Esposa de financiador de atos golpistas leva 204 votos e passa longe da vitória em Natal

A ativista política de direita Ana Moreno — casada com Rafael Moreno, publicitário com histórico de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) por financiar atos golpistas — recebeu 204 votos para a Câmara de Natal e ficou distante da vitória.

No Instagram, Ana se descreve como “monarquista”, “olavista” e “antifeminista”. Mas nem mesmo os quase 30 mil seguidores que possui na rede social lhe garantiram um número considerável de votos. Na nominata do PL, com 30 candidatos, ela ficou em 19º lugar. Os dois eleitos da legenda tiveram 4.224 votos e 3.206 votos.

Essa foi a primeira eleição de Ana Moreno, segundo o sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No registro feito para a candidatura, ela se apresenta como dona de casa e casada. Não possui nenhum bem registrado em seu nome. A candidata, de 27 anos, recebeu R$ 25 mil da direção nacional do PL para bancar a disputa, segundo a atualização da prestação de contas parcial de 13 de setembro; a declaração final deve ser enviada até 5 de novembro.

Apoios

Ela ainda contou vídeos de apoios de nomes proeminentes do bolsonarismo nacional, como a deputada federal Bia Kicis (UNIÃO), do Distrito Federal, que em 2020 foi apontada como uma das parlamentares líderes de desinformação sobre Covid-19 no Twitter segundo a agência de checagem Aos Fatos. No ano seguinte, 2021, a Justiça do DF arquivou uma ação movida por Kicis em que ela pedia retratação e a retirada do ar de reportagem veiculada pela agência. A deputada também foi alvo do inquérito sobre as fake news no Supremo Tribunal Federal (STF) e, no ano passado, teve uma multa de R$ 30 mil mantida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por postar desinformação contra o presidente Lula na campanha de 2022. Outro a gravar um vídeo para a candidata derrotada foi o ator e deputado federal Mário Frias, que no governo Bolsonaro foi o Secretário Especial da Cultura.

Histórico

Em abril deste ano, a Polícia Federal bateu na casa do casal Ana e Rafael após o marido ser alvo de um mandado de busca e apreensão cumprido no âmbito de uma fase da Operação Lesa Pátria.

À época, a influenciadora digital publicou um vídeo nas redes sociais e disse que os agentes levaram o celular de Rafael por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Não dá para dar bom dia no nosso país. 5h da manhã. Busca e apreensão na nossa casa. 5h da manhã. Estávamos dormindo. A única pergunta que eu tenho a fazer é: até quando vai durar isso? 5h da manhã, Federal na sua porta. Constrangimento por falar a verdade, por estar do lado da verdade. Meu esposo… Quem conhece sabe da índole e do caráter. Abrimos nossa casa, afinal a gente não deve nada. A gente abriu a casa sem problema algum, mas está aí. Ainda querem falar que a gente não vive uma ditadura”, afirmou Ana Moreno na ocasião.

Em novembro do ano passado, a Agência SAIBA MAIS mostrou que o publicitário Rafael Moreno se gabava de “fugir” do STF. Em 2022, durante os últimos dias de Jair Bolsonaro (PL) na presidência, Santos manteve um financiamento coletivo para um protesto na posse de Lula (PT). O publicitário foi um dos citados no relatório final da CPMI dos atos golpistas, apresentado em outubro pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

Rafael se notabilizou como membro do Movimento Brasil Monarquista e da Confederação Monárquica do Brasil. Ele já é conhecido dos órgãos judiciários. Em maio de 2020, foi um dos alvos de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) no âmbito do inquérito das fake news. Ao lado de Roberto Jefferson, Luciano Hang e outros, era um dos investigados por produção de informações falsas e ameaças à Corte.

Já em julho daquele ano, o ministro Alexandre de Moraes determinou que as contas de Moreno no Twitter, e a de outros influenciadores, empresários e políticos bolsonaristas, fossem tiradas do ar internacionalmente.

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