África em Manaus: Rede Amazônia Negra Fortalece Articulação e Debate sobre Sustentabilidade e COP30

Nos dias 7, 8 e 9 de maio, a capital amazonense tornou-se palco do encontro nacional da Rede Amazônia Negra (REAN), uma iniciativa da Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN Norte). Lideranças negras dos estados da Amazônia Legal se reuniram para debater temas cruciais como Amazônia Negra, sustentabilidade, meio ambiente e a предстоящая (próxima) COP30. A Agência de Notícias das Favelas (ANF) acompanhou de perto os três dias de evento, trazendo detalhes exclusivos para seus leitores.

A abertura do encontro ocorreu na noite de quarta-feira (7), no simbólico Estande das Crioulas do Quilombo São Benedito, localizado na Praça 14 de Janeiro, um dos bairros mais antigos de Manaus e lar de um importante quilombo urbano reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial. Fundado por descendentes de escravizados maranhenses no final do século XIX, o Quilombo São Benedito pulsa história e resistência.

O coordenador operacional da REAN, Paulo Axé, do Amapá, deu as boas-vindas aos participantes, contextualizando a criação da rede em 2003, durante um fórum no Amapá. Ele ressaltou a importância histórica dos movimentos negros na região amazônica, citando marcos como o Movimento Negro Unificado (MNU) no Pará (1978), a União dos Negros do Amapá (UNA) (1986) e o Movimento Alma Negra (MOAN) no Amazonas (1980).

Paulo Axé enfatizou a necessidade de divulgar essas “marcas de resistência” originais da Amazônia e a importância de expandir o conhecimento sobre outros movimentos na região. Ele mencionou a primeira coordenadora da REAN, Selma Dealdina, e a trajetória de Luiza Bairros, do MNU, que implementou o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR). Ao abordar desafios internos, relatou um rompimento com a executiva e a formação de um colegiado em estruturação. Criticou a falta de centralidade da pauta da igualdade racial para a Amazônia no governo federal e a necessidade de representatividade regional em instâncias nacionais.

“Temos legitimidade, falamos do nosso lugar, no Amazonas, do Mato Grosso ao Maranhão!”, afirmou Paulo Axé, ao apresentar a ideia de um banco de projetos para troca de informações e captação de recursos, como a iniciativa “O poder das plantas!”.

Keilah Fonseca, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), reforçou a importância da REAN para a continuidade da resistência e a valorização das comunidades quilombolas, muitas delas com estrutura matriarcal. Ela destacou a urgência de uma delegacia especializada em crimes contra a população negra e de espaços de acolhimento e defesa dos direitos humanos.

Goreth da Silva Pinto, representando a Associação de Mulheres Negras do Acre, compartilhou sua experiência desde 2015 na REAN, destacando o papel da rede na luta contra o racismo e o machismo na Amazônia, com um olhar específico para a região junto ao Ministério da Igualdade Racial e ao Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Ela celebrou a mudança de perspectiva em relação aos projetos, valorizando agora os técnicos locais com experiência nas realidades amazônicas.

A representante indígena de Itapiranga, Clara Mura, expressou a disposição dos povos originários em somar forças com o movimento negro, reconhecendo as demandas e dificuldades em comum.

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