Quase uma em cada cinco mulheres (18,9%) e um em cada sete homens (14,8%) em todo o mundo sofreram violência sexual antes dos 18 anos, estima uma nova análise publicada na revista The Lancet neste mês.
Os pesquisadores concluíram que proteger as crianças da violência sexual é um imperativo moral e uma responsabilidade coletiva.
A pesquisa é uma das primeiras a estimar a prevalência de violência sexual em 204 países, por idade e sexo, de 1990 a 2023.
O estudo também identificou estimativas das diferenças significativas entre regiões e países na taxa de violência sexual em menores de 18 anos. Confira alguns destaques:
- As taxas variaram significativamente entre as regiões, com a prevalência mais alta entre meninas no Sul da Ásia (26,8%) e entre meninos na África Subsaariana (18,6%).
- Índia: 30,8% das mulheres e 13,5% dos homens
- EUA: 27,5% das mulheres e 16,1% dos homens
- Reino Unido: 24,4% das mulheres e 16,5% dos homens
Idade da primeira exposição
A primeira experiência de violência sexual ocorreu antes dos 18 anos para 67,3% das meninas e 71,9% dos meninos. A maioria das primeiras exposições ocorreu durante a infância e adolescência, destacando a necessidade de intervenções preventivas direcionadas a essas faixas etárias.
Destaques dos resultados do estudo
Os autores destacam a dificuldade em distinguir se as diferenças nas taxas de violência sexual entre países e regiões se devem a diferenças reais na prevalência ou se são motivadas por diferentes níveis de notificação.
A violência sexual contra crianças contribui para graves consequências a longo prazo para as pessoas afetadas, sendo uma questão crítica de saúde pública e direitos humanos.
Sobreviventes enfrentam riscos elevados de:
- Transtorno depressivo maior
- Ansiedade
- Uso de substâncias
- Problemas de saúde a longo prazo, como asma e infecções sexualmente transmissíveis
- E impactos indiretos, como desenvolvimento individual limitado, prejudicando tanto o desempenho educacional quanto o econômico.
Estimativas globais precisas das taxas de violência sexual contra crianças são importantes para esforços direcionados de prevenção e defesa, mas os estudos existentes apresentam estimativas para um número limitado de países e são prejudicados pela escassez de dados e dificuldades de mensuração.
Prevenção e Intervenção
Os autores afirmam que seus resultados destacam a necessidade de desenvolver a vigilância rotineira da violência sexual contra menores de 18 anos e de os sistemas de saúde e as sociedades implementarem mais serviços e sistemas para apoiar os sobreviventes dessa violência pelo resto de suas vidas. Esses serviços de prevenção e internação podem ser:
- De educação: programas educacionais que ensinam crianças sobre segurança e relações saudáveis são essenciais.
- Suporte: serviços de apoio psicológico e social para vítimas e suas famílias são cruciais para a recuperação.
Os pesquisadores apelam a que organizações governamentais, não governamentais e a sociedade em geral dediquem urgente e significativamente mais recursos ao apoio aos sobreviventes e à criação de infâncias livres de violência sexual.
O perfil dos agressores
Embora o estudo não detalhe a relação específica entre vítimas e agressores, é amplamente reconhecido que muitos casos de violência sexual contra crianças envolvem agressores conhecidos, incluindo familiares e pessoas em posições de confiança.
Metodologia do estudo
Os pesquisadores utilizaram um modelo de regressão de processo gaussiano espaciotemporal (uma técnica estatística avançada usada para modelar dados que variam tanto no espaço quanto no tempo) e dados de 451 fontes para mulheres e 195 para homens.
Dados foram extraídos de bases como o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS), da Visão para Culturas e Solos Adaptados (VACS), Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), entre outros.
Os autores estimaram uma série temporal completa de exposição à violência sexual contra crianças para cada combinação de idade-sexo-país.
O medo de ser vítima de violência sexual
Uma em cada seis mulheres tem a saúde mental afetada pelo medo de ser vítima de algum crime sexual, segundo pesquisa da organização Think Olga, iniciativa premiada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Dados de violência sexual no Brasil
No Brasil, cinco mulheres são estupradas a cada hora, segundo dados do Ministério da Justiça.
Além disso, esse é um crime que vem crescendo ano a ano: foram 81 mil casos em 2023, contra 79 mil em 2022 e 72 mil em 2021.
(Fonte:G1)
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