Países têm os 6º e 7º maiores estoques do mundo
A tensão crescente entre Índia e Paquistão após o novo ataque na região da Caxemira reacende o alerta internacional sobre o risco de um confronto entre duas potências nucleares. Segundo dados da Federação de Cientistas Americanos (FAS), a Índia detém atualmente 180 ogivas nucleares, enquanto o Paquistão possui 170. Os dois países figuram entre os maiores detentores de armamentos atômicos do planeta, ocupando, respectivamente, o 6º e o 7º lugares no ranking global.
No entanto, todas as ogivas de ambos os países são classificadas como “em reserva” ou “não implantadas”, ou seja, armazenadas e não posicionadas em lançadores prontos para uso imediato. Ainda assim, especialistas alertam que a escalada contínua de hostilidades pode tornar o cenário mais perigoso.
Crescimento regional e doutrinas nucleares distintas
Apesar de seus arsenais menores quando comparados a superpotências como Estados Unidos e Rússia — que juntos concentram 84% das armas nucleares do mundo — Índia e Paquistão vêm gradualmente aumentando suas capacidades. A FAS aponta que, além deles, países como China, Coreia do Norte e Reino Unido também seguem ampliando seus estoques.
A Índia adota uma doutrina de “não uso inicial” (First No Use), segundo a qual o país só usaria armas nucleares em resposta a um ataque semelhante. Já o Paquistão mantém uma política mais flexível, com foco na dissuasão e no uso de armas de curto alcance para se proteger de ofensivas convencionais indianas.
Especialistas avaliam risco como baixo — por ora
Segundo a pesquisadora Michelly Geraldo, especialista em política nuclear, a chance de uso de armamento atômico segue considerada baixa neste momento. “Ambos operam sob dissuasão mútua, mas uma escalada persistente aumenta o risco de se ultrapassar o limiar nuclear, mesmo com armas táticas”, afirma.
Para o professor Vitelio Brustolin, da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador de Harvard, o atual contexto econômico do Paquistão também reduz a probabilidade de um confronto nuclear. Ele aponta que o país enfrenta dificuldades agravadas por eventos climáticos extremos relacionados ao aquecimento global.
Conflito armado se intensifica na Caxemira
O novo episódio de violência ocorreu nesta quarta-feira (7), quando um ataque da artilharia paquistanesa no distrito de Poonch, em território controlado pela Índia, deixou dezenas de mortos e feridos. A ofensiva foi uma retaliação aos ataques indianos realizados no dia anterior contra nove alvos paquistaneses. O governo indiano nega ter causado mortes de civis, enquanto o Paquistão afirma o contrário.
A região da Caxemira, localizada na cordilheira do Himalaia, é disputada por Índia e Paquistão desde 1947, ano da independência de ambos do Reino Unido. A disputa territorial já motivou três guerras entre os dois países e segue sendo o principal ponto de tensão bilateral.
Terrorismo e impactos diplomáticos
No último dia 22 de abril, um ataque a tiros contra turistas em um resort da região, na cidade de Pahalgam, resultou na morte de 26 pessoas, a maioria indianos. O atentado foi atribuído a um grupo até então desconhecido, chamado “Resistência da Caxemira”. O governo indiano acusou o Paquistão de envolvimento, o que foi negado por Islamabad.
Em resposta, o Paquistão fechou seu espaço aéreo para voos indianos, cancelou vistos e suspendeu relações comerciais com o vizinho. Mais de 50 voos foram cancelados por companhias aéreas da Ásia.
ONU pede contenção
Diante da deterioração da situação, as Nações Unidas pediram “máxima contenção” aos dois países, para evitar que o conflito se agrave. Apesar do momento tenso, analistas concordam que a dissuasão nuclear continua sendo um freio importante para impedir um confronto direto entre as duas nações mais armadas da Ásia Meridional.
fonte: G1
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