Estado de saúde de papa Francisco não é grave, mas continua complexo, diz Vaticano

Quadro geral de estabilidade é visto como um sinal importante pelo Vaticano

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ANDREW MEDICHINI/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O estado de saúde do papa Francisco, que enfrenta uma pneumonia dupla, continua melhorando, informou o Vaticano na noite desta quinta-feira (27), tarde no Brasil. “Em vista da complexidade do quadro clínico, são necessários mais dias de estabilidade clínica para alterar o prognóstico.”Ou seja, o prognóstico continua sendo tratado como “cauteloso” pela Santa Sé. Apesar da ponderação, é o segundo boletim a não descrever o quadro clínico como grave. A Santa Sé não descarta uma entrevista com os médicos que cuidam do pontífice até o fim da semana.Francisco dedicou a manhã de quinta-feira (27) à fisioterapia respiratória, alternando-a com o repouso. À tarde, reuniu-se em oração na capela do apartamento particular do 10º andar do hospital Agostino Gemelli, recebendo a Eucaristia; em seguida, dedicou-se às atividades de trabalho, relatou a Santa Sé.Pela manhã, a assessoria já havia informado que o papa tivera uma boa noite de sono, estava de bom humor e já sentava em uma poltrona em seu quarto. O pontífice chega ao 14º dia de internação, em Roma.Sua condição clínica, a mais complexa que enfrenta em seu papado, já havia mostrado uma leve melhora no período anterior. A leve insuficiência renal observada nos últimos dias cessou. O quadro geral de estabilidade é visto como um sinal importante pelo Vaticano.A tomografia computadorizada do tórax, realizada na terça-feira (25), mostrou uma evolução normal do quadro inflamatório pulmonar. Os exames de sangue e hematológicos confirmaram a evolução. O papa continua submetido à terapia com oxigênio de alto fluxo e não apresentou nenhuma crise respiratória asmática no dia. Prossegue também com fisioterapia respiratória.Este já é o período de internação mais longo de Jorge Mario Bergoglio, 88, desde que se tornou papa em 2013, superando o período de dez dias em 2021, quando se submeteu a uma cirurgia eletiva no intestino.Francisco está se alimentando normalmente e, dentro do possível, movimenta-se no quarto. Na noite de terça-feira (25) já mostrava um quadro de estabilidade, sem novas crises respiratórias e exames de sangue estáveis. A condição de saúde, porém, ainda era considerada grave. Na segunda-feira (24), a Santa Sé havia informado que a “insuficiência renal leve”, relatada pela primeira vez no fim de semana, não era motivo de preocupação. Foi o primeiro sinal positivo desde o agravamento de seu estado de saúde.No sábado (22), Francisco chegou a precisar de transfusão de sangue depois de uma “crise respiratória prolongada”, uma situação que não se repetiu desde então. Ele tem uma pneumonia dupla, uma infecção grave que pode inflamar e causar cicatrizes em ambos os pulmões, dificultando a respiração. O Vaticano descreveu o quadro infeccioso como complexo, causado por dois ou mais micro-organismos.O papa é particularmente propenso a infecções pulmonares porque desenvolveu pleurisia quando jovem e teve parte de um pulmão removido. Ele segue sob a terapia com oxigênio e sob a mesma medicação dos últimos dias.A saúde debilitada não o afastou da liderança da Igreja Católica, ainda que boa parte das atividades estejam obviamente prejudicadas. Prevista para o sábado (1º), a audiência do Jubileu foi cancelada; é a segunda vez que Francisco não consegue celebrá-la. O Jubileu, que ocorre a cada 25 anos, é o maior evento católico em curso e deve atrair milhões de peregrinos e turistas a Roma em 2025.Na quarta-feira (26), Francisco assinou um quirógrafo, documento papal escrito de próprio punho, um dos mais importantes do direito eclesiástico. Traz a data de 11 de fevereiro, três dias antes da hospitalização, mas o fato de ser tornado público agora está carregado de significado. Nele, o pontífice determina a criação de uma comissão encarregada de organizar e estimular doações para a Santa Sé. O déficit do Vaticano é crescente, e há forte oposição interna para cortes no orçamento.Mesmo hospitalizado, o papa demonstra firmeza ao encarar os problemas que percebe em sua Igreja.

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