consulta médica. “Podemos nos deparar, além das doenças prostáticas, com lesões penianas e escrotais que o paciente, por timidez, não menciona”.O médico alerta ainda que deve-se ter atenção especial aos pacientes que possuem familiares com história de câncer de próstata e que morreram por essa causa.O urologista explica também que a recorrência do câncer de próstata é diretamente relacionada ao grau de agressividade do tumor.“Isso pode ser muito bem mensurado com os exames pré-operatórios e com a análise da próstata, através de exame anatomopatológico. Todo paciente submetido à cirurgia deverá realizar o exame de PSA a cada três meses após a cirurgia. Qualquer elevação pode nos orientar para uma recidiva (volta da doença) e o tratamento específico será realizado para controle oncológico”, explicou Leal.“Os tratamentos para o câncer de próstata dependem de uma série de fatores, como a idade do paciente, doenças associadas, expectativa de vida, medicações em uso e, o mais importante, o grau de agressividade do tumor”, explica o urologista.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.