
Meliponário Savieto, em Jundiaí (SP), faz o resgate de enxames, a instalação de colmeias em áreas verdes e iniciativas de educação ambiental sobre a importância de proteger as espécies de abelhas. Projeto de Jundiaí (SP) cria ‘condomínios’ de colmeias para preservar espécies de abelhas
Meliponário Savieto/Divulgação
Como pequenas “metrópoles”, as colmeias de abelhas são um sistema complexo, onde cada habitante tem seu papel definido. Graças a elas, a polinização das plantas é feita constantemente, o que garante a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas.
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E, em Jundiaí (SP), um projeto se dedica à preservação destas pequenas cidades, seja com o resgate de enxames, a instalação de colmeias em áreas verdes e iniciativas de educação ambiental sobre a importância de se proteger as espécies de abelhas.
Névio Savieto é tecnólogo em apicultura e meliponicultura e uma das pessoas por trás do projeto. Ao g1, ele contou que a paixão pela natureza nasceu quando ele ainda era criança, e que encontrou nas abelhas um “propósito de vida”.
“É uma terapia para mim. Estar perto da natureza passa uma energia boa, e faz um bem danado para a gente. Na cultura japonesa, existe a palavra ikigai, que simboliza um propósito de vida, e, no meu caso, o meu ikigai são as abelhas. Preservá-las é o meu propósito de vida”, diz.
Névio Savieto diz que encontrou na preservação das abelhas o seu propósito de vida
Meliponário Savieto/Divulgação
O projeto, que começou há 16 anos, conta com quatro meliponários instalados em vários pontos da região de Jundiaí. São locais como pequenos “condomínios”, com diversas casinhas, sendo que cada uma abriga uma colmeia de abelhas.
Névio explica que a localização de cada um dos meliponários é escolhida com cuidado, levando em consideração a área e o chamado “pasto para abelhas”, que é o conjunto de plantas que fornecem alimento (principalmente néctar e pólen) e outros recursos às abelhas.
“Um deles fica na minha própria casa, já que moro próximo de uma mata nativa. Também instalamos um meliponário em um sítio próximo à Serra do Japi e outro na zona urbana da cidade. Mas o principal, que abriga aproximadamente 100 colmeias, está em Várzea Paulista, e é uma parceria com o sítio Escola Portão Grande. Lá também trabalhamos a polinização das culturas e recebemos grupos para ações de educação ambiental”, conta.
Tecnólogo em apicultura fala sobre projeto que luta pela preservação das abelhas
As abelhas mais comuns que vivem nos meliponários são de espécies sem ferrão, como as jataís, iraís, mirins, mandaguaris, tubunas e borás. Névio explica que elas se adaptam mais facilmente a qualquer ambiente, mesmo o urbano, já que possuem pouca restrição para flores.
“No entanto, as abelhas maiores, como as mandaçaias, precisam de flores e árvores nativas, pois possuem uma restrição de floradas, ou seja, não vão em qualquer flor. É como nós, humanos, com comida. Tem alguns alimentos que gostamos e outros não”, conta.
Outra iniciativa promovida pelo meliponário é a polinização assistida, uma técnica que busca aumentar a eficiência do processo em culturas como café, morango, laranja, maracujá e outras.
Névio explica que o produtor pode adquirir uma colmeia ou alugar durante o período de floração da cultura. “É preciso avaliar qual a melhor espécie para aquela cultura e calcular o número de abelhas necessárias para o tamanho da plantação. Normalmente, usamos uma média de duas mil abelhas por hectare”, diz.
Dentre os benefícios notados na polinização assistida está o aumento da produção, da docilidade e do tamanho do fruto. Além disso, é uma prática sustentável e que, ao mesmo tempo, contribui para a preservação das abelhas.
Meliponário Savieto realiza cursos e palestras sobre preservação das abelhas em Jundiaí (SP)
Meliponário Savieto/Divulgação
🐝 Resgate e equilíbrio ambiental
O resgate de abelhas em áreas de risco e de colmeias em ambientes urbanos é outra atividade essencial do meliponário de Jundiaí. Segundo Névio, é realizada uma avaliação criteriosa do local, considerando, por exemplo, a dificuldade de acesso, o tipo de abrigo e a espécie das abelhas.
“Preparamos os acessos, como escadas, a caixa que vai abrigar o resgate, entre outros. No dia, programamos do meio da tarde para o final da tarde, para que elas fiquem menos expostas e entrem rápido na nova colmeia”, explica.
Trabalho de polinização das abelhas garante a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas
Meliponário Savieto/Divulgação
Névio também ressalta que, por ser a peça-chave da colmeia, a abelha rainha é o principal indivíduo a ser coletado durante o resgate. “Os potes de mel e pólen também são coletados, e é necessário aguardar até o final da tarde para que as abelhas entrem na nova colmeia e, dessa forma, passem a viver nela”, diz.
Todas essas atividades promovidas pelo meliponário de Jundiaí contribuem não só para a preservação das espécies de abelhas, mas também para a conscientização dos moradores a respeito da causa. Os interessados em saber mais sobre as abelhas e até aprender a manter uma colmeia em casa podem entrar em contato com o projeto pelas redes sociais.
“Pequenas ações podem contribuir para a preservação delas, como, por exemplo, a plantação de flores, a preservação das matas nativas, entre outras. Qualquer um pode ter uma colmeia em casa. Também é possível ter colmeias em empresas e escolas. Quanto mais abelhas, mais uma floresta pode se reproduzir”, finaliza Névio.
Interessados em saber mais sobre as abelhas podem entrar em contato com o meliponário pelas redes sociais
Meliponário Savieto/Divulgação
*Colaborou sob supervisão de Júlia Martins
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