O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vai realizar a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA). O evento acontecerá na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no dia 30 de maio, às 9h, com debate e lançamento de livro.
A discussão acontecerá no auditório da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM), sobre o tema “A questão agrária no Brasil e no RN: lutas, experiências e desafios”. O espaço terá participação de Williana Soares, que compõe a direção nacional do MST, do professor Jonas Duarte, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e do professor Cesar Sanson, da UFRN.
No mesmo espaço, também vai acontecer o lançamento do livro “Fronteiras Conquistadas: uma etnografia da luta pela terra no oeste catarinense”, com a presença da autora e também professora Elisete Schwade, da UFRN.
Não é a primeira vez que a Jornada Universitário acontece no RN, tendo sido já realizada em outros momentos, segundo Genilson Gomes, da direção estadual do MST e que compõe o setor de formação. A jornada acontece a nível nacional organizada pela MST e universidades públicas desde 2013.
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“A Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária consiste num conjunto de ações articuladas promovidas por grupos organizados em Instituições de Ensino Superior, em parceria com outras organizações e movimentos sociais, na defesa da Reforma Agrária e da educação pública, como bases para construção de um projeto popular para o país; reconhecendo os movimentos sociais populares do campo como sujeitos coletivos de produção do conhecimento e a legitimidade de suas lutas em defesa da qualidade da alimentação do povo brasileiro e da democratização da terra, da educação, da cultura e da comunicação, a fim de incidir internamente, no ambiente acadêmico, e externamente, para a sociedade e para os meios de comunicação de massa”, aponta Genilson Gomes.
Em 2024, a JURA celebrou os 40 anos do MST e, em 2025, o lema da Jornada será “Defender a vida, combater o agronegócio!”. Na UFRN, o evento acontece em parceria com o Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão das Ciências Sociais e Antropologia (LABEPECS).
“Com esse lema, sinalizamos que a construção da Reforma Agrária Popular não é possível sem o enfrentamento ao agronegócio, pois este é responsável pela concentração fundiária, pela violência no campo, pela superexploração do trabalho, pela fome e pela devastação ambiental”, aponta o dirigente sem-terra.
Trabalho do MST
No Rio Grande do Norte são cerca de cinco mil famílias em acampamentos do MST. O movimento produz uma variedade de produtos, que vão do feijão às frutas, tendo entregue durante a pandemia café, arroz e mais em parceria com outros Estados. Em 2017, o MST se tornou o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Foram 27 mil toneladas produzidas em 22 assentamentos diferentes e envolvendo 616 famílias do Rio Grande do Norte. Nacionalmente, o movimento ainda é referência na produção de leite, uva, suco de uva e até chocolate orgânico, que é exportado para China, França e outros países.
“Nós temos uma produção muito grande nos assentamentos e também há acampamentos que produzem muito também. Inclusive, nós temos uma cooperativa que consegue vender os produtos para o governo, hospitais, IF, mas infelizmente a quantidade de vendas ainda é muito pouca”, lamenta Gomes, que diz que falta investimento para a agricultura familiar.
Segundo informações da imprensa, o MST pediu ao governo Lula para ampliar em pelo menos R$ 1 bilhão o orçamento para a reforma agrária. O desejo é fazer o assentamento imediato de 65 mil famílias acampadas. Para Genilson Gomes, o governo Lula 3 “infelizmente é um governo de muitas alianças, e essas alianças causam muita disputa.”
“Então, infelizmente, ainda temos que lutar por orçamento, tanto do investimento para assentar as famílias, como também do recurso para o investimento na produção e desenvolvimento dos assentamentos, nas cooperativas, na industrialização, tudo isso, inclusive do Pronera também, na educação, que também falta orçamento”, afirma. O Pronera é o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, que visa promover a educação em áreas de reforma agrária.
“Então, se tem o governo, se tem as políticas, mas o que falta realmente é isso, é o orçamento que não se tem, que é uma disputa muito grande entre os ministérios. Infelizmente, o MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário] não consegue viabilizar isso para as demandas que o movimento tem para a reforma agrária”, aponta Gomes.
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