Padre Fábio de Melo diz que está “a um passo de desistir” e reclama da polarização política

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O padre Fábio de Melo usou as redes sociais nesta terça-feira (20) para expressar publicamente sua exaustão diante das reações negativas e ataques que vem recebendo na internet. Em uma postagem no Instagram, o religioso afirmou estar “a um passo de desistir” e criticou o que chamou de “ódio virtual” alimentado por julgamentos superficiais e interpretações distorcidas.

O desabafo ocorre dias após um episódio em uma cafeteria no Shopping Joinville, em Santa Catarina, onde Fábio de Melo apontou um erro no preço de um produto. A cobrança no caixa era superior ao valor exibido na estante. Segundo relato do próprio padre, ao mencionar o Código de Defesa do Consumidor, o atendimento se tornou ríspido e o gerente da loja teria se recusado a corrigir o preço. O episódio gerou forte repercussão, culminando na demissão do funcionário e numa enxurrada de críticas dirigidas ao religioso.

“Não sei como vocês têm sobrevivido às novas versões de guerras. Eu estou a um passo de desistir. Proteja-se. Você está sob mira da mais assertiva armadilha que o Diabo criou: o mundo virtual”, escreveu o padre, que já havia anunciado uma pausa nos shows no início de fevereiro para tratar da depressão.

“As pessoas querem odiar”

No extenso texto publicado nas redes, Fábio de Melo diz que tem enfrentado ataques até mesmo em postagens pessoais, como homenagens à sua mãe, falecida em 2021 por complicações da Covid-19. Segundo ele, o ambiente digital se tornou um palco para a manifestação das frustrações humanas. “Quanto maior a insatisfação existencial, maior será a urgência de destruir os outros”, escreveu.

O padre também atribui parte dos ataques à polarização política. “Os ataques são orquestrados pelos que não ficaram satisfeitos em não nos ter nos palanques de suas predileções. Eu sempre escolhi em não estar em nenhum deles”, afirmou. “Ninguém viu o meu voto, mas juram que sabem qual é o meu posicionamento político”.

A repercussão do episódio expôs a violência simbólica das redes sociais, um ambiente onde, segundo ele, “as pessoas não querem a verdade, querem a versão que melhor se adapta à sua necessidade de odiar”.

Influenciador amigo do padre também vira alvo

A polêmica ganhou ainda mais tração após o envolvimento do influenciador fitness Leandro Rodrigues, amigo do padre, que o acompanhava no momento da confusão. Internautas passaram a especular que Leandro manteria perfis em plataformas de conteúdo adulto — o que ele negou veementemente.

Com mais de 33 mil seguidores, Leandro fechou o Instagram após os ataques e se manifestou pelo X (antigo Twitter). “Nunca postei e nunca postaria algo para me expor desnecessariamente. Meu conteúdo era de academia e só”, escreveu. “Agora tô numa outra fase da minha vida. Até conteúdo de academia e demais abandonei.”

Veja a íntegra do desabafo do padre:

As pessoas querem odiar. A qualquer custo, querem odiar. Por qualquer motivo. Elas precisam eleger um foco para a manifestação de seus lados sombrios. Querem extravasar o fel que circula pelas veias, desaguar nos outros as enchentes que naufragam as embarcações de seus sonhos. Quanto maior a insatisfação existencial, maior será a urgência de destruir os outros. É da natureza humana a crueldade, mas as redes sociais estimulam a coragem de dizer o que não se diria pessoalmente.

A polarização política está por trás de tudo. Sempre esteve. E ninguém está realmente preocupado com a questão que atualmente foi levantada para o estímulo do ódio.

Os ataques são orquestrados pelos que não ficaram satisfeitos em não ter nos palanques de suas predileções. Eu sempre escolhi em não estar em nenhum deles. Por isso sou atacado pelos dois lados. Ninguém viu o meu voto, mas juram que sabem qual é o meu posicionamento político.

O ódio virtual se manifesta da pior forma. Mentindo, caluniando, blasfemando contra o sagrado de nossas escolhas, achincalhando as pessoas que amamos, nossos familiares e amigos. O principal instrumento do ódio é a palavra, a pior de todas as armas. Ela fere, adoece, pesa tanto que prostra a alma. Ainda que o post seja uma homenagem à minha mãe, lá estão os comentários desqualificando a minha vida, ferindo a minha honra, atentando contra a minha verdade. É tão desproporcional a medida que se estabelece entre o que “realmente aconteceu e o ataque” que nós chegamos à conclusão de que as pessoas não querem a verdade.

Elas só querem a versão que melhor se adapta à sua necessidade de odiar. E odeiam. E estimulam que outros odeiem também. Não sei como você tem sobrevivido às novas versões de guerras. Eu estou a um passo de desistir. Proteja-se. Em proporções diferentes, é claro, mas você está sob a mira da mais assertiva armadilha que o Diabo criou: o mundo virtual.

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