O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Norte (Crea-RN), Roberto Wagner, afirmou que a ponte de Igapó, na Zona Norte de Natal, atingiu nível de risco estrutural semelhante ao da ponte que desabou na divisa entre Tocantins e Maranhão. Segundo ele, a classificação feita pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) aponta que a estrutura estava no nível 2 de criticidade, em uma escala de 1 a 5 — sendo 5 o nível de uma ponte nova e segura.
A queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, no Norte, aconteceu em dezembro do ano passado. Conforme o DNIT, houve uma recuperação estrutural entre os anos de 1998 e 2000, mas passados mais de 20 anos, ainda eram necessários reparos.
“A ponte, são duas pontes na verdade, uma construída há 40 anos, outra mais recente, e o que acontece é que essas pontes não tinham manutenção”, disse Roberto Wagner durante entrevista à Rádio 91 FM, nesta segunda-feira 12. Ele explicou que o Crea não fiscaliza a qualidade das obras, mas sim o exercício legal da profissão. “O Crea não atesta a qualidade da obra. Nós exigimos que o profissional habilitado exerça na plenitude a sua atividade.”
Roberto relatou que visitou a ponte de Igapó acompanhado por membros da Câmara Especializada de Engenharia Civil do Crea e se surpreendeu com a complexidade dos reparos. “A reparação foi feita debaixo da ponte. A maré dificultou. A maré sobe e desce, e na hora da subida, dificulta. O trabalho tem que ser suspenso devido ao horário da maré”, explicou.
Segundo o presidente, os engenheiros envolvidos na obra relataram que o “nível de criticidade da ponte é o mesmo da ponte que ruiu na divisa do Tocantins com o Maranhão”. Ele afirmou que a situação se agravou pela ausência de manutenção preventiva. “Falta de planejamento, e a falta, digamos assim, de entendimento entre o ente federal e o ente municipal”, comentou.
Em 31 de janeiro, o Crea-RN enviou ofício cobrando planos de manutenção ao DNIT, Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Prefeitura de Natal e Prefeitura de Mossoró. “O nosso intuito é provocar estes entes sobre a necessidade de intervir. O DNIT foi o único que respondeu”, afirmou. Segundo ele, o CREA não tem poder de embargo, mas encaminha as denúncias que recebe para a Defesa Civil. “A responsabilidade de manter esses equipamentos é do poder público. A nossa preocupação é o risco, é o colapso.”
Roberto Wagner também anunciou o lançamento do “Crea Hub”, previsto para quinta-feira 15, às 18h, na sede do conselho. O serviço tem o objetivo de conectar profissionais, empresas, instituições e estudantes. “Estamos criando um ambiente propício que se interligue e consiga ter oportunidades para quem tem necessidade e para quem tem soluções. Conseguimos agora um regime especial onde haverá a possibilidade do profissional formalizar a sua empresa com o endereço fiscal do CREA.” Segundo ele, o site crea-rn.org.br reúne as informações sobre o projeto.
Reparos na Ponte de Igapó devem ser concluídos em maio

As obras da Ponte de Igapó, sobre o Rio Potengi, têm previsão de liberação total para o tráfego em maio de 2025, conforme o Departamento Nacional de Infraestrura e Transportes (DNIT). O cronograma está dentro do previsto e o orçamento, antes em R$ 20 milhões, chegará a R$ 30 milhões, segundo o órgão.
Os serviços de recuperação na base ponte estão acontecendo desde 12 de setembro de 2023 e tiveram orçamento inicial de cerca de R$ 20,8 milhões. Com previsão inicial de conclusão para janeiro de 2025, o projeto sofreu alterações e a perspectiva do DNIT é de que a travessia seja totalmente liberada em maio de 2025, atingindo uma duração de 20 meses.
As intervenções fazem parte do projeto de execução das obras de reabilitação da Obra de Arte Especial (OAE), no âmbito do Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas (PROARTE), viabilizadas com Orçamento Geral da União. Todo o complexo está sendo restaurado, abrangendo desde as fundações até a superestrutura que é composta por faixas de rolamento, passeios de pedestres, juntas de dilatação, entre outros.
O projeto inclui a restauração e o reforço de estacas, blocos e pilares; demolição de estruturas deterioradas; substituição asfáltica e de aparelhos de apoio; reforço de vigas, recuperação de barreiras de refúgio da ponte ferroviária e da passagem dos pedestres e guarda-corpos, dentre outros. A Ponte de Igapó, com 600 metros de extensão, nunca havia passado por uma reparação desde a construção de suas duas partes – uma em 1970 e outra em 1985.
Na reestruturação está sendo implantada também uma estrutura cicloviária, em conformidade com a legislação vigente, garantindo maior acessibilidade e segurança aos ciclistas. De acordo com o DNIT, essas intervenções são essenciais para a revitalização de um dos principais eixos de mobilidade da cidade, que atende um volume de tráfego de aproximadamente 70 mil veículos diariamente, e é fundamental para a integração viária da região metropolitana de Natal.