Baiana é bicampeã do mundo em competição de capoeira em Salvador

Em um evento recheado de baianidade, a 3ª edição do ‘Red Bull Paranauê’ ocorreu na tarde deste domingo, 19, premiando os melhores capoeiristas do mundo. Enquanto Joseph Augusto, o Gugu, sagrou-se bicampeão da categoria masculina, Jubenice Bibinha, garantiu o seu segundo título entre as mulheres.A competição retornou à Salvador após um hiato de cinco anos, tendo em vista que ocorreu pela última vez em 2018. Desta vez, o palco foi a Praça da Cruz Caída, no Pelourinho, que ficou marcada por um grande público abraçando e valorizando a modalidade.Leia Mais:>> Vitória anuncia parceria com empreendedora punida por uso de marca>> Sem Janderson, Carpini convoca 24 para jogo contra o CruzeiroNesta edição, a novidade ficou por conta da Mestre Nani entre o corpo de jurados, se tornando a primeira mulher neste papel. Em entrevista ao Portal A TARDE, a pioneira apontou a importância do esporte na vida dos jovens e exaltou a capoeira, relembrando um pouco da trajetória.“Um projeto como esse traz também uma esperança desses jovens, de dizer assim, ‘poxa, eu também posso ser, estar e trabalhar sendo um profissional’ sem perder os princípios porque a capoeira traz os valores da origem. Ela é luta, ela é dança, ela é uma luta de resistência e é uma luta social, a gente luta para estar nos espaços, a gente luta para permanecer”, disse a Mestre.Ao seu lado, a competição também contou com a avaliação dos mestres Mourão e Neneu, que contaram sobre a importância do evento e exaltaram a modalidade, também ressaltando algumas dificuldades ainda vividas.“É muito importante, sobretudo, dar importância às culturas e matrizes africanas no Brasil, que até hoje não tem a devida importância. Então, a capoeira é muito importante. Uma empresa privada que tem essa atitude, uma visibilidade gigantesca e que abraça a capoeira, respeitando os seus fundamentos, a sua cultura sobretudo, é lindo de se ver”, declarou Mourão.“Todas as edições eu tenho participado, principalmente por causa do respeito, do apoio que a gente encontra através de um grande evento desse. Hoje é uma grande empresa que está apoiando a capoeira, e dessa vez essa edição é um lugar super importante. (…) Aqui é a terra de onde iniciou tudo e é o lugar que é menos valorizado a nossa arte da capoeira. Então eu acho que um evento desse nível dá uma futucada no nosso poder público e na nossa sociedade, com certeza”, avaliou Neneu.Para conhecer os grandes vencedores, a competição passou por fases de preliminares, na sexta-feira, 17, que contou com 200 participante. Dos inscritos, 16 competidores subiram ao palco no domingo para a disputa das quartas de final, semis e a final. Nas batalhas, definidas em um contra um, os atletas sorteavam uma música, entre os estilos de Angola, Regional e Contemporânea, para realizarem duas batalhas, de um minuto e 40 segundos.Assim, após encantar o público e voltar a vencer, se sagrando bicampeã, Bibinha, como é carinhosamente apelidada, conversou com a equipe de reportagem e comentou sobre a emoção. Em fala, a capoeirista, nascida e criada no Nordeste de Amaralina, exaltou a modalidade e também se colocou no lugar de mulher preta, sendo inspiração e mostrando que é possível acreditar em coisas grandes.“Isso é a minha principal ferramenta de alcance a todas aquelas que estão próximas de mim, a toda minha família, a todas as minhas alunas, a todas as pessoas da minha comunidade, das minhas vizinhas. Eu quero fazê-las acreditarem que é possível, por meio da minha capoeira, por meio da nossa arte, da nossa cultura, a gente pode sim transcender barreiras, alcançar lugares muito além daquilo que o sistema fala que a gente pode chegar”, declarou Bibinha.Além dela, Gugu também levantou o troféu e comentou sobre a emoção. O paulista revelou sobre o sentimento de expectativa em volta do crescimento da modalidade após um evento desta magnitude.Eu sou nascido em São Paulo, mas digo que sou um preto africano aqui no Brasil. Salvador é um pedaço da África no Brasil. Hoje eu moro fora do Brasil e infelizmente a Capoeira é mais aceita lá fora do do que dentro do Brasil. Eu espero que com o evento dessa magnitude a gente possa mudar aos poucos esses conceitos também e auxiliar no crescimento desta cultura” disse o campeão.
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