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Forró do Bosque era realizado em Cruz das Almas
| Foto: Divulgação
Diversos fatores são apontados como justificativa para o declínio desses eventos. Os organizadores apontam o aumento de festejos promovidos por prefeituras e os altos cachês cobrados pelos artistas como motivos para o declínio. A pandemia também é citada como uma das possíveis justificativas.“Talvez, isso seja efeito da pandemia. Eu acho que existe também uma grande interferência das festas públicas, que contam com grandes investimentos e recebem os maiores artistas do Brasil”, ressaltou Raul Dourado, que seguiu: “O efeito pós-pandemia foi muito determinante, primeiro por questões econômicas, segundo por questões de hábitos mesmo”.
As pessoas passaram a valorizar mais o fato de estar em casa e curtir com os amigos. A viabilidade financeira para realizar eventos desse tipo se tornou uma coisa muito delicada também, porque tudo ficou muito caro.
Raul Dourado – Sócio e produtor da Dourado Produções
Marcos Galvão também acredita não se tratar de um único fator: “Mas, se eu tivesse que apontar uma causa principal, diria que foi a alta elevação dos custos para realizar eventos no período pós-pandemia, especialmente no que diz respeito ao valor dos artistas, que vem subindo ano após ano de forma muito considerável”.
O público, cada vez mais exigente, quer a melhor estrutura e vários nomes considerados da primeira prateleira do cenário musical. No entanto, esse mesmo público, na maioria das vezes, não tem a condição nem a predisposição de pagar um valor que viabilize financeiramente o evento.
Marcos Galvão – sócio e idealizador do Brega Light
Diferente dos colegas, Raul Dourado não acredita que essas festas estejam em extinção. Para ele, é apenas um momento. “A volta é um pouco delicada, mas eu creio que esse cenário não vai perdurar por muito tempo. Acho que é só uma fase. Acredito que sim, essas festas vão voltar, ou pelo menos uma parte delas, e as pessoas vão voltar a abraçar a ideia. E também não sei até quando o poder público vai conseguir continuar mantendo esse alto nível dos eventos”, disse.Por que só a Ticomia sobreviveu entre as grandes festas juninas?
| Foto: Divulgação
Em meio a diversos cancelamentos, o Ticomia segue resistindo. Em 2025, a festa será realizada no dia 21 de junho, na Fazenda Eldourado, em Ibicuí. As atrações confirmadas são Saia Rodada, Calcinha Preta, Dorgival Dantas, Mastruz com Leite, Iguinho e Lulinha, Lordão e Vitor Fernandes. Para Raul Dourado, o evento continua existindo porque “nunca apostou em atrações”.
Sempre focamos muito no serviço, na qualidade, na entrega do evento e na experiência do cliente, justamente para tirar esse foco da atração. As atrações no Ticomia se tornam um detalhe.
Raul Dourado – sócio e produtor da Dourado Produções
Uma das opções mais famosas no leque de opções do calendário junino era o Brega Light, a qual, conforme disse o idealizador, pode voltar a acontecer. “Acredito na força do evento, na cidade de Ibicuí e na saudade que as pessoas têm de viver essa festa também no São João. E acredito que ele vai se moldar, considerando todos os fatores que levaram à sua não realização”.“Em toda a sua história, sobretudo na última década, o evento sempre trouxe o que havia de mais forte no cenário musical do país. [Mas] com a elevação dos cachês, não tivemos mais condição de manter esse padrão, pois isso exigiria repassar o custo ao folião. E o folião, por mais que queira estar presente, não tem como pagar esse valor. Ao mesmo tempo, ele também quer as melhores atrações. Então essa conta não fechou, nem para quem produz, nem para quem consome. Por isso, um novo formato precisa ser pensado”, afirmou.Legado das festas privadas ainda marca o São João da BahiaApesar do cenário repleto de incertezas, o legado desses eventos é inegável e moldou o São João da Bahia. “Virou uma experiência de vivência, de encontros e de tradições. O São João de Ibicuí, que é a minha cidade e onde o Brega Light sempre aconteceu, tem um clima acolhedor que atrai o turista, e esse diferencial é parte essencial do sucesso”, disse Márcio Galvão.“O Ticomia, por exemplo, foi uma festa pioneira que inspirou tantas outras e permanecer firme. E eu não tenho dúvida de que a cidade de Ibicuí, com sua hospitalidade e acolhimento tão característicos, agregada a esses eventos particulares, deixa um legado profundo e permanente para o São João da Bahia”, completou.Raul Dourado enfatizou que “tudo o que esses eventos promoveram para as pessoas foi muito positivo. Eu creio que elas viveram momentos muito bacanas e foram muito felizes. E é por isso que eu acho que eles vão voltar”.
Eu vejo o quanto as pessoas sentem falta, observo muitos comentários nas redes sociais das pessoas falando sobre a ausência desses eventos no cenário. Acho que brevemente a gente pode ter essa galera de volta aí”.
Raul Dourado – sócio e produtor da Dourado Produções
Brega Light, Piu-Piu, Sfrega: relembre festas juninas que marcaram épocaSfrega – Senhor do Bonfim Brega Light – IbicuíForró do Bosque – Cruz das AlmasForró do Piu-Piu – Amargosa Forró do Lago – Santo Antônio de Jesus Forró da Margarida – JequiéForroça – Irecê e Cruz das AlmasForró do Bongo – AlagoinhasForró do Coffee – Itiruçu