Brasil integra projeto de supertelescópio para mapear céu por 10 anos

O supertelescópio do projeto Legacy Survey of Space and Time (LSST), um dos maiores empreendimentos da astronomia moderna, está prestes a iniciar suas operações, marcando uma nova era na observação do universo. Nos próximos dez anos, ele mapeará o céu do Hemisfério Sul e o Brasil participa desta iniciativa internacional inédita de US$ 1 bilhão, ao lado dos EUA, do Chile, que sedia o observatório, e de 43 grupos de pesquisa de 28 países.

A parceria brasileira foi formalizada por meio de um acordo de cooperação científica assinado pelo Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LineA) com o SLAC National Accelerator Laboratory, vinculado à Universidade Stanford e ao Departamento de Energia dos EUA.

A colaboração garante a participação de 170 brasileiros no projeto, entre eles, 80% são jovens pesquisadores, além de estudantes e técnicos de 26 instituições de ensino de 12 estados. Este grupo forma o Grupo de Participação Brasileiro (BPG-LSST).

O supertelescópio, instalado em Cerro Pachón, no Chile, possui um espelho de 8,4 metros de diâmetro e a maior câmera digital do mundo, com 3,2 bilhões de pixels. Ele fará um levantamento fotométrico do Hemisfério Sul, capturando imagens de alta resolução de estrelas, galáxias e asteroides em seis filtros de cores diferentes. Durante dez anos, cada posição no céu será observada mil vezes, criando um “filme” inédito do universo.

Como o Brasil irá colaborar

Como parte de sua contribuição, o Brasil será responsável por gerir um grande centro de dados, o Independent Data Access Center (IDAC), dedicado ao armazenamento e processamento de parte das informações geradas pelo LSST. O centro, desenvolvido pelo LineA, será parte de uma rede global de centros de dados. Estima-se que, ao longo de uma década, serão catalogados cerca de 37 bilhões de objetos celestes.

De acordo com o astrofísico Luiz Nicolaci da Costa, diretor do LineA, dados preliminares estarão disponíveis já no segundo semestre deste ano. “Os jovens pesquisadores terão acesso privilegiado aos dados e poderão fazer ciência de qualidade. Esse projeto é único. É uma mudança de paradigma”, afirmou.

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O astrofísico Luiz Nicolaci da Costa prevê a divulgação de dados preliminares ainda este ano. | Foto: Reprodução/Youtube

O objetivo central do projeto é desvendar a natureza da energia escura, um dos maiores enigmas da física moderna, observando um vasto volume do espaço.

O LSST não só ampliará nossa compreensão do universo, mas também impulsionará o desenvolvimento de novas tecnologias de análise de dados e inteligência artificial no Brasil. O LineA, como herdeiro do programa de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), lidera a contrapartida brasileira, mas ainda busca recursos estimados em R$ 6 milhões anuais para viabilizar o projeto.

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