O III Fórum Agrário de Sociobiodiversidade da 3ª Região Agrária do Ministério Público do Pará (MPPA) se destaca pelo fomento ao diálogo, troca de experiências e busca por soluções para os desafios enfrentados pela agricultura familiar na região sudeste do Estado.
O evento aconteceu nesta sexta-feira, 23, e teve como público-alvo pequenos e grandes produtores rurais, associações rurais, cooperativas de trabalho rural, gestores municipais, estudantes e a comunidade em geral.

O objetivo do encontro que está virando tradição é promover a inclusão e a capacitação daqueles que trabalham na terra, buscando, entre outros, a criação de mercados mais justos e que valorizem o trabalho e os produtos da agricultura familiar
Para a promotora Alexssandra Mardegan, titular da Vara Agrária, a agricultura familiar é o coração pulsante da sociedade, mesmo diante dos inúmeros desafios que ainda enfrenta. Segundo ela, a biodiversidade e a produção de alimentos nutritivos para as comunidades são temas centrais, evidenciando a interconexão entre as práticas agrícolas sustentáveis e a saúde e bem-estar das populações locais.

“Apesar dos desafios e dificuldades, temos caminhado com louvor, crescido e produzido em meio às adversidades que não são poucas. Meu trabalho não seria o que é hoje se vocês (produtores) não tivessem segurado na minha mão. Hoje, nosso maior desafio é levar política pública efetiva até a ponta, todos aqui sabem disso. Temos uma preocupação de oferecer um pouco mais de tecnologia. O pequeno produtor tem diversos desafios, mas ele tem que produzir mais, no pequeno espaço que possui. E pra isso precisa de tecnologia, e contamos com as nossas universidades e seus pesquisadores para iniciarmos uma nova etapa”, disse Alexssandra Mardegan.
Durante a abertura do evento, a promotora e atual coordenadora do MPPA no sudeste do Estado, Josélia Leontina Barros, também participou e deu as boas-vindas aos presentes no evento.

João Chamon Neto, secretário Regional de Governo do sul e sudeste do Pará, parabenizou a Promotoria pelo evento e colocou o Estado à disposição para apoiar os projetos desenvolvidos pela Agrária do MP. “Além de mostrar a produção, nós nos deparando com lideranças de vários municípios da nossa região. Tenho percorrido o sul e sudeste deste Estado, e vejo o trabalho que a promotora Alexssandra tem feito, atuando no fortalecimento da agricultura família”, reconheceu Chamon.
Mais do que um encontro, o Fórum Agrário de Sociobiodiversidade é concebido como um espaço de diálogo onde é possível compartilhar experiências bem-sucedidas e encontrar soluções para os obstáculos que se impõem nos 23 municípios que compõem a 3ª região agrária do MPPA.
Expositores
Todos os 23 municípios participaram do evento expondo produtos da agricultura familiar.
De Rondon do Pará, Flávio Lima, que trabalha com derivados do leite, ficou surpreso com a proporção do Fórum em Marabá. “Um ótimo lugar para mostrar nossos produtos. Hoje meu mercado é só Rondon, mas tenho andado em outras cidades e quero expandir meu negócio, por isso eu quis participar do evento”, conta o trabalhador do campo, que atua com mais de 15 produtos derivados do leite, entre iogurtes, doces e queijos.
Há sete anos no ramo, ele afirma que começou por necessidade. Filho de produtores rurais, a experiência e os conselhos dos mais antigos deram o pontapé inicial no projeto que tem ele e a esposa na linha de produção.
“Dá pra tirar um bom dinheiro. Antes eu tirava o leite e meu comprador falava o preço que ele ia pagar. Hoje quem dita o preço sou eu”, comemora.
De São Geraldo do Araguaia para o restante do Brasil, Taylane Amorim, a Tatá, trouxe para o Fórum seus queijos e doces de leite premiados. “Conseguimos nos consolidar com o nosso produto artesanal, temos conseguido fazer com que o consumidor final entenda a importância da agricultura familiar. E, participar do Fórum pela segunda vez é um prazer. Gosto muito de estar aqui. Foi da agricultura familiar que a gente veio”, disse, orgulhosa.
Mas, antes de ser reconhecida nacionalmente por seus produtos, ela conta que passou dois anos consecutivos perdendo leite e muitas receitas na tentativa de acertar o ponto perfeito.
Natural de Teresina, ela se mudou para a zona rural de São Geraldo em 2011, e relembra que sempre via o “cara do leite” passar e pensava: ‘vou fazer doce de leite, no youtube tem tanta receita. Hei de acertar alguma’.
O ERRO A MOTIVOU
“Não acertei nada. Foi cruel. Era um doce de leite vendável, mas não era nessa textura que é hoje, que é um doce de leite que comparo ao de Viçosa. Acho que o erro me motivou. Produzimos no primeiro ano, literalmente, por afetividade. É muito caro produzir. Mas deu certo. Gosto de produzir e ensinar”, diz Tatá que se formou em tecnologia alimentar e atualmente produz numa queijaria artesanal e possui o título, desde abril de 2024, de 3º lugar de melhor queijeiro do Brasil, pelo Campeonato Mundial do Queijo do Brasil.
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