Uma professora brasileira enfrenta acusações falsas na Itália após seu ex-namorado italiano alegar que ela integra uma organização criminosa que supostamente parte de um culto satânico em que mulheres engravidam de europeus para obter pensão alimentícia. O caso foi revelado em reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, transmitida na noite de domingo (11 de maio).
O relacionamento entre a professora Barbara Zandômenico Perito e o advogado italiano Nunzio Bevilacqua começou em 2021, em Santa Catarina, quando ele se matriculou em um curso ministrado por ela. Após cinco meses de convívio, enquanto já mantinham um relacionamento, a brasileira descobriu a gravidez durante uma viagem.
Inicialmente, segundo a professora, o italiano demonstrou satisfação com a notícia da gravidez, mas insistia para que ela se mudasse para Roma. Quando ela decidiu permanecer no Brasil para ficar próxima da família, o ex-companheiro “não aceitou muito bem” a decisão.
Situação escala
A situação se agravou quando o empresário propôs se ausentar completamente da vida da criança. “Ele me ligou um dia perguntando se tudo bem se ele não participasse da criação dela, não registrasse e não ajudasse financeiramente. Eu falei: ‘Isso aqui não está certo. A gente precisa fazer o que é certo: registrar, acertar a convivência, acertar a pensão'”, relatou a brasileira em entrevista ao Fantástico.
A partir desse momento, Bevilacqua começou a disseminar na imprensa de seu país alegações sobre uma suposta organização criminosa brasileira. Em entrevistas, chegou a afirmar que a gravidez de Barbara “seria fruto de orgias e ritos satânicos brasileiros que alimentavam uma fábrica de crianças sobrenaturais para lucro com pensões alimentícias”.
Mesmo após um teste confirmar sua paternidade, o advogado solicitou um segundo exame, pedido negado pela Justiça. Diante da negativa judicial, ampliou suas acusações, incluindo em sua narrativa membros do Ministério Público de Santa Catarina, grupos religiosos, médicos, políticos e familiares da brasileira.
Posicionamento
“Ele criou uma narrativa como se no Brasil tudo fosse possível”, afirmou Barbara. Segundo ela, o ex-namorado alega existir uma “seita religiosa, que é uma organização criminosa, em que as mulheres engravidam de um santo por meio de uma fertilização. Ou seja, todas as crianças são filhas do mesmo santo, do mesmo guru. E, depois de dois anos, se a gente não alcança o objetivo, as crianças são vendidas”.
Em sua defesa, a brasileira declarou: “Eu não faço parte de seita nenhuma. Não existiu golpe de nenhum tipo. Existia um relacionamento que não deu certo e, desse relacionamento, existe uma criança — que é saudável, minha filha, filha dele, que vive e está aí. É isso que existe nessa história”.
A equipe jurídica de Barbara busca responsabilização criminal contra o italiano por calúnia, difamação e perseguição. No início de maio, ela obteve medidas protetivas que proíbem o ex-namorado de se aproximar dela e de seus familiares, além de vetar qualquer forma de contato. Bevilacqua, que ainda não reconheceu a paternidade, não se manifestou sobre o caso.