Vereadores pedem revisão na segurança da Câmara após Thabatta sofrer transfobia

Vereadores da Câmara Municipal de Natal pediram à Mesa Diretora, nesta quarta-feira 21, que promova mudanças no sistema de segurança da Casa após a vereadora Thabatta Pimenta (Psol) ser vítima de ataques transfóbicos no dia anterior, durante a votação do título de Cidadão Natalense para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso foi denunciado à Polícia Civil, através do registro de um boletim de ocorrência.

Os ataques contra Thabatta, que é uma mulher trans, foram filmados pela assessoria da própria parlamentar, que divulgou um vídeo nas redes sociais. Entre outros termos, Thabatta foi chamada de “mulher do Paraguai”. As ofensas foram proferidas por pessoas que acompanham a sessão a partir das galerias.

“A delegada me perguntou o que a Câmara fez para me proteger. Eu disse: nada. Era para ter havido voz de prisão no ato”, afirmou a vereadora do Psol, cobrando uma resposta institucional diante do que classificou como crime de ódio. “Eu temo pelas mulheres desta Casa. O que aconteceu diz muito sobre como esta Casa precisa defender as mulheres que estão aqui”, acrescentou, em discurso na sessão desta quarta.

Outros parlamentares se solidarizaram com a colega. A líder da oposição, Brisa Bracchi (PT), disse que os ataques contra Thabatta foram “ofensas criminosas”. “Não toleramos que isso seja feito contra ninguém. Qualquer um de nós não pode ser tratado assim por alguém que vem à galeria desta Casa. Faço apelo à Mesa Diretora. Este é um assunto sério e precisa ser encarado desta forma”, disse Brisa.

O vereador Cláudio Custódio (PP) disse que a Câmara precisa rever seu esquema de segurança. Além dos ataques a Thabatta, ele citou o episódio em que o vereador Matheus Faustino (União) foi atingido por um soco durante uma discussão acalorada com manifestantes que acompanhavam uma sessão nas galerias. Este caso aconteceu em abril.

“Na próxima vez, quero que você me fale, para que essa palhaçada não ocorra de novo. É crime. Uma coisa é vaiar os vereadores da oposição. Pode criticar, tudo certo. Mas, da forma como foi feito, de forma ofensiva e criminosa, isso é inaceitável”, acrescentou Custódio.

Além de classificar os ataques como “ofensas gravíssimas”, Leo Souza (Republicanos) recomendou à Mesa Diretora que todos os visitantes da Câmara sejam identificados a partir de agora. “Fica a sugestão para que, até para os visitantes recebam identificação. Cola um adesivo na vestimenta, identifica quem autorizou, para onde está indo… O que acontece hoje é que as pessoas entram, ofendem, falam o que querem, se sentem no direito da invisibilidade que a multidão permite”, relatou. “Espero que a Mesa Diretora tome isso como prioridade. É a nossa segurança que está aqui em jogo”, disse.

Já o vereador Daniel Valença (PT) acrescentou: “Foi uma manifestação ilegal, criminosa, transfóbica. Atenta contra os direitos humanos e contra a ordem constitucional e tem que ser combatida pela Casa”. Ele levantou ainda a hipótese de a mulher ser funcionária da Câmara lotada no gabinete de algum vereador.

“Se foi algum assessor, não tem condição nenhuma de trabalhar nesta Casa. Quem está aqui para assessorar é para contribuir no mandato, na produção, não para agredir vereador. E se nós não tomarmos cuidado, isso vai ser normalizado, porque tem gente aqui que não tem o menor senso democrático”, declarou Valença.

Segunda secretária da Câmara e presidente da sessão nesta quarta-feira, a vereadora Camila Araújo (União) prometeu que a Mesa Diretora irá se reunir para tratar do tema e buscar alternativas. Ela disse que vai levar o caso para o presidente titular da Câmara, o vereador Eriko Jácome (PP), que estava ausente da Casa nesta quarta-feira.

“Todas as falas são importantes, pertinentes demais. A Mesa Diretora vai se reunir, tomar os devidos cuidados. A Mesa vai dialogar sem seletividade. Tem matérias polêmicas, que divergem opiniões, e ambos os lados sofrem violência”, declarou.

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