Manoel Pedro Tavares de Souza, o padrasto de Rhavy Abraão Alves de Lima preso sob a suspeita de ter envolvimento com a morte do menino de dois anos, no bairro Riacho Doce, em Maceió, foi ouvido pelo delegado Emanuel Rodrigues, que está à frente do caso, logo depois da detenção em flagrante na terça-feira (13). O TNH1 obteve, na manhã desta quinta (15), o vídeo do depoimento do jovem de 23 anos, principal suspeito das agressões.
Veja:
A Justiça já converteu a prisão de Manoel Pedro em preventiva na quarta-feira (14), depois do magistrado considerar o tipo de violência praticada contra o menino e a gravidade do crime.
Abaixo, você confere o diálogo entre delegado e suspeito:
PADRASTO DE RHAVY ABRAÃO: “O que aconteceu foi que, entre as 9h e as 9h40 da manhã, acordei com o filho mais velho, de seis anos, me chamando porque o mais novo, o Rhavy Abraão, estava no chão e desacordado. Ele chamava e ele não estava acordando. E ele também disse que estava sem respirar. Foi quando decidi ir averiguar e realmente estava assim. Se encontrava no chão e sem respirar. Aí tive que emborcar ele, vi que a fisionomia dele estava fora do normal e pus ele na cama. Abri o casaco dele e comecei a fazer com que a pulsação dele voltasse, mas não voltou, e respiração boca a boca. Aí quando vi que ele não ia voltar, liguei imediatamente para a mãe dele, que se encontrava na casa da irmã, depois da academia. Nisso, ela já veio, procurou chamar o Uber, mas estava demorando. E nesse momento a viatura da Polícia Militar estava passando, ela foi, chamou e perguntou se eles poderiam levá-la até lá [casa]. Aí ela chegou com a viatura lá”.
DELEGADO: Que horas ela saiu de casa?
PADRASTO DE RHAVY ABRAÃO: Ela saiu entre as 6 e as 7 horas.
DELEGADO: E o horário que você ligou para ela avisando?
PADRASTO DE RHAVY ABRAÃO: Eram 10 horas da manhã.
DELEGADO: Quando você verificou a respiração dele, já percebeu que ele estava em óbito?
PADRASTO DE RHAVY ABRAÃO: Isso. Já percebi que ele já estava ficando frio e pálido.
DELEGADO: Conversei com a genitora, e ela relatou que na noite anterior deu um banho nele e não encontrou nenhum hematoma nele, então não tinha marca de lesão na lateral, nem na barriga dele, nem nas costas […] Quando a ela foi para o médico legista, foi constatado que ela tinha uma equimose, uma pancada que deu uma infiltração hemorrágica, de 12 por 8 centímetros, ou seja, uma pancada grande e violenta que ela levou nas costas. Você chegou a verificar a lesão nessa criança?
PADRASTO DE RHAVY ABRAÃO: A única coisa que eu vi, de hematoma, é que estava do lado direito da costela uma mancha roxa.
DELEGADO: A sua esposa disse que deu banho nele e não tinha hematoma nenhum. Na cabeça dele, o médico legista também encontrou umas equimoses, de pancada…
PADRASTO DE RHAVY ABRAÃO: Não deu para ver.
DELEGADO: O senhor, por alguma vez, já agrediu ou corrigiu as crianças de alguma forma?
PADRASTO DE RHAVY ABRAÃO: Não chegava a esse ponto. Não corrigia as crianças nem verbalmente, nem fisicamente.
DELEGADO: A sua esposa agredia as crianças?
PADRASTO DE RHAVY ABRAÃO: Também não.
O pequeno Rhavy Abraão foi encontrado morto com marcas de violência dentro da residência da família na terça-feira (13). O padrasto dele foi detido horas depois, após a polícia realizar os primeiros levantamentos do crime. O caso está na 7ª Vara da Capital.
Polícia diz que corpo da criança apresentava sinais de violência
Segundo o delegado Emanuel Rodrigues, que investiga o caso, o corpo da criança apresentava sinais de violência e o padrasto não soube explicar as circunstâncias da morte. A polícia descarta morte natural e afirma que o menino morreu de forma violenta, atingido por um objeto contundente.
“Pelo laudo médico legista, a lesão foi causada no dia. Quando fomos acionados, a criança estava começando a ficar fria. Uma morte extremamente violenta, havia lesões de equimose [causadas pelo extravasamento de sangue dos vasos sanguíneos para os tecidos] nas costas e na cabeça”, disse a autoridade policial.
Informações da mãe à polícia foram fundamentais para a prisão do padrasto do menino, de acordo com o delegado. “Ela comentou que na noite anterior a criança estava bem e não apresentava nenhuma marca no corpo. A mulher mesmo constatou que na noite anterior não havia lesão. Ele [o padrasto] estava sozinho e relatou que encontrou a criança morta”, informou Rodrigues.
Conforme o delegado, a princípio, a mãe não teve participação na morte da criança, mas as investigações ainda continuam.
O homem preso já respondeu por tentativa de homicídio quando era menor de idade e também teve envolvimento com o tráfico de drogas. “Com relação a ele, tudo indica que ele é o autor desse crime”, afirma o delegado sobre o padastro.