O resultado do primeiro turno das eleições municipais em Natal confirmou o crescimento visível pelas ruas da cidade das campanhas de Natália Bonavides e Paulinho Freire na disputa pela Prefeitura. No segundo turno, mais do que duas candidaturas, Natal escolherá entre dois modelos de governar a cidade, sendo um popular e de preservação dos espaços públicos e outro privatista, de uma cidade para os negócios, ou seja, para poucos. O tema central em jogo é a cidade como prática para o bem comum, o que se materializa na distinção entre os candidatos.
Dois exemplos práticos são a obra da engorda da praia de Ponta Negra e o transporte público de Natal. Paulinho, que invadiu a sede do Idema em julho de 2024 e esteve ao lado dos que derrubaram o portão do Instituto, adota o discurso exclusivo da obra a partir dos fatores econômicos, espaço para negócios. O transporte público de Natal, um dos principais problemas enfrentados pela população há décadas, os coloca diametralmente em lados opostos por terem trajetórias políticas distintas.
O candidato do PP defende a licitação do transporte, mas pouco ou nada fez em seus mais de 30 anos de vida pública sobre o tema. Natália defende a licitação dos transportes, atitude coerente com sua trajetória política como, por exemplo, a destinação R$ 8,3 milhões em emendas de bancada para ampliação do serviço de trem em Natal durante seu mandato como deputada federal.
Na área da Cultura, as distinções também estão presentes. Paulinho é político-empresário e foi sócio da Destaque Promoções entre 1988 e 2022, segundo seu perfil publicado no site da Câmara dos Deputados. A empresa é responsável pela realização do Carnatal, uma representação dos eventos culturais para uma pequena parcela da população em espaços privados. Diferentemente, Natália tem entre suas propostas criar novos espaços de cultura nos bairros de Natal.
Uma cidade, como afirma o sociólogo Richard Sennett em seus conceitos de ville e cité, tem duas faces, sendo a primeira como espaço físico e a segunda uma cidade espacializada a partir das atuações dos indivíduos no cotidano de seus desejos e comportamentos. A concepção pública do bem comum materializa-se por essa dupla face jônica. Uma cidade para os negócios é uma cidade não inclusiva, desigual. A candidatura de Natália Bonavides representa a ligação entre os dois conceitos mencionados, pois a cidade é um bem público, ou seja, significa a inclusão da maioria da população. Uma candidatura guardiã da cidade do Natal. Natalize-se e pratique o verbo nataliar para uma nova gramática citadina.
The post Natália: por uma Natal como bem público e não como negócio appeared first on Saiba Mais.
