Projeto de arborização quer plantar 5 milhões de mudas no RN

O projeto Arboriza Natal, que planeja se expandir em 2025, agora também pode ser chamado de Arboriza RN. Criado em 2011 no âmbito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) pelo professor Robério Paulino, o projeto de extensão já produziu mais de 250 mil mudas de árvores em Natal e quer aumentar a produção para 5 milhões de mudas nos próximos anos, que deverão ser plantadas em todo o estado.

Para alcançar seu objetivo, o projeto está elaborando parcerias com instituições e buscando mais apoio do poder público e da sociedade civil. A meta é incentivar o plantio e o cuidado com as plantas em todo o Rio Grande do Norte, não apenas na capital potiguar, mesmo que, segundo o professor, Natal seja “muito mal arborizada”.

De acordo com o professor e ex-vereador Robério Paulino, que coordena o projeto junto à também docente Vânia Alberon, “o projeto parte da constatação de que há uma crise climática e ambiental muito grave no planeta, e que nós estamos numa corrida contra o tempo para evitar um desastre”.  

Arboriza Natal planta mudas atrás do prédio do CCHLA – Foto: cedida

O Arboriza RN funciona atrás do prédio do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA/UFRN), na UFRN, em Natal. Lá, segundo Paulino, o projeto tem um estoque de 50 mil mudas e promove um mutirão de doação de mudas todos os sábados.

Há cerca de 14 anos, o projeto de extensão surgiu com o nome Plante Enquanto é Tempo e, em 2021, tornou-se Arboriza Natal. Robério, que é ligado ao Instituto de Políticas Públicas da UFRN, ficou afastado da coordenação quando assumiu um mandato parlamentar. 

Ele propôs, na Câmara de Natal, a lei que dispunha sobre o plantio de 50 mil árvores na cidade, mas diz que a Prefeitura Municipal não cumpriu a meta na gestão passada.

Apoios e parcerias

O projeto de extensão funciona e é gerido no âmbito da UFRN, com apoio de profissionais e estudantes de departamentos como o IPP e o Centro de Biociências. Além disso, tem parcerias com instituições como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.

Segundo Robério, o apoio do IFRN vai ajudar a cumprir a ambiciosa meta de plantar na escala dos milhões. Isso porque o instituto federal estaria viabilizando a instalação de um viveiro a cada campus. O IFRN Campus Central, em Natal, já tem um viveiro de mudas.

Parcerias institucionais ajudam na expansão do projeto – Foto: cedida

A meta de plantio foi construída pelo projeto de arborização na 1ª e na 2ª Conferência Potiguar do Clima. “Nós aprovamos produzir e plantar no sertão potiguar, 5 milhões de árvores, mas para isso precisa produzir essas mudas”, diz Robério. “Nós mudamos o projeto para ter uma amplitude estadual”.

Sobre outros apoios, ele definiu que o Governo do Estado contribui de forma “timidamente” e que a Prefeitura do Natal está “fazendo bem menos do que deveria” na parte de arborização. O projeto está buscando apoio da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn).

Por outro lado, ele celebra o engajamento da UFRN e da comunidade que comparece às ações de conscientização ambiental. “Tanto que nós já produzimos e distribuímos de graça essas 250 mil mudas. Nós já doamos mudas para mais de 100 prefeituras do Rio Grande do Norte”, informa o coordenador. 

O coordenador também cita a Universidade Federal do Semiárido (Ufersa), que em 2024 “fez um compromisso conosco de montar um viveiro lá e produzir 100 mil mudas. E eles produziram 100 mil mudas”.

Ainda no escopo da conscientização ambiental, Robério alerta que os últimos anos foram os anos mais quentes da história do planeta e que o RN vive em meio a essa emergência climática, que ameaça também o semiárido potiguar. Além disso, há a desertificação.

Na avaliação dele, “Natal é uma das cidades mais mal arborizadas do Brasil. Uma das capitais mais mal arborizadas do Brasil. Por que isso acontece? Porque a mentalidade das nossas elites políticas é muito tosca, é muito limitada. Não entendem a importância da arborização da cidade”. 

“Nós precisamos arborizar a cidade densamente. Esse é o objetivo do projeto. Arborizar densamente e rapidamente, e também produzir milhões de mudas para plantar no sertão”. 

Aos sábados, a partir das 8h, o projeto promove um mutirão de mudas, que inclui um café da manhã coletivo e geralmente tem música. Crianças comparecem para aprender a plantar árvores, e os animais domésticos também estão entre o público.

Crianças têm aulas de educação ambiental – Foto: cedida

O projeto também recebe turmas de estudantes de escolas públicas e privadas para aulas de educação ambiental, sob agendamento.

Reunião na próxima quinta (13)

Robério compartilha que o projeto Arboriza Natal vai se reunir com o prefeito Paulinho Freire na próxima quinta-feira (13) para discutir a arborização de Natal. 

O ex-vereador foi autor de uma lei que dispôs sobre o plantio de 50 mil árvores. Entretanto, segundo ele, “essa lei não foi cumprida” e a Prefeitura teria plantado apenas 18 mil mudas, sendo que nem todas as mudas plantadas – se não forem bem cuidadas – se desenvolvem.

A arborização urbana desempenha um importante papel nas cidades. Conforme texto da Prefeitura do Natal: “A arborização urbana desempenha um papel crucial na qualidade de vida dos cidadãos e na manutenção dos ecossistemas […] As árvores proporcionam conforto térmico, redução da poluição hídrica e atmosférica, além de abrigo e alimento para a fauna silvestre”.

Entre  as principais mudas produzidas no Arboriza RN estão pau-brasil, ipês, oitizeiro e munguba, além de árvores frutíferas.

Robério Paulino ainda lembra que, na última semana de abril, ocorre a 3ª Conferência Potiguar do Clima, com expectativa de receber 2 mil delegados e mais bons ventos para projetos de arborização.

População também pode contribuir

Para cumprir as metas, o projeto enfrenta alguns desafios, como a inação do poder público e a resistência de alguns setores da sociedade. Mas a população em geral também pode colaborar para o alcance das metas de arborização.

A população pode ajudar o projeto com sacos de um quilo de alimentos, como arroz, feijão e açúcar, para serem usados nas mudas. “Junte esses sacos, não jogue fora e traga para a UFRN, no viveiro”, diz o professor. 

Além disso, o pó de café usado e as cascas de ovo se transformam em adubos. As pessoas também podem doar sementes, inclusive de árvores frutíferas, como manga e abacate.

“Pedimos à população que ajudem o projeto rapidamente, porque nós estamos vivendo uma situação de urgência climática. Nós precisamos produzir esses milhões de mudas, para reverter a desertificação no nosso sertão. O nosso sertão está virando deserto muito rápido, e o planeta está esquentando, muito rapidamente também”, diz.

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Projeto de arborização desenvolvido pelo vereador Robério Paulino quer plantar 50 mil árvores em Natal

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