Diante das várias denúncias relatadas nos últimos dias de assédio sexual e assalto com sequestro, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) decidiu reforçar a segurança com a intensificação do patrulhamento que é realizado dentro do Campus Central, além de apoio às investigações que estão sendo desenvolvidas pela polícia. “A segurança já intensificou a ronda dentro da universidade e intensificará mais ainda, agora, envolvendo essas questões. É bom que se destaque que esse é um caso de segurança pública e que a UFRN não está blindada disso“, admite Maria das Vitórias Almeida de Sá, Ouvidora da UFRN.
Na última quarta (9), uma aluna do Centro de Biociências da Universidade foi sequestrada logo depois da última aula, quando entrava no carro para ir embora. Além disso, inúmeras estudantes já relataram terem sido vítimas de assédio sexual dentro do ônibus circular da UFRN.
Desde o início do ano até 25 de abril, a Ouvidoria registrou nove manifestações relativas a assédio moral ou sexual. Em 2022, foram 47 denúncias registradas; 12 em 2021; 20 em 2020 e 26 em 2019. Uma das denúncias mais recentes de assédio dentro do ônibus que faz a linha circular traz o depoimento de, pelo menos, 20 vítimas.
“A Diretoria de Segurança Patrimonial (DSP) recebeu duas notificações dia 4 e nesse mesmo dia foi procurada pela Delegacia de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher e as informações foram repassadas. Nos dias 4 e 5 a Ouvidoria recebeu três denúncias, sendo que uma delas trazia um extrato de falas de cerca de 20 pessoas, provavelmente alunas, explicando o que aconteceu, quando aconteceu e a forma como aconteceu, além de características do agressor. A partir daí a Ouvidoria encaminhou as denúncias ao DSP que foi estudar e criar um plano estratégico de enfrentamento em apoio à polícia, porque esse é um caso de polícia”, ressalta Maria das Vitórias Almeida de Sá.
Saiba +
Mulheres estudantes da UFRN fazem marcha e ato após casos de assédio

Por medo de assaltos e assédios, Ana Júlia só anda em grupo. Uma de suas amigas foi vítima de importunação sexual dentro do circular da UFRN.
“Ela contou que ficou bastante desconfortável e que ficou com medo de ter sido coisa da cabeça dela. Ela guardou isso pra si, mas depois contou pra gente. Ela ficou bastante triste com a situação e envergonhada. A gente não pode andar sozinha, tem sempre que estar acompanhada, às vezes sai daqui tarde da noite. Se o circular tá muito cheio a gente não sabe de quem ficar perto, em quem confiar”, desabafa Ana Júlia Cabral, estudante audiovisual.
Para as mulheres, a estratégia tem sido mesmo andar em grupo, mesmo que entre desconhecidos.
“Estou sempre procurando pela multidão, fico sempre visível, perto de alguém eu possa me proteger”, explica Daniela Ferreira, estudante de fisioterapia.
“Se você não está andando com mais gente junto, o medo é maior, principalmente quando está escuro”, acrescenta Albany Hellen Silva, estudante de biblioteconomia.
A UFRN informou que está mantendo contato com a Superintendência da Polícia Federal e com a Secretaria da Segurança Pública, no intuito de colaborar com as autoridades policiais nas investigações para identificação e localização de suspeitos.
“A universidade tem uma política de enfrentamento às violências. A Diretoria de Segurança Patrimonial (DSP) recebeu a 1ª notificação do que estava acontecendo no âmbito do circular, que é um serviço da STTU [Secretaria de Mobilidade Urbana] para a UFRN. Ele não é um ônibus da UFRN, mas é muito utilizado para transportar nossos alunos dentro da universidade e ele é aberto ao público”, ressalta a Ouvidora da UFRN.


Em protesto diante dos casos registrados, o Diretório Central do Estudantes organizou uma manifestação com apitos e cartazes, que passou pelos diferentes setores da universidade.
“Convocamos essa marcha, que passou dentro dos setores IV, II e III, justamente, por causa dos casos de assédio, que estão acontecendo na universidade. Até agora não tivemos um posicionamento da Reitoria sobre isso. Os apitos são um aviso de que não vamos ficar em silêncio diante das situações que estão acontecendo”, Mariana dos Santos, Coordenadora Geral do DCE da UFRN.

Além da Ouvidoria, a UFRN também conta com o Espaço Acolher, localizado na Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas (DDP), que foi criado em 2023 com o objetivo de oferecer um local de referência para acolhimento às pessoas em situação de violência, bem como para registro e os devidos encaminhamentos.
“Pode acontecer da vítima não se sentir pronta para falar sobre aquilo e nesse espaço ela recebe uma escuta qualificada para que ela consiga falar sobre aquilo. Nós precisamos conhecer os casos para podermos atuar nesse enfrentamento. É bom que se destaque que estamos falando de um crime e administrativamente o que é necessário está sendo feito“, destacou a Ouvidora.
A UFRN também utilizou as redes sociais para se manifestar e postou uma nota no instagram:
“A administração central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) recebeu nesta terça-feira, 15, representantes do Diretório Central de Estudantes (DCE) para tratar das recentes denúncias de casos de violência no campus central da instituição e discutir as ações que estão sendo reforçadas para a consecução do Programa de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e à Discriminação no âmbito da UFRN.
A UFRN está atenta aos atos que possam ameaçar a integridade física, emocional e patrimonial da comunidade universitária e reitera os esforços por melhorias contínuas na infraestrutura e nos recursos humanos, a fim de oferecer um campus universitário cada vez mais seguro aos seus frequentadores.
A instituição está mantendo contato com a Superintendência da Polícia Federal e com a Secretaria da Segurança Pública, no intuito de colaborar com as autoridades policiais nas investigações para identificação e localização de suspeitos, respeitando o sigilo e o tempo de cada operação.
Reforçamos, portanto, a importância da comunicação dos fatos aos veículos e autoridades competentes. Em caso de ocorrências nas imediações do campus central, a população deve comunicar à Diretoria de Segurança Patrimonial (DSP) por meio dos telefones 08000 84 20 50 e (84) 99193-6471, que funcionam 24 horas. Qualquer manifestação pode ser feita também à Ouvidoria da UFRN por meio dos canais (84) 99167-6605 (WhatsApp); Email
[email protected] ou o Portal Fala.BR.“
Assédio no circular
Mais de 20 alunas de diferentes cursos da universidade já relataram terem sofrido importunação sexual dentro dos ônibus circulares que trafegam por dentro do campus universitário.
Os depoimentos são parecidos, assim como a forma de agir do assediador. Várias vítimas já registraram Boletim de Ocorrência na Polícia Civil e abriram queixa na Ouvidoria da Universidade. Elas são abordadas pelo suspeito dentro do ônibus. Ele carrega uma bolsa grande, senta ao lado da vítima e usa o objeto para disfarçar o assédio, passando a mãos nas pernas das vítimas com a mão por baixo da bolsa.
Sequestro no campus
Na última quarta (9) uma aluna do Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), foi sequestrada quando seguia para o carro no estacionamento. Ela foi rendida e levada pelo sequestrador, que a liberou no bairro de Ponta Negra, ficando com seu carro e celular.
Saiba +
Estudante é sequestrada dentro do Campus Central da UFRN
Estudantes denunciam assédio dentro do ônibus circular da UFRN
The post UFRN reforça patrulhamento para tentar evitar crimes dentro do Campus de Natal appeared first on Saiba Mais.