Transporte público é trunfo de Paris-2024

Fui entrevistado nesta segunda-feira por Jefferson Beltrão e Ernesto Marques no programa Isso é Bahia, da A TARDE FM, falando rapidamente sobre minha trajetória como jornalista especializado em Jogos Olímpicos e também sobre minhas primeiras impressões de Paris-2024 até aqui. Não vamos nos alongar sobre a primeira parte, até porque sou do time dos jornalistas que preferem trabalhar com a notícia e não ‘ser a notícia’.O bacana do bate-papo ao vivo, às 12h30 daqui (7h30 em Salvador), é que eu tinha planejado um cenário legal, à margem do Sena e com a Torre Eiffel ao fundo, numa estação onde pegaria meu ônibus para acompanhar a prova de Moutain Bike do baiano Ulan Galinski. Só que meu ônibus de conexão foi cancelado e minha programação atrasou toda, de modo que iniciei minha conversa com os apresentadores sentado num ponto de ônibus e dei continuidade à entrevista no trajeto até a estação.Falei sobre isso porque dentre as impressões que compartilhei com o público do Isso é Bahia está justamente a qualidade e amplitude do sistema público de transporte de Paris. Estrutura essa tão boa que a grande maioria dos jornalistas que aqui estão prefere se deslocar pelo sistema a pegar os ônibus e vans exclusivos para imprensa, e que circulam entre as áreas de eventos olímpicos e o Centro de Mídia.Como disse, meu ônibus atrasou e atrapalhou um pouco a produção de minha entrevista, mas eu poderia ter utilizado outros tantos trajetos alternativos para driblar o problema, só não o fiz porque não estava atrasado para minha outra conexão, e sabia que conseguiria conversar ao vivo sem prejuízo para o horário do programa. Aliás, parêntese importante, tudo feito no 5G do celular, que aqui funciona muito bem, até mesmo dentro dos metrôs subterrâneos.Transporte x TrânsitoSe o transporte público de Paris é fantástico, com linhas de trem, metrôs, ônibus e bondes rápidos, por outro lado é fácil dizer que o trânsito aqui é um caos para quem tem carro. As pistas mais próximas ao centro estão sempre travadas e não é algo de responsabilidade da Olimpíada, que apenas agravou algo que já era ruim.Até entendo quem mora ou trabalha nos subúrbios optar por carro, pelo conforto, ainda que os engarrafamentos em estradas nas entradas e saídas de Paris também sejam enormes, mas, para quem vive no centro, não vejo motivo para esse luxo. Até porque Paris é também uma das melhores cidades do mundo para se deslocar de bicicleta, com ciclovias espalhadas por toda sua extensão, respeito ao ciclista por parte dos motoristas e pedestres, além de uma estrutura gigante para estacionamento das bikes e aluguel, seja na modalidade clássica ou elétrica (ainda vou experimentar até o fim desta aventura olímpica).É isso. Vai ser difícil reacostumar com Salvador. Não sinto qualquer falta do meu carro ou da insegurança de usar o transporte público.
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