Corregedoria investiga participação de policiais em roubos a traficantes no RJ

A Polícia Militar do Rio de Janeiro investiga a suposta participação de agentes da corporação em roubos a pontos de venda de drogas em São Gonçalo e Itaboraí, na Região Metropolitana do estado. De acordo com apurações da Corregedoria, algumas dessas ações resultaram na morte de traficantes. Os suspeitos também foram alvejados.O relatório preliminar da investigação revela a existência de uma quadrilha autodenominada Fantasmas, composta por pelo menos três sargentos, dois cabos, um ex-cabo e dois moradores de Itaboraí. O grupo é suspeito de ter assaltado seis locais de tráfico em diferentes datas de 2024, com registros de mortes em duas das ações.Em nota, a Polícia Militar afirmou que as investigações conduzidas pela Corregedoria seguem critérios técnicos e rigorosos, evitando divulgar informações que possam comprometer o andamento do caso. A corporação reforçou que não tolera desvios de conduta ou crimes praticados por seus membros, prometendo punir os envolvidos com rigor caso as irregularidades sejam confirmadas.O caso foi divulgado nesta terça (21) pelo Jornal Extra e confirmado pela Folha de S.Paulo, que também obteve os documentos e a filmagem.Conforme descrito no relatório, o grupo tinha como prática atacar traficantes em pontos de venda, roubando o dinheiro da venda de entorpecentes. Além disso, extorquiam criminosos capturados e revendiam drogas e armas obtidas durante as ações.O relatório, elaborado no ano passado com base em denúncias recebidas pelo Disque Denúncia, foi produzido pelo 7º BPM (São Gonçalo) e encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar, que assumiu a investigação. A promotoria militar estadual afirmou que aguarda o resultado do inquérito.Em um dos assaltos, ocorrido em 13 de setembro de 2024, os policiais suspeitos teriam rendido dois criminosos em um acesso à comunidade do Buraco Quente, em São Gonçalo. A ação, registrada em vídeo, durou menos de 50 segundos. Segundo o documento, os traficantes que estavam no local perderam cocaína, maconha, armas e dinheiro. A investigação indica a participação de dois policiais militares e um ex-PM nesse episódio.A Corregedoria apurou que o grupo utilizava armamentos fornecidos pelo Estado e posteriormente negociava os materiais roubados com outros criminosos. Modelos de veículos foram identificados como usados nas ações: um Fiat Siena, uma Mercedes-Benz e um Fiat Fiorino.O documento também aponta o envolvimento do grupo em dois homicídios em 2024. O primeiro ocorreu em 18 de junho, no bairro Apolo, em Itaboraí, e o segundo em 2 de julho, no Arsenal, em São Gonçalo. Esse último foi registrado por câmeras de segurança.
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