Praga afeta plantações de mandioca em Terras Indígenas

O Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou, nesta semana, o primeiro caso no Brasil da praga conhecida como “vassoura de bruxa”. O nome foi dado porque deixa os ramos das plantas secos e deformados, incluindo nanismo e proliferação de brotos fracos e finos nos caules.A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) detectou a primeira suspeita do fungo Ceratobasidium theobromae (Rhizoctonia theobromae), causador da doença, em 2023. A partir daí, coletou amostras e enviou para análise em laboratório.A espécie foi achada em lavouras de mandioca localizadas em terras indígenas, no Oiapoque, ao norte do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa. Os caciques da região notaram os prejuízos nos plantios das aldeias indígenas Ahumãm, Anawerá, Tuluhi e Tukay, e acionaram a instituição de pesquisa para avaliar o caso.Conteúdo relacionado:Amazônia: garimpo ilegal cresceu 361% em terras indígenasPF fecha garimpo ilegal em Terra Indígena Kayapó, no ParáMPF alerta para fake news sobre terras indígenas no ParáOiapoque concentra a maior população indígena do Amapá e a mandioca é fundamental para o preparo de alimentos essenciais do cotidiano, como beiju, tapioca, carimã, tucupi, tacacá, entre outros. Para quem vive da agricultura familiar, o produto é a base da farinha mais comercializada no estado. A perda total de produção, do início da investigação até hoje, não foi confirmada.Em julho do ano passado, o governo do Amapá decretou situação de emergência para agir contra doenças causadas por fungos em áreas indígenas. Entre as medidas adotadas pelo executivo estadual estão a distribuição de mais de 4 mil kits de alimentos, em duas etapas, e o envio de 50,5 toneladas de farinha para as comunidades.Em nota técnica, a Embrapa afirmou que a dispersão da praga pode ocorrer por meio de material vegetal infectado, ferramentas de poda, além de possível movimentação de solo e água. Como também, o deslocamento de plantas e produtos agrícolas entre regiões pode facilitar o aumento do risco de infecção em novas áreas.Quer mais notícias do Brasil? acesse o nosso canal no WhatsAppAtualmente, o fungo está presente também nos municípios de Calçoene e Amapá, ao sul de Oiapoque, disse a instituição.O ministério classificou a espécie do fungo como pragas quarentenárias ausentes (PQA), sendo aquelas “de importância econômica potencial para determinada área em perigo e ainda não presentes”, conforme estabelecido pela NIMF (Normas Internacionais para Medidas Fitossanitárias) nº 5, da Convenção Internacional para a Proteção dos Vegetais (CIPV).Essa classificação da praga apresenta riscos diferenciados em razão de suas características (reprodução, sobrevivência, capacidade de dispersão etc.) e, por isso, são necessárias ações específicas de controle.Com a confirmação oficial da presença da praga, o ministério destacou que enviou técnicos ao Amapá para discutir o problema e as ações de defesa fitossanitária com autoridades locais e especialistas da Embrapa local, da Embrapa Mandioca e do Centro Nacional de Pesquisa de Mandioca e Fruticultura.Para diminuir os impactos, o governo federal disse que devem ser adotadas medidas como a intensificação do monitoramento; implementação de medidas de quarentena; uso de manivas com comprovada sanidade; uso de fungicidas específicos para controlar a dispersão do patógeno; remoção e eliminação por queima de plantas doentes; assepsia de ferramentas utilizadas para a destruição das plantas com sinais da doença; ensacamento e rápida lavagem de roupas, calçados e chapéus e ou bonés utilizados nas visitas em áreas afetadas; e ações de comunicação local.Para ações de vigilância, o ministério disse que foi instituído o Programa Nacional de Prevenção e Vigilância de PQA, para evitar a propagação em território nacional, mantendo um sistema de vigilância para detecção precoce e identificação destas pragas, aplicando medidas de mitigação de risco nos casos de suspeita da sua ocorrência no país.
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