Propósito coletivo: o apoio a pessoas em situação de vulnerabilidade social

“Eu era uma mãe pedindo ajuda”, afirma a pedagoga Maria Cristina Brito ao relembrar a primeira vez que chegou ao Esquadrão de Polícia Montada, no bairro de Itapuã, em Salvador. Era 1993, e, num braço, ela levava o filho, Yuri, um jovem com paralisia cerebral, e no outro, uma pastinha com um projeto.O contato de Maria Cristina com a Polícia Militar marcava o primeiro passo para a fundação da Associação Bahiana de Equoterapia (Abae), que completou 27 anos na última segunda-feira, 16. Além da Abae, outras organizações da sociedade civil prestam serviços para pessoas com diversas necessidades e contam com o espírito natalino para angariar doações.O planejamento mais urgente da Abae é a ampliação do atendimento. A associação possui um trabalho voltado para a assistência de famílias carentes e atua nas áreas de educação, saúde e inclusão social por meio da equoterapia. A técnica promove o desenvolvimento psicoeducacional e terapêutico através do contato com cavalos. A cavalaria do quartel em Itapuã é parceira da organização.“Queremos descentralizar o nosso serviço, precisamos levar a associação onde o povo está”, diz a presidente da Abae, Maria Cristina, ao pedir por doações em dinheiro. “Não podemos permitir que uma mãe pegue dois ou três transportes para chegar até aqui”.Pelo trabalho prestado na organização, há sete anos a baiana recebeu a Comenda 2 de Julho pela Assembleia Legislativa das mãos do ex-futebolista Bobô. O sobrinho dele foi uma das crianças com paralisia assistidas pela Abae. Maria Cristina não sabe ao certo o número de jovens que já passaram pela associação. “Já perdi as contas, são milhares”, diz.A entidade tem um protocolo que limita a permanência na atividade a dois anos, para que novos associados integrem o programa. Atualmente, a lista de espera passa de quatro mil inscritos. As doações em dinheiro são fundamentais para a organização, mas brinquedos e cadeiras de roda também estão na lista de desejos, de acordo com Maria Cristina.Para a Organização de Auxílio Fraterno (OAF), localizada no bairro da Liberdade, brinquedos também são bem-vindos, mas outros itens são mais urgentes. A organização sem fins lucrativos educa e ampara 73 crianças e adolescentes que precisam de materiais de limpeza, produtos de higiene pessoal, leite e fraldas de todos os tamanhos. Segundo o presidente da OAF, Jozias Sousa, as crianças da instituição usam quase oito mil fraldas por mês.Fundada em 1958, a OAF surgiu para acolher mães com filhos em situação de vulnerabilidade. Atualmente, atende pessoas de 0 a 18 anos com histórico de abandono e abuso. “O mais novo que recebemos tem sete dias de vida”, diz Jozias. O Natal é o período que a OAF mais recebe doações. Para o presidente, os visitantes são como os reis magos que vão visitar o menino Jesus. “A OAF é uma manjedoura ao longo de 365 dias e, todo mês, recebemos um recém-nascido”.Os jovens que chegam à organização são levados por diversos órgãos como a Central Municipal de Regulação de Salvador e a Polícia Militar. A comissão técnica da OAF comunica o processo ao judiciário, e assume a guarda do jovem até que a Defensoria Pública decida seu destino. O acompanhamento dos serviços prestados pela OAF é documentado por uma equipe de psicólogos, pedagogos e assistentes sociais.Um dos objetivos da OAF é inserir os jovens da organização no mercado de trabalho. Para isso, a instituição estabelece parcerias com outras entidades como bancos e o Tribunal de Justiça para oferecer cursos profissionalizantes. “Mas, o nosso foco é o acolhimento”, diz Jozias.InclusãoEmpregabilidade é palavra-chave para a Associação Baiana dos Deficientes Físicos (Abadef), localizada no Centro de Salvador. A organização conta com cinco funcionários para atender cinco mil associados. Entre os serviços, estão oficinas de capacitação e consultorias para empresas que desejam abrir vagas de emprego para pessoas com deficiência. Os cursos são oferecidos por profissionais voluntários das instituições Senac, Sebrae e Sesi.A Abadef existe há 44 anos e conta com a gestão da presidente Silvanete Brandão. A assistente social baiana conheceu a fundadora da associação, Maria Luiza Câmara, e assumiu a presidência após a morte dela, em 2020. “Temos uma população muito carente, falta acessibilidade e há um forte capacitismo estrutural que impede que essas pessoas acessem essas vagas de trabalho com dignidade”, pontua.Para Silvanete, as empresas e órgãos públicos devem se associar ao trabalho feito pela Abadef. “É preciso que todos entendam que as ONGs prestam serviço de excelência”, diz. Para ela, a maior dificuldade é manter a associação funcionando. “Nosso gargalo é