O corpo de Bárbara Kelly Araújo Nascimento, 34 anos, morta após ser baleada durante um confronto entre criminosos e policiais militares na comunidade do Passo da Pátria, na zona Leste, na noite do último sábado (12), foi sepultado nesta segunda-feira (14) no cemitério do Bom Pastor, na zona Oeste de Natal. A família dela contesta a versão da Polícia Militar, afirmando que não houve “confronto”, mas “apenas a brutalidade de agentes do Estado que entraram atirando, sem qualquer respeito pela vida”.
Os moradores da comunidade, localizada entre os bairros do Alecrim e da Cidade Alta, fizeram um protesto na noite da operação policial que resultou na morte da jovem. A população queimou objetos para bloquear o trânsito na Avenida do Contorno, que margeia o Passo da Pátria.
O Batalhão de Policiamento de Choque da Polícia Militar do RN foi acionado para fazer a liberação da via. Bárbara, segundo a versão da Polícia Militar, teria sido atingida por uma bala perdida durante o confronto entre os criminosos e os policiais militares. Ela chegou a ser levada pelos moradores ao Hospital Walfredo Gurgel, mas não resistiu aos ferimentos.

O tiroteio teria começado durante u patrulhamento de rotina na comunidade pela Força Tática da Polícia Militar. Não há confirmação oficial sobre a origem do disparo que vitimou Bárbara.
A Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), em nota, informou que determinou a apuração dos fatos, tanto da morte da jovem quanto dos “procedimentos policiais realizados na localidade”.
O Comando da PMRN concedeu uma entrevista coletiva no final da manhã de hoje para prestar esclarecimentos sobre o caso.
Moradores dizem que não houve confronto e acusam PM

Os moradores do Passo da Pátria criaram um perfil no Instagram, onde postaram uma nota de repúdio dizendo que a comunidade estava de luto, acusando os policiais pela morte da jovem e pedindo “justiça por Bárbara”.
“Hoje, nossa comunidade está em luto e revolta. Bárbara, uma mulher de bem, uma mãe de família, foi covardemente assassinada pela polícia ao lado de casa, com a filha nos braços. Não houve troca de tiros. Não houve confronto. Apenas a brutalidade de agentes do Estado que entraram atirando, sem qualquer respeito pela vida”, diz trecho da nota postada no perfil criado em homenagem a Bárbara.
A nota também critica “jornalistas que se recusam a descer e ouvir a população”, afirmando que essa atitude “é cúmplice”. “Estão ouvindo apenas a versão da polícia, que mente para tentar justificar o injustificável”, diz o texto da publicação.
“Bárbara não era bandida. Bárbara era mãe, era filha, era parte da nossa comunidade e nós não vamos nos calar. Exigimos justiça”, completa a noite.
Movimento Olga Benário também acusa PM
O Movimento de Mulheres Olga Benário, em nota postada no Instagram, também responsabilizou a PM pela morte de Bárbara.
“Barbara era mãe, trabalhadora e foi assassinada pela Polícia Militar”, afirma mensagem publicada na conta oficial do movimento na rede social.
“Não é de hoje que a polícia oprime a população no Passo da Pátria”, denuncia a nota, acrescentando que a principal vítima da violência policial é “o povo das periferias, em especial as mulheres e crianças”.
“O Movimento de Mulheres Olga Benário se solidariza com a família nesse momento difícil. No sistema capitalista, é isso que é reservado para as mulheres da classe trabalhadora. Por isso, a solução é organizar a luta pela libertação da classe trabalhadora desse sistema. As mulheres no Passo da Pátria precisam se organizar para por fim a essa violência”, pregou o movimento.
Leia a íntegra da nota da Sesed:
Acerca do protesto realizado nas imediações da comunidade Passo da Pátria, na zona leste de Natal, fato ocorrido neste sábado (12), a Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social (SESED) informa que já determinou apuração dos fatos. De imediato, policiais militares foram enviados ao local para assegurar a realização do trabalho do Corpo de Bombeiros Militar, equipes da Polícia Civil e Instituto Técnico-Científico de Perícia, assim como também dos próprios moradores da região.
A apuração dos fatos inclui os procedimentos policiais realizados na localidade, assim como a morte de uma moradora da comunidade.
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