O Núcleo de Arte e Cultura da UFRN (NAC) abre no dia 23 de maio de 2025, às 18h30, a exposição Fértil, da artista e professora Mariana do Vale, vinculada ao Departamento de Artes (Deart/UFRN). Com entrada gratuita, a mostra poderá ser visitada de 26 de maio a 20 de junho, na Galeria Conviv’Art, situada no Campus Central da universidade.
A exposição reúne obras que nasceram a partir de práticas ligadas à reprodução assistida e propõe um diálogo entre arte, performance e política, explorando a reprodução como uma ferramenta de resistência e afirmação de identidades dissidentes.
Maternidade lésbica e arte como campo de disputa
Com base em experiências pessoais relacionadas à maternidade lésbica e ao processo de reprodução assistida, a exposição mergulha em temáticas como identidade, feminismo, fracasso, amamentação, medicalização e sanidade. Ao invés de apenas representar esses assuntos, a artista os transforma em material de criação e enfrentamento, desafiando as normas heteronormativas e propondo outras formas de existência e criação.
As obras fazem parte da pesquisa de doutorado de Mariana do Vale e incluem produções tanto individuais quanto colaborativas, desenvolvidas no Laboratório Criativo Fértil. Esse espaço experimental reuniu parcerias com artistas como Aldenor Prateiro, AnaLu Medeiros, Ana Paola Ottoni, Elisa Elsie, Evelyn Freitas, Lee Santos, Nikarla Silva e Priscilla Fontenele.
Experiência sensorial e ativismo visual
A exposição apresenta uma multiplicidade de linguagens, combinando videoperformances, instalações, serigrafias, gravuras, cianotipias e fotografias, num percurso visual que propõe uma imersão sensível e reflexiva. Segundo a curadora Ana Paola Ottoni, “o corpo feminino, neste projeto, é entendido como um território ativo e insurgente, onde se cruzam biotecnologia, desejo e política”.
Mariana do Vale explica que “o título Fertil reune muitas das questoes da pesquisa. Questiono as relações politicas que envolvem a infertilidade e que assumem a mulher como serva da especie e do capitalismo. A partir daí proponho que a fertilidade de um casal lesbico como estrategia subversiva politicamente, mas tbm artisticamente.” Para ela, a arte não tem função meramente ilustrativa, mas atua como meio de transformação, subversão e produção de novos significados sobre o corpo, a reprodução e as subjetividades.
Sobre a artista
Mariana do Vale é artista visual e professora do Departamento de Artes da UFRN. Sua produção explora temas como intimidade, corpo, pele e espaço, tendo na fotografia, no vídeo e na performance seus principais meios de expressão.
É doutora em Arte Contemporânea pelo Colégio das Artes da Universidade de Coimbra e mestre em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Ao longo de sua trajetória, participou de programas e residências artísticas como o Imersões Poéticas da Escola sem Sítio (2021), o Summer Residency da School of Visual Arts, em Nova York (2013), e o Master Internacional em Fotografia da EFTI, em Madri (2009).
Entre as exposições recentes, destacam-se as coletivas Viva Brasil (Coimbra, 2022), Cataploft (virtual, 2021), Motel Coimbra e Ateliê Aberto (Coimbra, 2019), além da individual Pactos de Intimidade (Rio de Janeiro, 2018) e Duna: a busca de um si a que pertencer (SESC/RN, 2017). Também integrou mostras em países como México, Costa Rica, Espanha e Estados Unidos.
Em Natal, Mariana coordena o Duas Estúdio, espaço que atua como escola de artes, produtora cultural e galeria.
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