Putin exibe pela primeira vez drones usados contra Ucrânia e caças, em desfile com Lula e Xi

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, usou o desfile militar de celebração dos 80 anos do fim da 2ª Guerra Mundial para exibir seu poderio bélico empregado na guerra na Ucrânia e reforçar laços políticos. Segundo o Kremlin, a parada militar do Dia da Vitória expôs pela primeira vez quatro tipos de drones disparados contra a Ucrânia, inclusive modelos de ataque suicida.Os presidentes da China, Xi Jinping, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, foram as lideranças globais de maior destaque na festividade de Putin e assistiram ao desfile dos armamentos na Praça Vermelha. Ao menos 23 chefes de Estado e de governo compareceram, dos cerca de 30 previstos, conforme registros oficiais – parte deles mandou representantes. Em sua maioria, apareceram líderes da Ásia, da África e de ex-repúblicas soviéticas simpáticos a Putin. Das Américas, apenas Lula e os ditadores da Venezuela, Nicolás Maduro, e de Cuba, Miguel Díaz-Canel.Lista de veículos aéreos não tripulados exibidos pela primeira vez no desfile militar russo:- Drone Zala Lancet-51 e Zala Lancet-52 transportado em caminhão Kamaz- Drone Orlan-10 e Orlan-30- Drone Geran-2 (origem iraniana Shahed)- Drone HarpiaA Ucrânia afirma que parte desses drones atingiram infraestrutura civil no país, que a Rússia nega atingir deliberadamente. A apresentação oficial da TV russa afirmou que os drones vem sendo largamente usados, de forma efetiva, na Ucrânia, para reconhecimento aéreo, ataque de fogo e eliminação de blindados inimigos.A Presidência da Federação Russa disse que desfilaram a pé 55 unidades militares, com mais de 11,5 mil soldados na Praça Vermelha – cerca de 1,5 mil deles participaram de combates na Ucrânia – a invasão é chamada na Rússia de “operação militar especial”.A coluna mecanizada, que desfilou na segunda parte da parada, foi aberta pelo tanque histórico T-34 e carros de artilharia SU-100. Os blindados Tiger-M e VPK-Ural, bem como ambulâncias blindadas Linza.As forças russas expuseram ainda veículos de reconhecimento de combate BRM-1K, veículos blindados de transporte de pessoal BTR-82A, veículos de combate de infantaria BMP-2M, veículos de combate aerotransportados BMP-3, Kurganets-25, BMD-4 e BTR-MDM Rakushka, e tanques T-72BZM, T-80BVM e T-90M Proryv. Houve ainda a passagem diante dos líderes dos sistemas de artilharia autopropulsada, sistemas de mísseis de alta precisão Iskander-M, sistema de mísseis antiaéreos S-400 Triumph e lançadores de mísseis Yars.No encerramento do desfile, o poder aéreo russo voltou ao centro das atenções, com a passagem não apenas de aviões de transporte, mas com o sobrevoo de caças Mig-29 e principalmente o Sukhoi, nas versões 25 e 30.Por causa do conflito em si, no entanto, a parada vem sendo menor do que antes, já que os equipamentos estão desdobrados em terreno ucraniano e na fronteira. E muitos foram destruídos. Em recente artigo, a revista The Economist classificou a redução no tamanho como um sinal de fraqueza e citou dados que mostram uma queda nos equipamentos militares exibidos entre 2021 e 2024. Foram 2000 veículos há quatro anos e 912 no ano passado.Como era esperado, Putin fez da comemoração de vitória na 2ª Guerra Mundial um palanque para seus argumentos e recados sobre a guerra na Ucrânia. Da tribuna, mandou recado direto em apoio aos militares russos no campo de batalha.O governo de Volodmir Zelenski protestava justamente pelo fato de líderes estrangeiros atenderem ao convite de Putin para o que se transformaria numa plataforma do que chama de propaganda russa.Sem aceitar a proposta de cessar-fogo de 30 dias combinada entre Estados Unidos e Ucrânia, Putin decretou três dias de cessar fogo unilateral, o que coincidiu com as festividades em Moscou. Zelenski chamou a decisão de teatral.No fim, a promessa foi quebrada e nos três dias que antecederam a celebração ataques de drones ucranianos contra Moscou levaram ao fechamento do espaço aéreo russo e ao caos em aeroportos, afetando cerca de 60.000 passageiros e 350 voos.Mesmo líderes estrangeiros, como o premiê eslovaco Robert Fico e o presidente sérvio Aleksander Vucic, tiveram dificuldades em chegar. Países europeus próximos e que estava na rota negaram sobrevoo, segundo a imprensa local. A União Europeia havia recomendado que eles não fossem a Moscou.O presidente russo abraçou generais de outros países ao fim do desfile, em agradecimento à colaboração militar. Ele também homenageou combatentes e veteranos. Marcharam na parada unidades de Azerbaijão, Belarus, Casaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Usbequistão, Vietnã, Egito, China, Laos, Mongólia e Mianmar.O comandante em chefe da Força Terrestre, general de Exército Oleg Salyukov, liderou a parada, encerrada com a revista da tropa pelo ministro da Defesa, Andrei Belousov.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.