Documentário retrata desafios da acessibilidade em Natal

Filmado a partir das vivências reais do bailarino Beto Morais, que é paraplégico, o documentário “Estou adaptado a uma cidade não adaptável” acompanha o artista em sua rotina, revelando os obstáculos físicos e sociais que desafiam sua mobilidade, ao mesmo tempo em que destaca a dança e o teatro como ferramentas de superação, expressão e transformação social.

O documentário será lançado sábado (17), na Casa da Ribeira, com entrada gratuita e duas sessões, a primeira às 19h, com acessibilidade, e a segunda na sequência, às 19h30, seguida de debate. Com direção e roteiro de Raquel Cardozo, produção da Mariposart e coprodução do próprio Beto Morais, o curta tem duração de 12 minutos e mistura relato pessoal, imagens documentais e intervenções artísticas para construir uma narrativa poética sobre o cotidiano de uma pessoa com deficiência em Natal – cidade que, como tantas outras, ainda engatinha no que diz respeito à acessibilidade urbana e respeito à diversidade de corpos.

Beto é cadeirante, anda de ônibus, é diretor de grupo de dança, foi candidato a vereador, é um cara que quebra paradigmas. Estamos num momento muito cruel em Natal e é preciso mostrar essa situação. Ele passou por muitas situações difíceis, mas decidiu viver. Há um histórico de intolerância na rua com PCDs [Pessoas com Deficiência] e o documentário clama pelo direito de viver a rua, a narrativa de Beto traz isso todo o tempo”, adianta Geraldo Barboza, antropólogo responsável pela pesquisa para o documentário.

Personagem central do documentário, Beto tornou-se paraplégico depois de ser atingido na coluna por um tiro aos 19 anos. Com a vida inteira pela frente, se adaptar à nova realidade não foi fácil.

Eu ficava me isolando, mas quando acordei disso resolvi viver. O poder público é muito falho, em todos os níveis. Minha casa também não é adaptada e me viro sozinho em tudo que posso”, revela Beto Morais, que planeja concluir o processo de adaptação da própria casa ainda este ano.

Bailarino desde 1996, Beto foi um dos fundadores do grupo Roda Viva e do Gira Dança, referência em dança contemporânea.

Não sei ficar parado”, admite.

Beto I Foto: divulgação

Com estética refinada, narrativa potente e compromisso com os direitos humanos, “Estou adaptado a uma cidade não adaptável” reafirma a arte como espaço de escuta, denúncia e transformação — e coloca Beto Morais, com sua dança e sua história, no centro de um debate que precisa sair do plano das intenções e ganhar as ruas.

As filmagens foram pensadas junto com Beto e toda uma equipe na pré-produção levando em consideração a rotina de Beto, o percurso que ele faz, os desafios que encontra desde o momento que sai de casa, pega ônibus e vai até o Gira Dança, bem como outros pontos da cidade que pensamos importante incluir no roteiro”, avalia Raquel Cardozo, diretora e roteirista do documentário.

“Estou adaptado a uma cidade não adaptável” também faz um convite à empatia ao colocar o espectador no lugar de Beto, o filme desafia lideranças políticas e a sociedade civil a repensarem o espaço urbano como um direito de todos. A cidade, como destaca o próprio documentário, deve ser construída não apenas com rampas e calçadas adequadas, mas com uma nova mentalidade que abrace a diferença como valor fundamental.

Os desafios de Beto também foram nossos desafios, de forma diferente mas, para filmar na rua, dividindo o espaço com os automóveis, as barreiras arquitetônicas e a dificuldade de acesso foi complicado. Beto é uma pessoa forte e resiliente, mas, não deveria ter que enfrentar todas essas barreiras cotidianamente. Ninguém deveria! Temos que pensar uma cidade que não limite seus habitantes que seja boa para todas as pessoas! Uma cidade que respeite e celebre as diferenças!”, conclui Raquel.

Serviço
Lançamento do documentário “Estou adaptado a uma cidade não adaptável”
Quando: sábado (17)
Onde: Casa da Ribeira
Horários:
19h (com recursos de acessibilidade) e 19h30 seguida de bate-papo.
Entrada Gratuita

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