Dia de Reis é celebrado pelas ruas de Juiz de Fora

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(Foto: Felipe Couri)

O som dos motores no trânsito da Avenida Rio Branco, acostumados a parar no vermelho, parecem respeitar toda a explosão de cores que vem das fantasias daqueles que tocam os tambores e fazem que o grave ressoar pelo Centro de Juiz de Fora. Nesse momento, em que até o que não tem vida segura o fôlego, é a menina Sofia Santos, de 13 anos, que rompe o silêncio para comentar com sua avó: “Parece carnaval”. 

No alto de seus 68 anos, Margarete Carvalho, avó de Sofia, responde que, na sua época de criança, viu muita Folia de Reis na cidade em que morava, lá para o Norte de Minas, na cidade de Pirapora. A memória da avó se aproxima a cada passo dado pelos três reis magos, pelos bastiões, pelo couro e pelo embaixador, que vêm em sua direção. Passam por elas toda a festa e param, ao seu lado, no ponto de ônibus da Halfeld.

É neste instante que Sofia aprende que “as cores, os movimentos e os tambores” tem nome no dia de hoje: Dia de Reis, celebração que fecha a Folia de Reis, iniciada na véspera de Natal, e termina sempre no dia 6 de janeiro. A avó, depois de reencontrar o que sua neta viu pela primeira vez nesta segunda-feira, comenta: “Foi legal rever a Folia”.

O sinal verde abre e a mística é desfeita, pois em meio a trégua da chuva, é possível ver um rosto de homem do primeiro folião que tira sua máscara. Um segundo o acompanha, depois um terceiro e assim o fazem todos. Os instrumentos não tocam mais e, ao menos no Centro, a festa volta a dar lugar para os seus tradicionais problemas do início da semana. 

“Na região central ainda temos um pouco de resistência, mas principalmente na Zona Sul, onde os grupos se concentram, tem uma força muito grande a Folia de Reis. No nosso trabalho vamos perpetuando essa cultura para que ela não acabe”, comenta André Brasilino, embaixador da folia “Jornada Irmãos de Fé”, enquanto espera o ônibus para o Bairro Bela Aurora. 

Apontando para Wagner e Webert, André prossegue sua fala, apontando que a cultura da folia em Juiz de Fora vai sendo passada de geração em geração, de pai para filho, e para as pessoas mais próximas. “Nisso a gente vai crescendo e fazendo essa cultura se perpetuar.”

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(Foto: Felipe Couri)

Ouvindo isso, Webert da Silva, filho de Wagner da Silva, acrescenta, usando a si de exemplo: “É uma sensação muito boa, de poder estar seguindo esse caminho junto com meu pai”, que, após ouvir o filho, diz: “Somos devotos, sempre fomos”. 

André, por sua vez, prossegue: “Nós, que somos devotos dos Santos Reis, fazemos essa cultura, pois buscamos esse momento em que os magos do oriente fizeram para visitar Jesus e entregar o ouro, o incenso e a mirra. A gente leva as famílias paz, alegria, o desejo que não falte o alimento, que não falte o dinheiro para as necessidades básicas. É isso que a gente deseja. Queremos manter essa cultura viva. Ela não pode acabar de jeito nenhum”. 

Ao longe, os foliões avistam um ônibus de linha 143. São eles agora que, em silêncio, se ajeitam para levar a festa da folia para outra para a Zona Sul da cidade. Entram no ônibus e vão ao encontro dos outros onze grupos de Folia de Reis que existem na cidade. A menina Sofia, que primeiro rompeu o silêncio naquele momento, é quem é ouvida por último, em sua conclusão sobre o evento que acabara de testemunhar: “Achei legal ver, é diferente”. 

Folia de Reis

A Folia de Reis é uma festa e tradição popular católica, que relembra a visita dos reis magos ao menino Jesus. A festividade conta com músicas, orações, danças e comidas típicas. A festa também é conhecida como Reisada ou Festa de Santos Reis, e ocorre entre os dias 24 de dezembro e 6 de janeiro, Dia de Reis.

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*Estagiário sob supervisão da editora Cecília Itaborahy

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