A população dos municípios de Marabá e São João do Araguaia foi convidada para participar da 10ª edição do Desafio Mundial da Natureza Urbana, realizada pelo Museu Tauari, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). O evento, inédito nas cidades, busca incentivar a observação e o registro da biodiversidade local através da ciência cidadã.
De acordo com Danilo Oliveira, doutor em Biologia Animal, cientista, taxonomista e coordenador do projeto, qualquer pessoa pode participar, basta fotografar plantas, animais ou fungos, ou gravar os sons de animais. Os registros podem ser feitos até a meia-noite desta segunda-feira, 28 de abril de 2025 e, posteriormente, enviados para uma plataforma online até o dia 4 de maio.
A iniciativa conta com o apoio logístico e financeiro da Tecnored, que está auxiliando no transporte de crianças para as atividades e fornecendo itens para a premiação em três categorias: maior número de registros, maior número de identificações e maior número de espécies registradas.

“Esses dados ficam disponíveis para consulta de qualquer pessoa e também são utilizados por cientistas, como eu, para gerar novo conhecimento científico. Essa plataforma utilizada no desafio é considerada a maior base de dados sobre biodiversidade do mundo, alimentada por informações da ciência cidadã”, explica Danilo Oliveira.
A atividade de visita à Fundação Zoobotânica de Marabá no domingo, 27, proporcionou aos alunos da Escola Municipal João XXIII, localizada na Vila Café, zona rural de Marabá, a oportunidade de explorar e registrar a biodiversidade presente no Parque Zoobotânico, revelando olhares atentos e apaixonados pela natureza.
Aos 14 anos, Gabriel dos Anjos Martins, aluno do 9º ano, demonstrou sua paixão pela natureza e pela fotografia. “Eu sou fanático pela natureza desde pequeno, porque sempre vivi na zona rural, na roça. Peguei uma paixão. Acho muito bonita a natureza, os animais, as plantas, porque são esplêndidos. Se a gente for parar pra ver a natureza é algo lindo”, expressou Gabriel com muito entusiasmo.
O jovem fotógrafo também compartilhou suas observações sobre a riqueza natural de sua comunidade: “Lá na Vila fotografei plantas nativas, mato, que se a gente passar e não prestar atenção, nem vê. Acabei tirando fotografias lindas e muita gente falou até que eram plantas de plástico”, disse ele, ressaltando que no Parque da FZM seu foco foi fotografar os animais.
Maria Eduarda Alves Gomes, de 15 anos, estudante também do 9º ano, já conhecia o Parque Zoobotânico, mas vivenciou uma nova experiência ao fotografar a fauna local para o projeto. “As araras são muito lindas, para fotos fica muito bonito. Achei muito interessante fotografar elas e o tucano”, compartilhou a estudante.
A diretora da Escola João XXIII, Jânia Cristina da Silva, destacou a importância da parceria com a Tecnored, que possibilitou essa experiência enriquecedora para os alunos. “Temos esse apoio e graças a Deus temos esses momentos que eles nos proporcionam. É muito gratificante quando você traz alunos para conhecer um novo mundo, participar de novas experiências”, afirmou a diretora. Ao todo, 21 alunos, do 6º ao 9º ano, participaram da atividade, que contou com um treinamento prévio sobre o projeto.

O professor Danilo Oliveira, coordenador do projeto na Unifesspa, ressalta ainda sobre os benefícios do projeto para a gestão ambiental local, dando o exemplo do Parque Zoobotânico de Marabá, onde os registros estão sendo feitos por crianças, que estão fotografando não só os animais em cativeiros, mas também plantas e insetos do local. “Isso já serve como um acervo e um guia de campo das espécies que ocorrem nesse ambiente”, destacou.
Na última sexta-feira, 25, uma ação semelhante foi realizada no Parque João Anselmo, localizado na comunidade de Murumuru, em Morada Nova, onde foram feitos mais de 200 registros. “Esse é o primeiro levantamento taxonômico, utilizando a ciência cidadã, das espécies que ocorrem no Parque, de forma gratuita e sem nenhum impacto na biodiversidade, já que fazemos apenas registros fotográficos”, completa Oliveira.
O coordenador do projeto enfatiza a importância de envolver as crianças na compreensão da biodiversidade, especialmente no contexto atual de crise ambiental, mudanças climáticas e a proximidade da COP 30, que acontecerá em Belém no mês de novembro deste ano.
Nesta segunda-feira, 28, a última atividade do projeto acontece na Praia do Tucunaré, com os alunos da Escola Municipal Pedro Peres Fontenelle.
(Ulisses Pompeu e Ana Mangas)
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