Brasil registra recorde de afastamentos por ansiedade e depressão em uma década

O Brasil enfrenta uma grave crise de saúde mental, com um impacto direto na vida de trabalhadores e empresas. Dados exclusivos do Ministério da Previdência Social, obtidos pelo G1, revelam que em 2024 houve quase meio milhão de afastamentos por motivos de saúde mental, marcando o maior número em pelo menos dez anos.

Em comparação com o ano anterior, as 472.328 licenças médicas concedidas representaram um aumento de 68%. Os transtornos mentais atingiram níveis de incapacidade como nunca antes. Psicólogos e psiquiatras atribuem esse crescimento à crise do mercado de trabalho, aos efeitos traumáticos da pandemia e a outros fatores.

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Brasil registra recorde de afastamentos por ansiedade e depressão em uma década

Medidas do Governo Federal

Diante da situação, o governo federal adotou medidas mais rigorosas para enfrentar o problema. O Ministério do Trabalho anunciou a atualização da Norma Regulamentadora 1 (NR-1), que estabelece diretrizes para a saúde no ambiente de trabalho. A partir de agora, a fiscalização sobre esses aspectos nas empresas será mais rigorosa, e o descumprimento pode resultar em multas.

Em 2024, o INSS recebeu 3,5 milhões de pedidos de licença, sendo que 472 mil dessas solicitações foram relacionadas à saúde mental. O número representa um aumento expressivo em relação ao ano anterior, quando 283 mil afastamentos foram concedidos por motivos similares.

Aumento no Número de Afastamentos

Os maiores índices de afastamento foram registrados nos estados mais populosos, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. No entanto, quando a proporção é analisada em relação à população de cada estado, o Distrito Federal, Santa Catarina e Rio Grande do Sul apresentam os maiores índices. No caso do Rio Grande do Sul, um fator relevante pode ter sido a tragédia das enchentes, que afetou profundamente a vida e o trabalho de muitos cidadãos.

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Brasil registra recorde de afastamentos por ansiedade e depressão em uma década

Perfil dos Trabalhadores Afastados

A maioria dos trabalhadores afastados por questões de saúde mental são mulheres (64%), com idade média de 41 anos, e enfrentam quadros de ansiedade e depressão. Essas mulheres, em média, ficam até três meses afastadas do trabalho. Especialistas apontam que o aumento do afastamento entre as mulheres está relacionado a fatores sociais, como a sobrecarga de trabalho, a desigualdade salarial, a responsabilidade pelo cuidado da família e a violência doméstica.

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Brasil registra recorde de afastamentos por ansiedade e depressão em uma década

Causas Multifatoriais

Os transtornos mentais têm várias causas, e não há uma explicação única para o aumento desses casos. Entre os fatores destacados por especialistas estão:

  • O luto pós-pandemia, que resultou em mais de 700 mil mortes no Brasil.
  • O estresse emocional causado pela crise, com anos de isolamento social.
  • A insegurança financeira gerada pelo aumento do custo de vida, com destaque para a alta de 55% no preço dos alimentos entre 2020 e 2024.
  • A crescente informalidade no mercado de trabalho.
  • O fim de ciclos, como o aumento de 16% nas separações durante a pandemia.

A atualização da NR-1, segundo especialistas, é uma tentativa de colocar a saúde mental no centro das discussões sobre o ambiente de trabalho. No entanto, para que a mudança tenha impacto real, é essencial que as empresas adotem práticas efetivas para apoiar seus trabalhadores.

Com informações do G1*

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