Nesta quinta-feira (26), o Observatório da População Infantojuvenil em Contextos de Violência (OBIJUV) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) organizou um debate com os candidatos à Prefeitura de Natal, focado em políticas públicas de proteção à infância, juventude e saúde mental. Apesar do convite estendido a todos os concorrentes, apenas Natália Bonavides (PT) compareceu, destacando seu comprometimento com as pautas discutidas. Cerca de 150 pessoas estiveram presentes no evento, que ocorreu no auditório do Centro de Ciências Exatas e da Terra (CCET) da UFRN.
O debate tinha como objetivo proporcionar um espaço para que os candidatos apresentassem suas propostas em áreas críticas, como a proteção de crianças e adolescentes, e fossem ouvidos por movimentos sociais e entidades de direitos humanos.
O candidato Rafael Motta (PSB), que havia confirmado presença, cancelou sua participação apenas 15 minutos antes do evento, surpreendendo a organização e o público presente. A organizadora do debate, Ilana Paiva, coordenadora do OBIJUV, expressou preocupação com a falta de comprometimento dos postulantes ao executivo municipal.
“A ausência dos demais candidatos, especialmente o cancelamento de Rafael Motta momentos antes, é alarmante. A pauta da infância e juventude, historicamente negligenciada, necessita de atenção prioritária nas gestões municipais. Dado o aumento da violência e das violações de direitos desse público em Natal, essa ausência demonstra a falta de comprometimento com essa realidade”, afirmou Paiva.
Natália Bonavides, única candidata presente, aproveitou o espaço para apresentar suas propostas e dialogar com os movimentos sociais. Ela assinou as cartas de compromissos e se comprometeu com ações voltadas à ampliação de vagas em creches, melhorias na qualidade das escolas públicas, e maior atenção à saúde mental de crianças e adolescentes.
A candidata também abordou questões ambientais e destacou a importância de prevenir violências contra a juventude. Segundo a organização do evento, esses tópicos estavam entre as expectativas, que incluíam ouvir dos candidatos suas soluções para o trabalho infantil, exploração sexual e letalidade juvenil, problemas crescentes em Natal.
“A participação exclusiva de Natália elevou o nível do debate. Sua disposição em ouvir as demandas da sociedade civil e se comprometer com melhorias foi fundamental. No entanto, sem a presença dos outros candidatos, perdemos a oportunidade de uma discussão comparativa sobre as diferentes abordagens de governo. O que os demais candidatos pensam sobre a temática? Como pretendem realizar melhorias diante de uma política pública que deveria ser prioritária, mas é negligenciada?”, questionou Ilana Paiva.
Esta foi a terceira edição do debate “E aí, candidato/a?”, promovido pela sociedade civil organizada, com o objetivo de colocar a pauta da infância e juventude no centro das discussões eleitorais. O evento contou com a parceria de entidades como o Fórum Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente e o Centro de Defesa de Crianças e Adolescentes (Cedeca) Casa Renascer.
Ilana Paiva ressaltou que o Observatório continuará a monitorar de perto as políticas públicas voltadas à infância e adolescência, realizando diagnósticos sobre as necessidades e lacunas existentes, além de intensificar a promoção de debates como este para manter essas questões em evidência.
“Seguiremos atentos aos compromissos assumidos, inclusive com o futuro prefeito ou prefeita de Natal, para garantir que as promessas se transformem em ações concretas que melhorem a vida das crianças e adolescentes, uma população extremamente vulnerável”, enfatizou Paiva.
Além disso, as entidades envolvidas no debate continuarão a acompanhar as políticas de proteção à infância e juventude, com foco especial em saúde mental e no enfrentamento à violência. A expectativa é que os candidatos que não compareceram tenham a chance de se posicionar sobre o tema e que, após as eleições, as promessas feitas sejam, de fato, implementadas.
O debate promovido pelo OBIJUV reforça a importância de criar espaços de diálogo entre candidatos e a sociedade civil, especialmente em áreas como a proteção à infância e juventude, que são historicamente negligenciadas.
A participação exclusiva de Natália Bonavides trouxe à tona seu compromisso com essas questões, mas a ausência dos demais candidatos expôs a falta de prioridade que o tema parece ter para algumas campanhas, na ótica da organizadora.
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