Prefeitura de São Gonçalo corta transporte universitário para Natal

Estudantes têm cobrado a Prefeitura de São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Natal, após uma descontinuidade no transporte universitário que leva os estudantes até a capital potiguar. 

O problema começou na última terça-feira (7), com o retorno das aulas na UFRN após o recesso de final de ano, sem qualquer aviso prévio. Segundo relatos ouvidos pela reportagem, vários estudantes tentaram entrar em contato com a Secretaria Municipal de Juventude, Esporte e Lazer (SEMJEL) — responsável pela organização do transporte — e com a Prefeitura, mas não tiveram nenhum retorno concreto quanto à volta do transporte. A SEMJEL ainda possui um grupo de Whatsapp com os alunos que utilizam o transporte, mas o envio de mensagens foi bloqueado e só administradores podem escrever.

Dois ônibus eram utilizados para essa locomoção, um saindo do Centro de São Gonçalo do Amarante e outro do bairro Jardins. Só no grupo de WhatsApp dos que estão cadastrados na rota Centro, há mais de 180 membros, embora nem todos utilizem mais o transporte.

O estudante de Engenharia Mecânica da UFRN, Juan Pablo, foi um dos afetados. Ele diz que está precisando pagar do próprio bolso para que consiga assistir às aulas da graduação.

“Agora, os estudantes estão tendo que se virar para dar seu jeito de ir e voltar da UFRN. Dependendo do bairro, há a possibilidade de utilizar os precários e sucateados ônibus intermunicipais, cujas passagens variam de R$ 4,90 a R$ 5,45. A volta é o mais preocupante, com os estudantes tendo que se deslocar a pé por locais perigosos entre as paradas de ônibus e chegando em casa muito tarde, por volta da meia-noite. Trata-se de uma verdadeira restrição ao direito de acesso à educação”, afirma.

“É um completo desrespeito à juventude são-gonçalense que não podemos tolerar”, diz o estudante de Engenharia.

Já Sara Silva cursa Pedagogia na UFRN e utiliza o transporte desde 2022. 

“O transporte universitário deveria garantir do início ao final do período letivo, segundo o cronograma da UFRN. Nesse sentido, o serviço está em falta desde o início da semana e essa falta reverbera na insegurança em não ter uma data para retorno”, conta.

Ela diz que o grupo de estudantes buscou contato com a Prefeitura por meio dos canais digitais e até então não havia tido devolutiva.

“Somente após fazermos mobilização conseguimos uma resposta da Prefeitura, visto que inúmeros contatos haviam sido feitos, via WhatsApp, e-mail, sem resposta”, aponta.

Sara estuda no período noturno e diz que sofre com a precarização dos serviços de transporte, além da insegurança na parada.

“Chego bem mais tarde em casa, isso saindo mais cedo da aula, caso contrário perco o ônibus, e preciso sair quase uma hora mais cedo de casa também. Só essa semana vindo todos os dias para a faculdade, gastei mais de R$ 25 reais, pagando estudante e sem receber auxílio transporte. É um dinheiro que faz falta”, lamenta.

O outro lado

Procurada, a Prefeitura de São Gonçalo do Amarante atribuiu o corte do transporte universitário à falta de informações do cadastro dos estudantes que teria sido resultado da antiga gestão.

“A nova gestão assumiu há nove dias sem qualquer informação de rotas do serviço e está tendo que iniciar todo o procedimento, já que na transição não houve tratativas com sucesso para garantir a continuidade do serviço de forma ágil. Os ônibus escolares utilizados para esse serviço estão sem vistoria e sem revisão que garanta a segurança dos universitários”, informou a Prefeitura.

A nota também diz que a Secretaria Municipal de Juventude, Esporte e Lazer está trabalhando para fazer o mais breve possível um novo cadastramento dos universitários que utilizam o transporte para ter conhecimento das demandas e traçar as rotas e voltar com o transporte. 

“Uma licitação específica ao Transporte Universitário deverá ser realizada para continuidade do serviço. A oferta do Transporte Universitário Gratuito de São Gonçalo do Amarante é um serviço de apoio aos estudantes universitários criado no segundo mandato do prefeito Jaime Calado, no ano de 2016. Portanto, a gestão tem todo o interesse em retomar o transporte com a maior brevidade possível”, conclui a nota.

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