José “Pepe” Mujica, um símbolo da política popular na América Latina

Morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, o ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, carinhosamente chamado de Don Pepe. Figura admirada por muitos povos da América Latina, especialmente pelos que vivem nas periferias, favelas e zonas populares. Conhecido por seu estilo de vida simples, seu discurso humanista e suas políticas voltadas para a justiça social, Mujica deixa um legado que vai muito além das fronteiras do seu país. Don” Pepe, que completaria 90 anos no próximo dia 20, havia anunciado, em abril do ano passado, ter recebido diagnóstico de câncer no esôfago. Desde então, passou a ter uma vida mais reclusa, com raras aparições. Ele vivia em uma chácara nos arredores de Montevidéu.

O tumor acabou se espalhando para outras partes do corpo, e Mujica vinha fazendo tratamento paliativo nos últimos tempos, segundo declarou sua esposa, Lucia Topolanksy, ao jornal uruguaio La Diaria. De acordo com ela, o ex-presidente estava em estágio terminal e recebendo conforto por parte da equipe médica. Por causa das condições de saúde, Pepe não chegou a ir votar nas eleições regionais do país, realizadas no último domingo (11).

Ex-guerrilheiro tupamaro, Mujica enfrentou a ditadura militar uruguaia e passou mais de uma década preso, grande parte do tempo em condições desumanas. Após a redemocratização, se tornou deputado, senador, ministro da Agricultura e, de 2010 a 2015, presidente da República. No cargo mais alto do país, ficou conhecido como “o presidente mais pobre do mundo”, por abrir mão do palácio presidencial e doar boa parte do seu salário para instituições sociais.

Mujica era frequentemente lembrado por seu jeito direto, por usar roupas simples, morar numa chácara modesta e dirigir seu próprio Fusca azul. Mas também foi responsável por avanços progressistas no Uruguai, como a legalização da maconha, do aborto e do casamento igualitário.
“Não venho do berço da política tradicional. Venho da miséria, da periferia, da pobreza, da vida dura”, disse certa vez em um discurso que ecoa fortemente nas quebradas latino-americanas.

Mesmo depois de deixar a presidência, Mujica continuou sendo uma voz ativa contra a desigualdade social, a ganância do sistema capitalista e a destruição ambiental. Sua coerência entre fala e prática fez com que ele se tornasse uma inspiração para movimentos sociais e jovens lideranças de todo o continente.

A notícia da morte de Mujica gerou comoção em diversos países. Presidentes, líderes populares e cidadãos comuns prestaram homenagens nas redes sociais, destacando sua humildade, coragem e compromisso com os que mais precisam.

Para muitos nas favelas brasileiras, Mujica representava uma esperança de que é possível fazer política de forma ética, honesta e próxima do povo. Ele provou que simplicidade não é sinônimo de fraqueza, mas de força moral.

O legado de Pepe Mujica permanece vivo, especialmente entre os que sonham com um continente mais justo, solidário e humano. Como ele mesmo dizia: “A vida é bela quando se luta por uma causa.”

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