a captação de recurso”.A lista de itens para doação é longa. A associação precisa de cadeiras de rodas, muletas, andadores, cadeiras para banho e equipamentos ortopédicos. Além disso, materiais de escritório como papel e caneta também fazem diferença. “E cestas básicas porque estamos falando de um público que passa por muitas necessidades”, conclui Silvanete.As doações dão uma nova perspectiva para a instituição, segundo a presidente. Muitas pessoas com deficiência não têm condições de pagar por cursos de capacitação e, portanto, têm as chances de uma colocação no mercado de trabalho diminuídas.DiferençaOrganizações sem fins lucrativos são fundamentais para suprir necessidades que órgãos públicos não dão conta, de acordo com a presidente da instituição Abraço a Microcefalia, Raniele Nascimento. Com sede em Mussurunga, a ONG cuida de crianças com microcefalia e outras doenças congênitas. Raniele conheceu a organização por causa da filha que tem a condição médica decorrente do Zika vírus. “Foi um lugar onde encontrei acolhimento”, relata.A instituição foi criada em 2015, logo que os primeiros casos de infecção pelo vírus na Bahia foram registrados. Em 2015 e 2016, o surto ganhou destaque devido ao aumento de casos de microcefalia em recém-nascidos, especialmente nas áreas afetadas pelo vírus. A Abraço começou com assistência a 15 famílias e agora atende 339. Mensalmente, a Abraço a Microcefalia realiza atendimentos em áreas como fisioterapia, psicologia e serviço social.Apesar da grande demanda, não existem mais vagas para que as famílias tenham acesso a esses serviços. Um dos problemas enfrentados pela instituição é a dificuldade de seguir com as operações devido a uma crise financeira. “Depois da pandemia [de Covid-19, entre 2020 e 2022], as doações diminuíram muito”, lamenta Raniele. O jeito foi reduzir os atendimentos que eram realizados de segunda a sexta para três dias na semana com um quadro menor de crianças.Além de doações em dinheiro, a Abraço precisa de fraldas descartáveis e cestas básicas. Para ampliar o atendimento e terminar a reforma da sede, materiais de construção também são bem-vindos. Outro modelo de ajuda é o apadrinhamento de profissionais de saúde, onde o benfeitor paga o salário de fisioterapeutas, fonoaudiólogos e assistentes sociais. A filha de Raniele, hoje com nove anos, contou com a Abraço desde que nasceu. “Eu vi a qualidade de vida dela crescer muito”, relata a presidente.Serviço: Saiba como ajudarAbraço a MicrocefaliaItens que podem ser doados: fraldas descartáveis, cestas básicas e materiais de construção.Doações financeiras de qualquer valor podem ser feitas pela chave PIX 27.034.649/0001-80 ou para a conta:Caixa Econômica Federal Banco 104 Agência 3843 Operação 003 Conta Corrente 479-7 CNPJ 27.034.649/0001-80Instagram: @abracoamicrocefalia Horário de funcionamento: Das 8h às 17h Localização: Rua Desembargador Moacyr Pitta Lima, 26, Mussurunga I, Final de Linha do Setor H, SalvadorAssociação Bahiana de Equoterapia (ABADE)Itens que podem ser doados: maravalha (forragem para acomodação dos animais nas baias), cadeiras de rodas infanto-juvenis e fraldas infanto-juvenis.Doações financeiras de qualquer valor podem ser feitas para as contas:Banco do Brasil – AG. 1532-6 | C/C. 17.892-6 Banco Bradesco – AG. 2425 | C/C. 17.870-5 Banco Bancoob – AG. 3292 | C/C. 4338-9Instagram: @ABAEequoterapia Horário de funcionamento: De segunda à sexta, das 8h às 11h15. Localização: Av. Dorival Caymmi, S/N – Parque de Exposições Agropecuária/Esquadrão de Polícia Montada – Itapuã, Salvador.Associação Baiana de Deficientes Físicos (Abadef)Itens que podem ser doados: cadeiras de rodas, muletas, andadores, cadeiras para banho, equipamentos ortopédicos, materiais de escritório e cestas básicas.Doações financeiras de qualquer valor podem ser feitas pela chave PIX [email protected] ou para a conta:Banco Bradesco Agência 3550-5 Conta Corrente 963-6 CNPJ 15.67.964/0001-60Instagram: @abadef_ba_ Horário de funcionamento: De segunda à sexta-feira, das 08h30 às 17h30. Localização: Av. Sete de Setembro, Praça Centenário Batista – Dois de Julho, SalvadorOrganização de Auxílio Fraterno (OAF)Itens que podem ser doados: alimentos, roupas de uso pessoal em bom estado para bebês, crianças e adultos, fraldas descartáveis, materiais de escritório, livros infantis e brinquedos.Doações financeiras de qualquer valor podem ser feitas pela chave PIX 15232135/0001-50 ou para a conta:Banco Bradesco Ag: 3567 CC: 10.824-3 Razão Social: Organização de Auxílio Fraterno CNPJ: 15.232.135.0001/50Instagram: @oafsalvador Horário de funcionamento: Das 8h às 17h Localização: R. do Queimado, 17 – Liberdade, Salvador
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