A deputada estadual Isolda Dantas (PT) afirmou que a imagem construída pelo prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) nas redes sociais não condiz com a realidade enfrentada pela população de Mossoró. Em entrevista à 98 FM, ela criticou a gestão do prefeito, a forma como a comunicação oficial tem sido utilizada para ocultar problemas e apontou que o silêncio da imprensa local é comprado por contratos de publicidade.
“O que aparece nas redes não é a Mossoró que eu vivo. Há uma diferença brutal entre o que se mostra e o que se sente nas ruas”, disse ela, na última segunda-feira 19. Para a deputada, há uma estrutura midiática “matriculada” com a prefeitura, o que inibe o contraditório. “É um silêncio sepulcral. Só tem Bruno Barreto, a Gazeta, o Na Boca da Noite. Poucos veículos têm coragem de dizer o que acontece”.
Isolda disse que tem se manifestado sobre os temas mais polêmicos relacionados à cidade, mas reconhece que a oposição encontra dificuldades para repercutir suas posições em razão do cerco comunicacional. Citou como exemplo o Anel Viário da cidade, que é divulgado como obra da prefeitura, mas, segundo ela, é fruto de investimento do Governo Federal.
“Eu mesma destinei emenda para um castramóvel em 2020 e nunca fui sequer convidada para a entrega. Não há republicanismo na gestão de Allyson”, afirmou. A deputada, que já foi vereadora em Mossoró, disse conhecer profundamente a Câmara Municipal e classificou a atual legislatura como “muito difícil”. Reforçou que hoje apenas duas vereadoras de oposição atuam na cidade e ambas são do PT.
Questionada sobre o apoio que deu em 2024 à candidatura do então presidente da Câmara, Lawrence Amorim (PSDB), à Prefeitura, Isolda negou que ele fosse bolsonarista, ainda que tenha votado em Jair Bolsonaro (PL). “Tem uma diferença significativa entre votar e defender o que Bolsonaro representa. Eu nunca vi Lawrence defender absurdos como ódio a mulher, LGBT, negro ou ciência”, disse.
Para ela, naquele momento, o nome de Lawrence reunia as melhores condições para fazer frente a Allyson. “Não mudei meu discurso, não mudei minha coerência. Apoiei quem tinha melhores chances de enfrentá-lo”, afirmou.
Eleições 2026
A parlamentar também abordou as eleições de 2026 e reafirmou apoio à pré-candidatura do secretário da Fazenda, Cadu Xavier, ao Governo do Estado. Disse que Cadu representa a continuidade do projeto iniciado pela governadora Fátima Bezerra (PT) e que não há razão para que o PT não aposte em uma nova liderança.
“Cadu é preparado, conhece as dificuldades que o governo enfrentou. Está pronto e quer ser governador”, afirmou. Ela também reafirmou que seu primeiro voto para o Senado é da governadora Fátima e que gostaria de votar em Zenaide Maia (PSD) como segunda opção, mas condiciona isso à adesão de Zenaide ao projeto liderado por Cadu.
A deputada estadual afirmou que tem sido estimulada a disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, mas ainda avalia o cenário. Disse que, caso concorra a federal, as candidaturas estaduais da sua corrente serão as da vereadora Brisa Bracchi e do secretário estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar, Alexandre Lima.
Sobre o MDB e o vice-governador Walter Alves, Isolda disse que reconhece a importância da aliança construída na reeleição de Fátima e afirmou que, caso Walter desejasse ser o candidato à sucessão, teria o apoio do PT. Disse ainda que Walter não manifestou disposição de disputar o governo e que por isso o nome de Cadu foi escolhido.
A deputada também defendeu o papel de Ezequiel Ferreira (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa, como aliado do governo. Disse que a decisão sobre o cargo que ele deve disputar dependerá da estrutura de seu partido, já que o sistema de coligações foi extinto e cada sigla precisa montar sua própria nominata. Rechaçou a possibilidade de Ezequiel ingressar na federação composta por PT, PCdoB e PV, classificando a hipótese como especulação.
Isolda ainda comentou sua atuação legislativa, apontando leis aprovadas nos últimos anos que conectam a agricultura familiar ao poder público, garantem sementes adaptadas a cada região e fomentam a economia solidária. Citou a criação do programa estadual de assistência estudantil para alunos do ensino médio e reforçou que sua atuação está ancorada nos movimentos sociais, mas também no diálogo com o empresariado.
Afirmou ainda que nunca teve medo de se posicionar e que, mesmo diante de ameaças, perseguições e comentários misóginos nas redes sociais, não deixará a política. “Eu tenho medo, mas não uso. Isso tudo só me fortalece. Continuarei fazendo política porque acredito nesse projeto”, concluiu. l