Leia Também:
Mito de que pessoas pretas não têm câncer de pele afeta diagnóstico e casos avançam
Estudo investiga cura para o câncer de pele
Primeira vacina contra o câncer de pele é testada no Reino Unido
A inteligência artificial tem sido aplicada em softwares capazes de analisar imagens de lesões cutâneas com altíssima resolução, cruzando informações com vastos bancos de dados dermatológicos. Isso permite identificar padrões de malignidade e sugerir, com alto grau de confiabilidade, a necessidade de biópsia ou intervenção precoce.Segundo Sanchez, em menos de 1 minuto, o algoritmo analisa as imagens e dá possíveis diagnósticos. “Nos diz que a probabilidade de ser câncer de pele, um melanoma, é de 60%. A probabilidade de ser um carcinoma basocelular é de 30%, por exemplo”, explica o especialista. “A IA não vai substituir o médico, vai nos tornar mais eficientes. Isso beneficia o paciente, que terá diagnóstico mais preciso e rápido”, reitera.O argentino Gastón Galimberti, referência em cirurgia de Mohs — considerada a mais eficaz para o tratamento de determinados tumores de pele —, destacou que a IA também tem papel fundamental no mapeamento de áreas de risco e no acompanhamento de pacientes com histórico familiar ou predisposição genética.A importância da prevençãoAlém dos avanços tecnológicos, os especialistas reforçaram que a prevenção ainda é a melhor estratégia contra o câncer de pele. Isso inclui uso diário de protetor solar, mesmo em dias nublados, evitar exposição solar prolongada, principalmente entre 10h e 16h, e fazer visitas regulares ao dermatologista.De acordo com Galimberti, é essencial estar atento aos sinais de alerta. “Lesões que não cicatrizam, sangram espontaneamente, ou surgem de forma repentina, especialmente em adultos com histórico pessoal ou familiar de câncer de pele. Pacientes com fototipos muito claros, múltiplas queratoses actínicas (lesões precursoras de câncer de pele causada pela exposição solar), grande número de nevos (aglomerados de melanócitos – células que produzem pigmento) ou que passaram por transplantes devem manter vigilância rigorosa com o dermatologista”, enfatiza.Para o médico baiano Paulo Barbosa, presidente do congresso realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), o encontro em Salvador simboliza um momento importante para ampliar o acesso ao conhecimento e reforçar práticas seguras de cuidado com a pele.“Estamos discutindo aqui os rumos da dermatologia com alguns dos maiores nomes do mundo. Salvador, com sua diversidade e representatividade, é o cenário ideal para propagar essas mensagens de saúde pública. Precisamos, inclusive, desmistificar a ideia de que negros não precisam de proteção solar, embora seja mais raro nessa população”, afirmou.Pela primeira vez tendo como tema central “Pele Étnica e Cirurgia Dermatológica”, o congresso reúne mais de 3 mil profissionais do Brasil e do exterior e promove atualizações sobre temas como câncer de pele, laser, estética, cosmiatria, inclusão e inovação na medicina dermatológica.